São falsas as postagens que circulam em redes sociais afirmando que navios com óleo diesel vindos da Rússia têm sido impedidos de atracar e descarregar nos portos de Vitória e Tubarão, no Espírito Santo. O boato se espalha em publicações no Facebook e áudios no WhatsApp desde a semana passada.
As mensagens alegam que o governo do Estado tem atuado para dificultar o descarregamento do produto nos portos de Vitória, numa suposta tentativa de boicotar o incentivo que o governo Jair Bolsonaro (PL) tem dado para a importação de combustíveis russos.
Um dos posts no Facebook sugere que o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), “não está autorizando o atracamento dos navios vindos da Rússia carregados com óleo diesel a R$ 3,50/litro”.
O Passando a Limpo recebeu vários áudios de leitores com conteúdo similar. Alguns deles indicam que, por causa de intervenção do governo do Estado, navios com diesel russo estavam esperando autorização para atracar no Porto de Tubarão. Outro sustentava que a dificuldade para descarregar se dava no Porto de Vitória, também por decisão do Executivo estadual.
Ambas as informações são falsas. O Passando a Limpo consultou a Vale, operadora do Porto de Tubarão; a Petrobras, que opera o terminal de granéis líquidos do porto; e também o sistema de movimentação portuária da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), estatal do governo federal que administra o Porto de Vitória.
A verificação apontou que não há nenhum navio russo com diesel atracado ou previsto para atracar no Estado. É considerado falso o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Questionada sobre a suposta dificuldade no Porto de Tubarão, a Vale explicou que nenhum navio com essas características se encontrava na área de fundeio, aguardando para atracar. A mineradora explicou que informações mais específicas sobre a programação de navios carregados com combustível deveriam ser verificadas com a Petrobras.
O Passando a Limpo questionou a Petrobras, que informou que “não tem conhecimento de nenhum navio de diesel importado para descarga em Tubarão”.
Quanto ao Porto de Vitória, a Codesa foi procurada para explicar se existiria algum navio do gênero aguardando para descarregar, mas a estatal federal não enviou resposta.
No entanto, o Passando a Limpo consultou o sistema de movimentação portuária disponibilizado no site da companhia e verificou que não há navio de diesel vindo da Rússia na espera para atracar.
Na consulta realizada na noite de quinta-feira (3) no site da Codesa, constava apenas um navio aguardando para atracar nos terminais do Porto de Vitória, mas para fazer embarque de ferro-gusa.
Outros sete navios constavam como atracados no Porto de Vitória. Um deles para desembarque de diesel. No entanto, trata-se de um navio que faz rota semanal para Vitória, trazendo combustível do Porto de Santos, em São Paulo, como aponta o site de monitoramento marítimo Marine Traffic.
O Passando a Limpo também consultou o portal da Praticagem do Espírito Santo, serviço que faz as manobras dos navios, e atestou que não havia navio de origem russa fundeado ou atracado nos portos de Vitória.
O próprio presidente Bolsonaro, que inicialmente disse que negociava para importar diesel da Rússia, recuou nesta semana e afirmou que o acordo ainda está em negociação e que “não está chegando nada no momento”.
O Passando a Limpo é um serviço de checagem de A Gazeta que, em parceria com a Google, monitora e verifica publicações que viralizam nas redes sociais com conteúdos suspeitos relacionados às Eleições 2022 no Espírito Santo.
As postagens checadas nessa verificação inventam uma situação que não existe, de que há interferência do governador do Espírito Santo na gestão portuária para impedir o desembarque e assim tentar conter a tentativa do governo federal de baixar o preço do diesel. No entanto, nenhum navio do tipo sequer chegou ao Estado.
Pelo menos três áudios diferentes com o mesmo tipo de afirmação foram encaminhados por leitores para o WhatsApp de A Gazeta. Todos eles vinham com o selo de mensagem "encaminhada com frequência". O Passando a Limpo também identificou sete publicações no Facebook com esse tipo de conteúdo, mas com menor viralização.
Quem receber ou se deparar com algum conteúdo que considerar duvidoso na internet sobre as eleições no Espírito Santo poderá encaminhá-lo para as redes sociais ou para o WhatsApp de A Gazeta como sugestão de verificação ao longo de toda a eleição. O número é: (27) 99530-3577 (Basta adicionar como contato no seu celular e chamar no WhatsApp). Ou então acesse aqui para enviar sua sugestão de checagem com apenas um clique.
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