Passadas as eleições municipais, a disputa entre o atual prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), e o prefeito eleito, Sergio Vidigal (PDT), pode ganhar um terceiro round durante a eleição para a Mesa Diretora da Câmara da cidade, que ocorrerá no dia da posse, 1º de janeiro de 2021. Os dois já se enfrentaram, indiretamente, em primeiro e segundo turno no município, uma vez que Audifax apoiou o principal adversário de Vidigal no pleito, o vereador Fabio Duarte (Rede).
Por enquanto, dois grupos estão se articulando para eleger o próximo presidente do Legislativo municipal. Um deles, composto por apoiadores de Vidigal, tem apostado na reeleição de Rodrigo Caldeira (PRTB), enquanto outro grupo formado por ao menos nove vereadores eleitos (os números de apoio a uma chapa ou outra mudam a cada nova conversa), por enquanto todos ligados a Audifax, aposta na renovação, com um vereador eleito para o primeiro mandato.
Esse segundo grupo, formado por vereadores novatos, tem sido chamado nos bastidores da cidade de "grupo dos 10", liderados por nomes próximos ao atual prefeito. Entre eles estão parlamentares eleitos pela Rede, como Raphaela Moraes e o reeleito Ericson Duarte, além de outros que apoiaram o candidato de Audifax à prefeitura no primeiro turno como Igor Elson (Podemos), Anderson Muniz (Podemos) e Pablo Muribeca (Patriota) ou no segundo turno como Elcimara Loureiro (PP), William Miranda (PL) e Rodrigo Caçulo (Republicanos).
Entre esses nomes, os de Pablo Muribeca, Igor Elson e Rodrigo Caçulo são os cotados para serem candidatos à presidência da Mesa. O favorito entre eles é Caçulo, que já se declara candidato e diz ter pelo menos 11 votos dos 23 vereadores eleitos. Apesar de ser aliado de Audifax, ele nega que seja o "candidato do atual prefeito" na eleição da Mesa Diretora.
"Não sou candidato nem de Audifax, nem de Vidigal. Audifax foi quem me chamou e me levou para o Republicanos, mas nunca conversou comigo para eu montar chapa. Eu me comprometi a votar a favor dele na prestação de contas, mas isso não significa que minha candidatura tenha o dedo dele. Também tenho boa relação com o Sergio", afirmou Caçulo.
Eleito pela primeira vez, ele é irmão do ex-vereador Jorge Caçulo (PL), assassinado em 1997, enquanto estava no exercício do mandato.
Nos bastidores, há quem diga que Audifax tem se movimentado para que o grupo tenha força no Legislativo, para não correr riscos no julgamento de suas contas, que, em última análise, cabe à Câmara. Mas nenhum aliado do prefeito confirma qualquer orientação dele quanto à montagem de chapa.
"Audifax não está orientando, nem ligou para nenhum de nós para que montássemos uma chapa. Há o interesse de montar uma chapa da renovação, com nomes novos, inclusive chamamos os três vereadores do PDT para compor. A Serra elegeu 18 novos vereadores. A bandeira que defendemos é a de honrar essa vontade de renovação que o eleitor levantou", disse Raphaela Moraes, eleita pela Rede.
Do outro lado, Vidigal também não deu sinais de que apoiará alguém abertamente. Em entrevista para A Gazeta, disse que não vai interferir e que prefere um presidente de oposição a "dever favor político".
Contudo, Rodrigo Caldeira, que esteve no palanque de Vidigal durante a comemoração da vitória do pedetista, já se declarou candidato e tem o apoio de parte dos vereadores do PDT e de outros aliados do prefeito eleito.
"Estamos conversando com ele (Rodrigo Caldeira), mas também estamos ouvindo outros candidatos. Não tem nada definido ainda. O Vidigal em nenhum momento direcionou nada, ele deixou a cargo dos vereadores escolher", afirmou o vereador eleito Cleber Serrinha (PDT).
Há quem aposte que, no momento, Caldeira é quem tem a maioria, mas a eleição da presidência da Câmara da Casa é, nas palavras de uma raposa política da cidade, uma caixinha de surpresas.
"É só a gente lembrar da última eleição da vereadora afastada Neidia Pimentel. Ela estava na oposição, na época formada pelos apoiadores de Vidigal, e, de última hora, pulou para o lado de Audifax. Por isso todo mundo fica cauteloso em se posicionar", lembrou, sob a condição de anonimato.
Nos últimos dias, os vereadores, tanto os eleitos quanto os que estão em mandato, têm ido à Câmara da Serra, para acompanhar as sessões e já se articular para a eleição da Mesa.
A diplomação dos eleitos e reeleitos para compor a Casa a partir do ano que vem ocorre nesta quinta-feira (17).
Caldeira não esconde que trabalha pela reeleição, mas diz que buscará o consenso entre os vereadores. "Estamos conversando. Se tiver consenso, eu venho novamente. Mas estamos formando um grupo misturado, tanto entre quem apoiou Audifax quanto de quem apoiou Vidigal", contou.
Audifax e Caldeira são adversários declarados. O atual prefeito já chegou a dizer que o "crime organizado" quis tirá-lo do poder, ao falar do presidente da Câmara, que deu encaminhamento a pedidos de impeachment contra o redista. Em resposta, foi a vez de Caldeira sugerir que o "crime organizado" estava no Executivo.
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