São falsas as publicações que começaram a circular nesta segunda-feira (24) nas redes sociais alegando que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, iria pedir o afastamento do governador Renato Casagrande (PSB) por superfaturamento na pandemia.
O conteúdo está acompanhado de um vídeo — ou de foto reproduzida dessa gravação — do delegado federal Ivo Roberto Silva, na tentativa de conferir credibilidade à postagem, mas a declaração dele foi gravada em março deste ano e não faz menção a Casagrande, que é candidato à reeleição.
Para checar o conteúdo alegado, a reportagem de A Gazeta fez contato com a Polícia Federal, cuja imagem foi usada no post, e a assessoria da instituição afirmou que a publicação "não procede". Questionada, disse ainda que o delegado Ivo Silva não pertence mais aos quadros da corporação no Espírito Santo e, atualmente, é superintendente da PF no Rio de Janeiro.
Embora juridicamente o STJ não possa pedir o afastamento do governador, como descrito no post, e sim analisa eventuais solicitações da Procuradoria Geral da República (PGR), não há evidências de que suposto pedido tenha sido feito à Justiça. A comunicação do órgão reforçou que, até o momento, não existe essa informação referente a Casagrande.
Na consulta pública no site oficial do STJ, lançando o nome completo do governador "José Renato Casagrande", há o retorno de cinco processos em que o socialista figura como parte, alguns já até arquivados, mas nenhum trata de pedido de afastamento do cargo. E o procedimento mais recente é datado de 2019, portanto, antes da pandemia.
A PGR, em Brasília, também foi procurada, porém, não identificou nenhuma ação desfavorável a Casagrande, requerendo o afastamento, numa pesquisa pelo nome do governador. Sem outros dados, explicou a assessoria, não é possível avançar na consulta, mas, a princípio, não há indícios de solicitação dessa natureza.
O vídeo que acompanha o conteúdo falso é do delegado federal Ivo Roberto Silva, que comandava a Delegacia Regional de Repressão às Organizações Criminosas no Estado. A gravação é do dia 17 de março deste ano e ele fala sobre a deflagração da segunda fase da Operação Volátil, decorrente de investigação iniciada em 2020 para apurar a suspeita de fraude licitatória e superfaturamento em contrato firmado pelo governo do Espírito Santo para aquisição de álcool em gel com recursos federais destinados ao combate à pandemia.
Na ocasião, o servidor Rodrigo Vaccari dos Reis foi acusado de receber propina, mas ele afirmou que se tratava de um equívoco a acusação de superfaturamento. Ele ocupava a subsecretaria de Agricultura e foi exonerado do cargo. O nome do governador não foi citado pelo delegado no vídeo, nem nas investigações à época.
Em nota, o governo também afirmou, após a prisão na época, que a Secretaria de Controle e Transparência (Secont) acompanhava o caso desde o início, com compartilhamento de provas judiciais, a pedido da própria gestão.
Procurada nesta terça-feira (25) para falar sobre a postagem, a assessoria de Casagrande respondeu, em nota, que o jurídico da campanha vai tomar as medidas cabíveis contra a divulgação do que chama de fake news, e que a atribui à campanha adversária.
No período eleitoral, a desinformação, popularmente chamada de "fake news", circula nas redes sociais e em aplicativos de mensagem em maior volume. Nem sempre dá para saber logo se aquele conteúdo é falso ou enganoso, mas há meios de descobrir em vez de passá-lo adiante.
No caso aqui investigado, bastaria uma pesquisa no Google com as palavras-chave "Operação Volátil II" + "Renato Casagrande" que a consulta iria retornar reportagens da época em que a Polícia Federal deflagrou a ação, incluindo o vídeo utilizado na postagem falsa.
Nas mensagens por aplicativo que aparecem encaminhadas com frequência, como o post do suposto pedido de afastamento de Casagrande, tem sempre uma lupa ao lado, que pode ser clicada e vai direcionar para informações já apuradas e relacionadas ao caso.
Na primeira versão deste texto, havia um dado errado sobre o servidor Rodrigo Vaccari. Ele foi investigado sob a acusação de receber propina, mas não foi preso. A matéria foi corrigida.
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