Jovens e idosos possuem olhares diferentes sobre a cidade e os seus problemas. Esse contraste se reflete na hora de escolher seus candidatos. Neste ano, os dois grupos também estavam separados pelo horário da votação. A maioria dos idosos foi às urnas entre as 7h e as 10h, horário preferencial para eles. Já a maioria dos jovens, justamente para não causar aglomerações nos horários indicados para idosos, optou por ir após o encerramento do período preferencial.
Fátima Braga, de 66 anos, e Rai Lemos, de 77, fazem parte dos que acordaram cedo para não pegar filas em suas seções eleitorais. Eles votaram na Escola Municipal Adevalsi S. Ferreira de Azevedo, em Jardim Camburi, Vitória. O casal faz parte do grupo de risco do novo coronavírus. Preocupados com a pandemia, os dois levaram caneta, álcool em gel e, claro, máscara, item obrigatório nas eleições deste ano. Fátima afirma que não pegou filas para votar e conseguiu fazer tudo em menos de dois minutos. Alívio para a eleitora que, por possuir uma doença autoimune, precisa redobrar os cuidados.
Mas deixar de votar não era uma opção para o casal. Eles fizeram questão de comparecer às urnas. "Se eu não votar, eu não me sinto bem. É uma questão de hábito", conta Raí, que votou pela primeira vez aos 18 anos e, enquanto estiver vivo, pretende exercer o direito do voto.
Na mesma escola, Rafaella Vidal, de 21 anos, mostrou-se empolgada em votar pela primeira vez em uma eleição municipal. "Acho que é muito importante, porque, para termos o direito de reclamar, precisamos exercer o nosso papel de votar", comentou a estudante de Psicologia.
Jovens e idosos possuem, muitas vezes, motivos distintos na hora de escolher ou rejeitar um candidato. Edson Andrade, que está desmotivado com a política de Vila Velha, conta que, diante do cenário atual, optou por anular seu voto para prefeito. Aos 61 anos, ele não se vê representado pelos políticos da cidade e só votará para vereador porque um amigo de longa data está concorrendo. "O Brasil hoje está difícil. A corrupção tomou conta de tudo", conta.
O desânimo de Edson contrasta com o envolvimento de João Victor Oliveira, de 21 anos. Ele pesquisou por candidatos que deixassem de lado discursos, pautas de costumes e focassem em propostas para a cidade. "A maioria dos candidatos fica apelando para os costumes e não pensa no que, de fato, importa: saúde, educação e segurança", comenta o jovem.
O estudante, morador de Vitória, enxerga as eleições municipais como mais importantes do que a nacional. "A gente fica debatendo muito sobre as ações do presidente e esquece dos vereadores, que vão fazer coisas importantes, como a educação de base. O presidente não vai fazer muito por isso, quem vai fazer serão os prefeitos e vereadores", avalia João.
Já Lenise Tapajós, 75 anos, e Isaac Maria Tapajós, 73 anos, foram às urnas pensando no futuro, apesar da idade. "Nós votamos por causa dos nossos netos, pelo futuro deles", comenta a aposentada. O casal possui sete netos. Logo, segundo a lógica dos dois, não faltam motivos para comparecer ao pleito.
Mesmo indignado com o horário preferencial, que acabou obrigando os idosos a acordarem cedo, prática que Lenise e Isaac detestam, o casal acredita que comparecer às urnas neste domingo (15) valeu a pena.
* Daniel Reis é aluno do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foi supervisionado pelo editor Filipe Souza.
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