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Discursos violentos de políticos podem chegar às ruas no ES, alerta ONG

Discursos violentos de políticos podem chegar às ruas no ES, alerta ONG

Transparência Capixaba é uma das 71 entidades da sociedade civil a assinar manifesto contra a violência política, após escalada das tensões no país, que inclui o assassinato de um militante petista no último fim de semana

Publicado em 12 de julho de 2022 às 12:58

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Urna - confirma
Mais de 70 entidades assinam manifesto por elieções pacíficas. (Carlos Alberto Silva)

A escalada da violência política no país também contamina as discussões e o cenário eleitoral no Espírito Santo. Na avaliação do secretário-geral da ONG Transparência Capixaba, Rodrigo Rossoni, discursos violentos praticados por políticos nas redes sociais e até mesmo na tribuna das câmaras e da Assembleia Legislativa promovem um cenário de incentivo ao tensionamento que pode rapidamente chegar às ruas.

“O que a gente tem visto no Espírito Santo, especialmente na Capital, é essa lógica de agressividade, de incentivo à violência, porque isso gera engajamento do eleitor, do público. Mas os políticos se esquecem de que nem sempre esse engajamento é racional. Nem sempre as pessoas estão dispostas a encerrar a discussão e podem passar para a agressão”, argumenta Rossoni.

A Transparência Capixaba é uma das 71 organizações da sociedade civil do país a assinar uma nota contra a violência política no Brasil. O documento enfatiza que a escalada desse tipo de violência, se não contida imediatamente, pode prejudicar a realização de eleições pacíficas e afetar a estabilidade social após o pleito, colocando em risco a sobrevivência da democracia. (LEIA NA ÍNTEGRA NO FINAL DA MATÉRIA)

A nota relembra casos recentes que aconteceram em vários pontos do país e que são evidências do momento atual de tensionamento. No Estado, Rossoni aponta ainda, como sinal desse aumento da violência, os constantes ataques sofridos pelas vereadoras da Câmara de Vitória. Por suas posições políticas e ideológicas, elas muitas vezes são impedidas de se manifestar ou tratadas com desrespeito.

“Nós vemos na Câmara um discurso de ódio contra minorias políticas, um discurso misógino, machista, racista, e que reproduz essa lógica que vigora no país desde 2016 e que não tem a ver com polarização política. É simplesmente discurso de ódio", diz.

A Transparência e as demais organizações signatárias da nota contra a violência política apelam para que os líderes políticos, principalmente aqueles de oposição ao atual governo, se unam para defender a democracia.

“Também é de responsabilidade da sociedade civil organizada, das instituições democráticas, do sistema judicial e da imprensa se posicionar de maneira firme em defesa da democracia de forma irretocável. Não podemos nos afastar da defesa do nosso sistema eleitoral e judicial. Devemos refutar de forma clara e com firmeza essas declarações falsas que vêm do Executivo e que também são reproduzidas no nosso Legislativo”, aponta o secretário-geral da entidade.

Violência política mata: por uma democracia livre de ódio

As organizações da sociedade civil aqui subscritas vêm a público repudiar a escalada da violência política observada no período recente. Se não contida imediatamente pelas autoridades competentes e combatida firmemente pelos democratas das mais variadas matizes ideológicas, a violência prejudicará a realização de eleições pacíficas e seguras e afetará a estabilidade social no período pós eleitoral e a sobrevivência da democracia no Brasil.

Nas últimas semanas acompanhamos com grande preocupação ataques de radicais bolsonaristas contra militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em comícios políticos; atentados à imprensa, incluindo um tiro contra o escritório da Folha de S.Paulo e ameaças de morte a jornalistas do Congresso em Foco; acompanhamos ainda o ataque contra o carro do juiz que determinou a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. No último sábado (09), a escalada atingiu novos patamares com o assassinato de um militante do PT, durante o seu aniversário, por um policial penal federal. Segundo relatos da família, o assassino, Jorge José da Rocha Guaranho, invadiu o evento gritando palavras como "Bolsonaro" e "mito" enquanto alvejava o guarda civil metropolitano Marcelo Arruda.

Esses casos de violência política não são fenômenos isolados, mas se inserem em um contexto mais amplo, que vem se agravando ao longo da última década, nutrido desde 2018 por repetidos posicionamentos de Jair Bolsonaro e seus apoiadores. A ampliação da circulação de armas e munições torna ainda mais grave o cenário de radicalização violenta. A apologia à violência armada não deve ser confundida com mero discurso de campanha eleitoral.

Nosso país está imerso num cenário marcado pela radicalização da extrema direita, reforçada por uma ampla rede de desinformação e por apoiadores armados. Não se trata de uma disputa entre dois pólos, dois lados de uma mesma moeda. É, sim, o avanço autoritário contra qualquer voz que se oponha a este projeto político extremista.

Cria-se, assim, um quadro de enorme risco não apenas à vida e à segurança pública, mas também ao processo eleitoral deste ano e à democracia brasileira. Convocamos as lideranças político-partidárias e chefes dos Poderes da República a coibir a promoção de discursos de ódio e a disseminação da violência política, em especial durante este processo determinante para a democracia no país.

É inaceitável que o processo eleitoral se dê sob as insígnias do medo, da violência e da intolerância e torna-se fundamental que as instituições de Estado ajam imediata e rigorosamente para impedir o crescimento da violência em curso no Brasil.

Leia o manifesto na íntegra:

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