Concorrer em uma eleição majoritária, como a de governo do Estado, exige mais do que o desejo de ocupar o posto máximo no Executivo. É necessário conquistar apoios, fortalecer parcerias, ter propostas que recebam a adesão do eleitorado. No tabuleiro eleitoral da disputa no Espírito Santo, que começou a temporada com nove pré-candidatos, três peças já caíram.
No intervalo de 15 dias, o senador Fabiano Contarato (PT), o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) e o presidente da Assembleia Erick Musso (Republicanos) recuaram em suas estratégias para ocupar a cadeira no Palácio Anchieta e fazem novas apostas para as Eleições 2022.
Com a saída de Contarato, Rigoni e Erick, a disputa para o governo pode contar com seis nomes em outubro. Até o momento, apenas Aridelmo Teixeira (Novo) já foi confirmado em convenção do partido.
Também estão em pré-campanha e poderão ser confirmados como candidatos no próximo fim de semana, durante as convenções partidárias, Audifax Barcelos (Rede), Carlos Manato (PL), Guerino Zanon (PSD), Renato Casagrande (PSB), Vinicius Sousa (PSTU).
O primeiro a perder espaço na disputa foi Contarato que, na verdade, só saiu devido à aliança nacional, que traz a chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) para concorrer à presidência. Na esteira do acordo federal, negociações foram encaminhadas para que a parceria também se consolidasse no Estado.
A retirada da candidatura do senador ao governo foi decidida no último dia 13 em reunião do diretório estadual do PT. Mas uma conversa na véspera entre Contarato, dirigentes do partido, o governador Renato Casagrande e o presidente estadual dos socialistas, Alberto Gavini, já era um prenúncio da saída do petista da disputa.
Nesse encontro, foram acertados alguns pontos do acordo, como a participação do PT na nova gestão de Casagrande, se reeleito; contribuir na elaboração do programa de governo do socialista; a ajuda do PSB na coordenação da campanha de Lula no Estado e a posição clara do governador na disputa presidencial. No dia anterior a essa reunião, Casagrande já havia declarado voto e que faria campanha apenas para Lula.
Com o acordo, Contarato segue no Senado Federal, já que em 2022 termina apenas a primeira metade de seu mandato de oito anos. Mas nesta semana outras duas peças - Rigoni e Erick - se movimentaram ao desistirem da disputa que, diferentemente do petista, ainda precisam buscar votos do eleitorado capixaba se quiserem continuar em evidência no mercado político e, quem sabe, voltar em 2026 com melhores condições de concorrer ao governo.
Para o cientista político Antônio Carlos de Medeiros, este foi um cálculo político de ambos ao perceberem que, neste período de pré-campanha, não alcançaram a densidade eleitoral necessária para seguirem na disputa.
Antônio Carlos observa que, nas eleições deste ano no Espírito Santo, há muitas candidaturas no campo da direita ou centro-direita, espectro político em que também se colocam Rigoni e Erick, o que acaba dividindo os votos.
Rigoni, que viu uma debandada do União Brasil quando insistiu em um candidatura própria do partido ao governo, chegou à conclusão que "sem uma construção coletiva", como escreveu em sua carta aos eleitores, não seria possível se sustentar na disputa. Ele anunciou a desistência nesta quarta-feira (27) e vai concorrer à reeleição para a Câmara Federal.
Ele e Erick, também desistente do Palácio Anchieta, fizeram outro movimento para União e Republicanos seguirem juntos durante a campanha eleitoral. Diferentemente de PT e PSB, que repetem no Espírito Santo a parceria nacional, o Republicanos no contexto federal já declarou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), enquanto movimentações políticas sugerem que o União Brasil pode se juntar à candidatura do ex-presidente Lula. Rigoni não aposta nessa aproximação, ao considerar que boa parte do partido é antipetista, mas o presidente nacional, Luciano Bivar, já deu indícios de que a parceria pode ocorrer.
Erick confirmou sua saída da disputa na noite desta quinta-feira (28), ao lado de Rigoni, e vai tentar a única vaga no Senado Federal na eleição deste ano. Ambos também não vão declarar apoio a nenhum dos outros candidatos ao governo do Estado.
Antônio Carlos avalia que politicamente foi muito inteligente Rigoni decidir concentrar esforços para sua reeleição como deputado federal e Erick tentar o Senado.
"A disputa para a Câmara Federal é mais importante para o União Brasil porque ele tem mais densidade e poderá se reeleger. Já o Erick, embora tenha concorrentes competitivos, pode também ter melhor desempenho. Eles vão ser estrelas importantes dos partidos na disputa, ao passo que os dois poderiam ficar sem mandato se continuassem na toada da disputa pelo governo", analisa.
O cientista político pontua ainda que ao conquistar as cadeiras que vão concorrer agora, Rigoni e Erick se mantêm em evidência, pavimentando a estrada para retomar o projeto de concorrer ao governo nas eleições de 2026. "Acredito que é o cálculo dos dois."
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