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Dois investigados no inquérito das fake news se elegem no ES

Dois investigados no inquérito das fake news se elegem no ES

Quatro dos seis capixabas investigados no inquérito que apura atuação de milícias digitais no ataque à democracia lançaram candidatura nas eleições deste ano

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 17:41

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Dois investigados no inquérito das fake news se elegem no ES: Armandinho e Pastor Fabiano
Armandinho Fontoura, em Vitória e Pastor Fabiano, em Vila Velha, foram eleitos vereadores nas eleições 2024. (Divulgação)

Quatro dos seis capixabas investigados no inquérito que apura atuação de milícias digitais no ataque à democracia e na propagação de notícias falsas, conhecido como "Inquérito das fake news" — que é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — lançaram candidatura nas eleições deste ano. Desse grupo, dois conseguiram se eleger para o cargo de vereador em Vitória e em Vila Velha.

Em dezembro de 2022, Alexandre de Moraes, após denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR), baseada em relatório do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), determinou prisão preventiva e aplicou medidas cautelares a Capitão Assumção (PL), deputado estadual; Carlos Von (então no DC), também parlamentar; Armadinho Fontoura (então no Podemos), vereador de Vitória; Max Pitangui, radialista morador da Serra; Fabiano Oliveira, líder religioso; e Jackson Rangel, jornalista proprietário de um site de notícias.

Quase dois anos após terem sido oficialmente inclusos na ação que apura a propagação de fake news visando ao enfraquecimento da democracia, Assumção, Armandinho Fontoura, Pastor Fabiano e Max Pitangui se lançaram candidatos no pleito deste ano, os três primeiros pelo PL, partido do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, e Pitangui, pelo PRD. Apenas Armandinho e Fabiano saíram vitoriosos do pleito realizado no último domingo (6).

O vereador da Capital, afastado do cargo desde o final do ano de 2022, por determinação de Alexandre de Moraes, conseguiu se reeleger para voltar à Casa de Leis, recebendo 3.076 votos. Armandinho passou um ano na prisão e teve soltura autorizada em 18 dezembro do ano passado, devendo cumprir medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. 

O parlamentar eleito pode ser candidato este ano porque, apesar de ter sido preso e depois afastado do cargo, não teve os direitos políticos suspensos. Segundo documentos da Polícia Federal (PF), obtidos por A Gazeta à época, não foram encontradas, no material, evidências dos crimes pelos quais é investigado.

Dois investigados no inquérito das fake news se elegem no ES

Pastor Fabiano, por sua vez, conquistou uma cadeira de parlamentar no Legislativo de Vila Velha, eleito por média, com 2.964 votos. O religioso foi preso em 19 dezembro de 2022, pela Polícia Federal, depois ter ficado quatro dias foragido da Justiça. No inquérito do STF ele é acusado de fazer parte de grupos que disseminavam fake news, bem como utilizar as redes sociais para atacar a democracia. Também foi solto após um ano de prisão, em 19 de dezembro de 2023, obrigado a cumprir cautelares alternativas ao encarceramento.

Os capixabas investigados no inquérito das fake news que disputaram as eleições deste ano e que não tiveram sucesso nas urnas são Assumção e Max Pitangui. O parlamentar do PL tentou, pela segunda vez, se eleger prefeito de Vitória. Terminou o pleito na quarta colocação, com 17.946 votos (9,55%).

Cumprindo restrições impostas pelo STF desde 2022, Assumção chegou a ser preso em fevereiro deste ano por determinação de Alexandre de Moraes, por descumprimento de cautelares aplicadas a ele. O deputado foi solto em 7 de março, após os deputados da Assembleia Legislativa (Ales) revogarem sua prisão em votação plenária.

O radialista Max Pitangui se candidatou a vereador da Serra, mas saiu derrotado nas urnas. Ele recebeu 337 votos na cidade, não ficando sequer na suplência de seu partido. Com mandado de prisão expedido pelo STF em dezembro de 2022, o ex-candidato era considerado foragido quando, em setembro do ano passado, foi preso no Paraguai pela Interpol.  Estava preso no Complexo da Papuda, em Brasília, quando foi solto em dezembro de 2023 por determinação de Alexandre de Moraes.

Jackson Rangel, preso em dezembro de 2022, também teve soltura autorizada em dezembro passado, após um ano de prisão. Ele não se candidatou a cargos eletivos nas eleições 2024.

O ex-deputado Carlos Von cumpre medidas cautelares desde os primeiros desdobramentos do inquérito que apura a disseminação de notícias falsas e ataques à democracia. O político chegou a ser apontado como possível nome do PL para disputar a Prefeitura de Guarapari. A legenda, no entanto, manteve a candidatura do deputado Danilo Bahiense para o cargo de prefeito.

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