O senador Marcos do Val (Podemos) disse, durante sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira (30), que foi contatado pelo empresário Carlos Wizard para participar de uma live com um grupo de médicos, entre eles Nise Yamaguchi, para falar sobre o "tratamento precoce" para a doença provocada pelo novo coronavírus.
O convite, segundo o parlamentar, foi feito logo após ele fazer propaganda dos medicamentos – que tem ineficácia comprovada contra a Covid-19 – no ano passado, quando foi infectado pelo vírus.
"Dias depois, eu fui contatado pelo Carlos Wizard dizendo que tinha um grupo de médicos que estavam estudando essas medicações, a Nise Yamaguchi, dentre outros, e se eu gostaria de conversar com eles, de fazer uma live para eles explicarem que pesquisas eram essas e como eram utilizados esses medicamentos", afirmou Marcos do Val.
Carlos Wizard e Nise Yamaguchi são apontados como integrantes de um "gabinete paralelo", que teria feito aconselhamento médico e técnico a Bolsonaro durante a pandemia, principalmente no que se refere ao uso de medicamentos como a hidroxicloroquina, que tem ineficácia comprovada pelos órgãos de saúde.
A operação desse grupo, que municiou Bolsonaro com estratégias contrárias à ciência, é investigada pela CPI da Covid e foi um dos motivos de o empresário ter sido convocado para depor nesta quarta. Na maior parte do tempo, Wizard optou por não responder às perguntas, recorrendo "direito de ficar em silêncio", como repetiu.
Mais cedo, contudo, em uma fala inicial que durou 15 minutos, o empresário negou participar de um "gabinete paralelo" e disse não ter conhecimento da existência.
"Afirmo aos senhores, com toda a veemência, que jamais tomei conhecimento de qualquer governo paralelo. Se porventura esse suposto gabinete paralelo existiu, eu jamais tomei conhecimento e tenho qualquer informação a esse respeito. Jamais fui convidado, abordado, convocado para participar de qualquer gabinete paralelo. E essa é a mais pura expressão da verdade."
Durante fala na CPI da Covid, o senador Marcos do Val, que é suplente na comissão, aproveitou o tempo para defender o empresário. O parlamentar afirmou ter "testemunhado" Carlos Wizard em "movimentos de ajuda para salvar vidas" de forma independente.
"Ele disse que tinha sido convocado para fazer parte do Ministério na Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento e tinha negado, porque queria independência e seguir fazendo um trabalho missionário, disse do Val.
O empresário citou o trabalho missionário durante depoimento na CPI para justificar a colaboração com o Ministério da Saúde. Wizard alegou ter sido convidado pelo ex-ministro Eduardo Pazuello a "salvar vidas" e que, motivado pela fé e pelo compromisso social, teria aceitado desde que a sua atuação fosse voluntária e sem fins de lucratividade.
"Trabalhamos em cooperação, coordenada naquela época pelo general Pazuello. Estávamos nessa missão humanitária, sem interesse pessoal, comercial, empresarial, financeiro ou político. Nosso único objetivo era servir o próximo."
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