Dos 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dez mudaram de nome nos últimos quatro anos. As ações são para buscar uma melhor percepção do eleitorado ou até atrair lideranças políticas para os seus quadros, situação vivida pelo mais novo integrante dessa lista, o PMB. Tentando filiar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o antigo Partido da Mulher Brasileira foi rebatizado de Brasil 35.
A alteração no PMB ainda depende de autorização do TSE. Nos últimos anos outras nove siglas já conseguiram fazer essa mudança. Nesse grupo, o primeiro a ter um nome novo foi o atual Podemos, que, em 2017, deixou de ser PTN (Partido Trabalhista Nacional). No mesmo ano o Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) se transformou em Avante.
Em 2018, ano de eleições, mais quatro partidos foram rebatizados. Na expectativa de atrair Jair Bolsonaro para disputar o cargo de presidente da República, o Partido Ecológico Nacional (PEN) virou Patriota. No entanto, a legenda acabou sendo preterida pelo então deputado federal, que optou pelo PSL para ser candidato.
O Patriota voltou a ser um dos possíveis destinos de Bolsonaro para disputar a reeleição em 2022. Depois de divergências internas, o presidente deixou a sigla pela qual foi eleito ainda no primeiro ano de mandato e ainda não foi para nenhum partido. Além de Patriota e Brasil 35, Democracia Cristã (DC) e PRTB também negociam a adesão do chefe do Executivo.
Também em 2018, a legenda com mais filiados do país mudou de nome. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) voltou para sua sigla original, MDB, perdendo o "P". Movimento Democrático Brasileiro era o nome da agremiação antes de 1980.
No mesmo ano o Partido Progressista (PP) virou Progressistas e o Partido Social Democrata Cristã (PSDC) ficou apenas Democracia Cristã (DC).
No ano seguinte, mais uma leva de siglas conseguiu a autorização para trocar de nome. Os casos mais recentes de mudança são do Republicanos, ex-Partido Republicano Brasileiro (PRB), Cidadania, ex-Partido Popular Socialista (PPS), e Partido Liberal (PL), ex-Partido da República (PR).
Na maioria dos casos a palavra "partido" virou o principal alvo na modernização das siglas nessas mudanças. Enquanto algumas optaram apenas por deixar de lado o “P”, outras preferiram uma mudança mais significativa, levando ideais para a nomenclatura da legenda, exemplo de Avante, Cidadania e Podemos.
O consultor de marketing político Darlan Campos lembra que antes dessa explosão nas mudanças de nomes, o atual Democratas antecipou o movimento e fez uma alteração em 2017. O partido, que é um dos mais tradicionais do país, abandonou o nome Partido da Frente Liberal (PFL).
O consultor afirma que, em função do tempo da mudança, o eleitor parece já ter se acostumado com o DEM e o movimento se mostrou bem-sucedido.
Sobre as atuais mudanças o consultor aponta que a crise política, que fez com que muitos eleitores perdessem a confiança nas legendas tradicionais, foi a principal motivação para tantas alterações em um curto período. O especialista destaca que com o fortalecimento da Operação Lava Jato, que viveu seu auge a partir de 2016, os partidos sentiram uma urgência para mudar esse sentimento de desconfiança.
“Pressionadas, as siglas precisaram de algumas estratégias para diminuir esse processo de desgaste. Então algumas optaram por buscar essas mudanças de nomes e visuais”, destaca Campos.
O especialista ressalta também que não é possível mensurar se essas mudanças mais recentes surtiram qualquer tipo de efeito para a população.
Apesar do esforço das legendas em apresentar uma cara nova, o consultor aponta que para o eleitor essas mudanças surtem pouco efeito, tornando-se uma questão mais superficial. Darlan Campos lembra que, apesar da alteração de marca, as estruturas e lideranças permanecem as mesmas.
A opinião é compartilhada pelo cientista político Humberto Dantas. Ele aponta que os movimentos são muito imediatistas e pouco expressivos e questiona se quando o país passar por um novo clima político teremos uma nova onda de mudanças de nome. “O curioso é que não se tenta melhorar a condição de partido, mas negar a condição de partido. Acredito que isso é uma estratégia de marketing muito pouco sustentável”, pondera.
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