No próximo dia 6 de outubro acontecem as Eleições 2024, quando milhões de brasileiros vão às urnas escolher novos vereadores e prefeitos para suas cidades. Assim como em anos anteriores, a disputa costuma gerar discussões acaloradas entre os eleitores que discordam em relação à preferência por determinado candidato ou partido.
O tema acaba surgindo em diferentes rodas de conversa, inclusive no trabalho. Entretanto, é preciso ficar atento para que as opiniões políticas não ultrapassem o bom senso, podendo trazer prejuízos para a carreira. Quem passa dos limites pode receber uma advertência, perder uma promoção e até ser demitido, dependendo da situação.
Para impedir que coisas assim aconteçam, especialistas alertam que o ideal é que o trabalhador evite expor opinião de forma exaltada e também tenha cautela com o comportamento nas redes sociais.
Segundo a diretora do time de Educação e Trabalho da Associação Brasileira de Recursos Humanos, sucursal Espírito Santo (ABRH-ES), Jovaneide Batista, as opiniões precisam ser respeitadas e, para fugir de qualquer tipo de constrangimento, o melhor é evitar os posicionamentos mais acalorados.
Jovaneide reforça que a eleição é a oportunidade para o cidadão contribuir para a melhoria da comunidade e da população de forma geral. “Cabe a cada eleitor conhecer a história e os objetivos dos candidatos, para, assim, fazer escolhas mais conscientes. É preciso lembrar que cada pessoa tem sua opinião e valores e isso acontece também dentro das organizações. Da mesma forma que a gente quer um ambiente saudável, é preciso respeitar todas as diferenças, inclusive as percepções partidárias. Isso faz parte dessa diversidade”, ressalta.
A diretora de Educação e Trabalho da ABRH-ES alerta ainda sobre o comportamento nas redes sociais. Nesse caso, o profissional deve sempre se lembrar que carrega o nome da empresa, e essa exposição também pode ser prejudicial para quem passa do ponto.
“Em geral, as empresas não gostam desse tipo de discussão tanto no ambiente de trabalho quanto nas redes sociais. Na dúvida, não compartilhe, não comente. Se preservar, é a melhor estratégia. Caso contrário, você pode perder uma promoção ou até o emprego por conta desses posicionamentos”, orienta.
A psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Gisélia Freitas, observa que também é importante evitar atividades partidárias no local de trabalho. Ela salienta que o colaborador deve se informar sobre as políticas internas da empresa relacionadas a engajamento político para evitar surpresas.
O especialista em Direito do Trabalho Guilherme Machado complementa que quem tem afinidade por algum partido político ou candidato deve evitar o assunto enquanto estiver no trabalho, não usando, inclusive, bottons e camisetas relacionados ao tema.
Guilherme Machado recomenda que o trabalhador não emita opinião política por meio de ferramentas da empresa, especialmente que possam comprometer a atividade empresarial, como e-mail, mídias sociais pertencentes à empresa ou reuniões de trabalho.
“Essa conduta deve ser evitada, sob pena de até mesmo de demissão por sua justa causa, uma vez que a liberdade de expressão não deve ser confundida com excessos no âmbito interno da empresa, a qual têm regras e diretrizes que dentro da razoabilidade, devem ser observadas no meio ambiente de trabalho”, menciona.
Da mesma forma que o colaborador deve tomar cuidado em relação ao seu comportamento, o advogado especialista em Direito Público, Constitucional e Eleitoral Marlilson Sueiro alerta que o empregador não pode cometer abusos, como pressionar e coagir o empregado a votar em determinado candidato. A Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) número 23.735/2024, que versa sobre proibições eleitorais, também trata dos abusos de empregadores.
É fundamental manter uma postura neutra em relação às opiniões políticas no ambiente de trabalho. Evite discussões acaloradas sobre política e respeite as diferentes perspectivas dos colegas. Cabe a mesma postura em grupo de amigos e ambiente familiar.
Ao expressar opiniões políticas nas redes sociais, os funcionários devem estar cientes de que suas postagens podem refletir na imagem da empresa. Evite comentários ofensivos, discriminatórios ou polarizadores.
Quando estiver fora do ambiente de trabalho, lembre-se de que ainda representa a empresa. Comportamentos inadequados, como envolvimento em discussões públicas agressivas, podem afetar a reputação corporativa.
Não promova atividades políticas dentro da empresa, como distribuição de panfletos, discussões partidárias durante o expediente, ou pressão sobre colegas para apoiarem determinado candidato.
Esteja bem informado sobre as políticas internas da empresa relacionadas a engajamento político. Conheça as diretrizes sobre uso de recursos da empresa para atividades políticas.
Mantenha um ambiente de respeito e tolerância em relação às diferentes opiniões políticas dos colegas. Evite conflitos e mantenha o foco no trabalho.
Vivemos num Estado com bastante diversidade. Assim, a tolerância é primordial, ainda mais no contexto das eleições, em que os ânimos políticos podem ficar proeminentes.
É importante, além de sermos tolerantes com os colegas, também sermos profissionais, respeitando a política interna da empresa, as relações que foram construídas e o trabalho desenvolvido.
O funcionário deve tomar cuidado para que sua opinião não se confunda com a opinião ou opção política da empresa. Assim, o colaborador deve evitar relacionar suas opiniões com a empresa, sempre prezando, inclusive, pela utilização de suas contas pessoais para expor suas opiniões políticas, não se relacionando com as contas da empresa, por exemplo. Nos eventos públicos, como, por exemplo, festas e palestras, o funcionário também deve ter essa cautela.
Violações das políticas da empresa relacionadas às eleições, no ambiente de trabalho, se não respeitarem, por exemplo, a política interna da empresa, podem resultar em advertências ou até mesmo demissão.
O funcionário deve evitar discutir acaloradamente, para melhor desenvolvimento do meio ambiente de trabalho. Nesse ponto, no entanto, é necessário ressaltar que a empresa não pode censurar/demitir o empregado por expressar suas opiniões políticas fora do ambiente de trabalho. Mas, dentro da empresa, o empregado deve se abster de realizar comentários sobre determinados políticos, utilizar camisas ou acessórios que remetam a determinado candidato.
Fonte: Gisélia Freitas, psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Ibef-ES; e Marlilson Sueiro, advogado especialista em Direito Público, Constitucional e Eleitoral.
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