Dez em cada 100. Essa é a proporção de habitantes do Espírito Santo que têm diploma universitário. Isso significa que dos mais de 2,5 milhões de capixabas com mais de 25 anos, só 391 mil terminaram o ensino superior. Os dados seguem uma tendência nacional mas o cenário preocupa especialistas: a obtenção do diploma de graduação ainda é um gargalo no país e isso demonstra a desigualdade de oportunidades entre os grupos socioeconômicos. Os números fazem parte de um levantamento feito pelo G.dados, o grupo de jornalismo de dados de A Gazeta, que projetou a realidade demográfica do Espírito Santo em 100 pessoas. (Veja vídeo abaixo)
"A falta do diploma do ensino superior acaba afastando pessoas de empregos com melhores remunerações e, consequentemente, da possibilidade de prosseguir, de buscar condições melhores na vida. Com isso, as melhores oportunidades acabam ficando sempre para um grupo menor de pessoas, que já têm essas condições", avalia a doutora em Educação e professora da Ufes Cleonara Schwartz.
Segundo um estudo do IGBE e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicado no fim do ano passado, no Brasil, quem tem diploma universitário ganha mais que o dobro de quem não tem.
Para a especialista, o desafio começa no ensino médio, quando muitos jovens ou nem iniciam ou acabam abandonando no meio do caminho. Aqueles que conseguem terminá-lo ainda têm que enfrentar outro desafio, que é arcar com os custos de um curso superior. "Estudar em uma universidade ou faculdade tem um custo, mesmo que a instituição seja pública. Ainda que tenha havido aumento da oferta de vagas e preços de mensalidades mais acessíveis, isso não é suficiente para manter o jovem estudando. Seria necessário que o aluno tivesse alguém na 'retaguarda', subsidiando essa condição. Se o contexto socioeconômico dele não permite isso, ele não faz ", diz.
A solução, segundo a professora, é que o governo invista em políticas econômicas e sociais para garantir a subsistência das famílias e dos jovens para que eles consigam continuar estudando. "Quem perde é a sociedade, que acaba tendo corpo de profissionais que vai atuar sem formação ampla que garanta capacidade de acompanhar as demandas do mercado", destaca.
O vídeo com realidade demográfica reduzida foi feito por A Gazeta após um levantamento realizado a partir de bases de dados como a do Censo 2010, a da Pnad Contínua, a da Justiça Eleitoral e de outras que têm informações sobre os capixabas para criar uma representação proporcional do Estado: como seria se o Espírito Santo tivesse apenas 100 pessoas? Todos os números são projeções aproximadas feitas a partir dos números reais mais atualizados disponíveis.
A ideia é que o leitor conheça o Estado onde vive de forma simplificada, entenda-o a partir dessa centena. O vídeo é baseado no projeto 100 People: a World Portrait (em tradução livre, "100 Pessoas: Um Retrato do Mundo"), que há anos discute o mundo representando toda a população vivendo em uma pequena vila com 100 habitantes. O projeto original é para auxiliar estudantes a compreenderem o mundo: é possível entender o planeta, que tem 7,5 bilhões de habitantes, em 100 pessoas.
É o grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta, que tem como objetivo qualificar e ampliar a produção de reportagens baseadas em dados na Redação A Gazeta/CBN. O jornalismo de dados é o processo de descobrimento, coleta, análise, filtragem e combinação de dados com o objetivo de construir histórias. É mais uma ferramenta para reforçar e embasar a produção de notícias.
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