A pouco menos de um ano para as Eleições 2022, e ainda com a pandemia dominando os discursos, agentes políticos já começam a se movimentar nos bastidores para a disputa ao governo do Espírito Santo. Neste momento, vários nomes se colocam na vitrine para testar a popularidade e o poder de articulação. O que não quer dizer que todos vão realmente concorrer ao pleito.
Entre os nomes cotados para a disputa, o do atual governador, Renato Casagrande (PSB), é dado como certo, inclusive pelo partido. O mandatário, contudo, ainda não disse se tentará a reeleição.
O mercado político trabalha com um cenário que tenha a presença de Casagrande e aposta em outros nomes na briga pela cadeira do Palácio Anchieta.
A ala bolsonarista, por exemplo, trabalha com duas opções: o deputado federal Evair de Melo (PP) e o ex-deputado estadual Carlos Manato, que representou o projeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018, no âmbito estadual.
O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) e o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (MDB), também são citados nessa corrida. Audifax não esconde que está se preparando para a disputa, enquanto Guerino prefere não comentar a possibilidade por enquanto.
Na Assembleia Legislativa também há possíveis candidatos. É o caso do presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos), e o deputado estadual Sergio Majeski (PSB). O ex-vice governador do Estado, César Colnago (PSDB) também vem se preparando para colocar seu nome na disputa ao Governo.
Fora da política e sem filiação partidária, o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, também é citado nos bastidores. Ele tem ganhado visibilidade desde que voltou ao Estado e já fez parte do secretariado do ex-governador Paulo Hartung (sem partido). Mas ele nega intenção de se candidatar. "Meu cargo não permite que me candidate e represento uma instituição apartidária, a qual me dedico 100%. Não sou candidato", afirmou.
Por outro lado, quem não descarta uma candidatura ao governo é o senador Fabiano Contarato (Rede). Ele está de saída do atual partido e dialoga com outras legendas, entre elas o PT, para escolher o novo ninho. A mudança pode vir com o bônus de ter espaço para concorrer ao governo.
Um fator que parece improvável, mas não é impossível, é a presença do ex-governador Paulo Hartung (sem partido) na disputa. Interlocutores próximos creem que há mais chance de Hartung vir candidato ao Senado. Mas, caso se coloque como postulante ao Palácio Anchieta, mudaria completamente o cenário desenhado até aqui, já que deverá atrair lideranças que vêm se colocando na disputa.
Confira, por ordem alfabética, os nomes que têm sido especulados nos bastidores:
Nas eleições de 2020, o recuo do deputado federal Amaro Neto (Republicanos) na disputa para a Prefeitura de Serra foi atribuído, nos bastidores, a um projeto maior do Republicanos de lançá-lo para o governo em 2022. Muita coisa, contudo, mudou desde lá.
Amaro ficou "sumido", passou longe de conflitos com o governador (ao contrário de seus correligionários), e problemas internos com o partido foram especulados, o que o deputado e o presidente do Republicanos, Roberto Carneiro, negam.
Nesse cenário, surgiu também o nome de Erick Musso, ventilado por aliados como um possível candidato ao governo, além do desejo de ampliar a bancada de senadores do Republicanos, com Amaro como um dos candidatos ao cargo.
Em 2018, o então deputado estadual seria candidato ao Senado, mas a pedido da nacional, disputou uma cadeira da Câmara. Foi o deputado federal mais votado, com cerca de 181 mil votos.
Amaro diz que não está discutindo eleições neste momento, mas não descarta nenhuma possibilidade.
Professor e empresário, Aridelmo Teixeira já disputou o governo na eleição de 2018 e diz que quer tentar novamente. Em entrevista para a colunista Letícia Gonçalves, ele confessou já ter visitado alguns municípios em pré-campanha.
Atualmente, Aridelmo compõe o primeiro escalão da administração do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), ocupando o cargo de secretário da Fazenda. O empresário tem proximidade com o Republicanos, partido do prefeito, e disse que pode abrir mão de uma candidatura caso a legenda decida lançar algum nome alinhado ao projeto dele.
Entre os mais animados a disputar a eleição para o governo em 2022 está o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede), que vem visitando dezenas de municípios para pavimentar a candidatura. Nelas, já se apresenta como pré-candidato.
Vez ou outra, Audifax usa as redes sociais para alfinetar a atual gestão estadual e reafirmar seu projeto para o governo. O redista sempre foi mais próximo de Hartung - com quem, segundo os bastidores, tem dialogado- do que de Casagrande, e não esconde que pode vir a enfrentar o atual governador nas urnas.
Entre as possíveis alianças de Audifax para as próximas eleições está o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (MDB). Especula-se uma chapa formada pelos dois.
Crítico do governo Casagrande e com uma proposta calçada na direita conservadora, Carlos Manato se coloca como candidato ao governo em 2022 disposto a representar Jair Bolsonaro no Espírito Santo. O ex-deputado federal, que atualmente está sem partido, diz aguardar a filiação do presidente a uma legenda para que ele possa fazer o mesmo movimento.
“Temos os mesmos ideais: Deus, família, privatizações, mas, além disso, um programa específico para o Espírito Santo que, entre outras frentes, destaca crescimento econômico e combate à corrupção”, diz.
Manato mostra disposição e diz que já percorreu mais de 40 municípios. Em 2018, ele disputou o governo do Estado, mas sem sucesso. Foi o segundo candidato mais votado e recebeu 27,22% dos votos.
O ex-vice governador César Colnago (PSDB) está com o seu nome colocado como pré-candidato na disputa. Ele vem percorrendo municípios e já até contratou agência de marketing para se fortalecer numa possível corrida pelo Palácio Anchieta. Colnago é vice-presidente da legenda no Estado, mas seu nome não está fechado no partido, podendo repetir o apoio ao PSB que elegeu Casagrande em 2018, ou mesmo realizar outra parceria que não inclua planos de uma candidatura própria do partido.
Demonstrando cada vez mais distanciamento do governador, a quem prometeu ajudar a "carregar o piano", após ter apoio para se reeleger presidente da Assembleia, Erick Musso tem usado as redes sociais para criticar a gestão estadual (ainda que sem citar nomes) e ganhar mais visibilidade, ventilando a candidatura ao Palácio Anchieta.
Interlocutores próximos ao deputado acreditam que ele vai anunciar a intenção de se colocar como pré-candidato ao governo nos próximos dias. No entanto, ele não confirma. Para o presidente do partido, Roberto Carneiro, ainda é cedo para tratar de nomes.
“No próximo dia 19 haverá uma reunião da Executiva Nacional com os presidentes de partido e com a bancada federal, onde eu e o deputado Amaro Neto estaremos presentes. Nessa reunião serão dadas as primeiras diretrizes para as eleições de 2022. Por enquanto é cedo, ass eleições são só no ano que vem. Este ano é preciso focar nas demandas que a sociedade mais necessita”, afirma Carneiro.
Outro nome que não descarta participar da corrida pela cadeira do Palácio Anchieta, e servir como palanque político para o atual governo federal no Estado, é o deputado federal Evair de Melo (PP).
Um dos vices-líderes de Bolsonaro na Câmara, Evair diz que vem sendo estimulado a participar do pleito, principalmente com a possível filiação do presidente ao PP. Caso o presidente migre mesmo para o Progressistas, isso colocaria Evair como um dos protagonistas da ala bolsonarista no Estado, junto com Manato.
O senador Fabiano Contarato afirma que ainda não definiu os próximos passos no cenário eleitoral do ano que vem, mas não descarta a possibilidade de disputar o governo. Ele vai sair da Rede, partido pelo qual se elegeu em 2018, e diz que vem conversando com PDT, PSB e PT sobre a possibilidade de filiação.
No caso do PT, em especial, recebeu o convite do próprio ex-presidente Lula, em maio deste ano, para ser candidato ao governo do Estado em 2022. No entanto, caso o PT e o PSB formem uma aliança nacional, o partido de Lula pode ter que abrir mão de lançar uma candidatura própria no Espírito Santo, onde o PSB já tem o governador Renato Casagrande como provável candidato.
Contarato diz que ter a garantia de uma legenda para concorrer ao governo não é pré-requisito para filiação, mas mostra-se animado com a possibilidade de representar um projeto que se identifique, inclusive em outros partidos de centro-esquerda.
De saída do MDB, o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, já colocou o pé na estrada para visitar municípios e conversar com lideranças a respeito de 2022.
Segundo interlocutores, Guerino planeja deixar em abril a prefeitura, onde exerce o quinto mandato, para concorrer ao Palácio Anchieta. Para isso, vai precisar de um outro partido, o que por enquanto é um mistério.
Após passar por diversos conflitos internos, o que levou o MDB do Espírito Santo a ficar sob intervenção nacional, o partido está atualmente sob o comando da senadora Rose de Freitas, que já teria fechado apoio à Casagrande em 2022. Esse seria, inclusive, o motivo para a saída de Guerino.
O prefeito de Linhares tem proximidade com Paulo Hartung e é um dos principais herdeiros políticos do ex-governador. Ele não nega que também se aproximou de Audifax e afirmou, em entrevista para a colunista Letícia Gonçalves, que é possível formar uma chapa junto com ele para o governo de 2022.
Para pessoas próximas do emedebista, essa opção está mais distante do que uma candidatura própria de Guerino ao governo. Procurado pela reportagem, o prefeito de Linhares não quis comentar o assunto.
Atual governador, Casagrande tem a máquina nas mãos, e dificilmente não tentará uma reeleição. Foi bem avaliado nacionalmente pela pela gestão frente à pandemia, ganhando visibilidade, mas enfrenta a insatisfação de alguns setores no Estado, que consideram "rígidas" as medidas de restrição no combate à Covid-19.
O presidente do PSB, Alberto Gavini, confirma que o governador será candidato. De acordo com ele, o momento é de pavimentar o caminho da disputa e mobilizar possíveis alianças para montagem de uma boa chapa de candidatos a deputado e ao Senado. Em especial, manter próximos os 18 partidos que compõem a base do governo, entre eles o Podemos, PDT, PV e PT.
Sobre a articulação com o PT, especificamente, ele diz que estão conversando muito, mas que uma aliança vai depender da movimentação nacional.
Atualmente filiado ao PSB, mas já com saída anunciada, o deputado estadual Sergio Majeski é crítico a alguns pontos da gestão do governador Renato Casagrande, de quem é correligionário.
Em entrevista ao Papo de Colunista, o parlamentar afirmou que pretende ser candidato ao governo, mas falta uma sigla que o receba para montar um projeto para 2022.
"O que me falta é um partido que diga assim: olha, vem cá que nós vamos te dar a legenda e você poderá formar um projeto para o Estado", afirmou durante a entrevista.
Majeski foi o deputado estadual mais votado em 2018, com 47.015 votos.
No PT, as articulações nacionais deverão definir o cenário da disputa local. A presidente do partido no Espírito Santo, Jackeline Rocha, afirma que a legenda tem bons nomes para apresentar.
Entre eles estariam a ex-secretária de Educação de Cariacica, Célia Tavares, o deputado federal Helder Salomão, e a própria Jackeline, que foi candidata ao governo pelo partido em 2018.
No entanto, o partido não descarta uma nova liderança, que pode ser a do senador Fabiano Contarato (Rede), caso ele decida se filiar ao Partido dos Trabalhadores.
Mas toda movimentação local segue as articulações para eleger Lula presidente da República em 2022. Caso PSB e PT firmem uma aliança nacional em prol do ex-presidente, poderia ter um veto a uma candidatura petista ao governo do Espírito Santo, já que Casagrande é do PSB e deve disputar a reeleição.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta