A corrida eleitoral pela cadeira de prefeito da Capital do Espírito Santo já tem sinais de que será muito disputada, com base no resultado final das convenções partidárias, encerradas nesta quarta-feira (16). Em Vitória, foram lançados 12 candidatos que possuem os mais diferentes perfis, desde novatos a veteranos na política; nomes vindos do Legislativo, do próprio Executivo, militares e de perfil técnico; e várias chapas puro-sangue, em oposição a algumas coligações que reúnem um considerável número de siglas.
As candidaturas só estarão 100% confirmadas após o pedido de registro na Justiça Eleitoral, que pode ser feito até o dia 26 de setembro. Até lá, alguns arranjos ainda podem mudar. Até mesmo os partidos que decidiram lançar candidatura própria a prefeito podem desistir, para fazer coligações com outra chapa.
Uma demonstração de como as costuras estão sujeitas a alterações, até o último minuto, é que, nesta quinta-feira (17), o partido PMN, que havia fechado com o candidato Fabrício Gandini (Cidadania) no dia anterior, decidiu mudar e agora faz parte da coligação do PL, com o candidato Halpher Luiggi.
Há também duas siglas estarão totalmente fora das eleições de 2020 em Vitória: o DC e o PCB.
No PSDB, mesmo após a convenção, a situação ainda ficou indefinida. A decisão dos filiados foi que sua candidata a prefeita será a vereadora tucana Neuzinha de Oliveira. No entanto, a sigla também possui Luiz Paulo Vellozo Lucas, que não disputou a convenção e apresentou a pré-candidatura diretamente à Executiva nacional, que é de onde espera que venha a decisão final sobre a questão.
No entanto, Neuzinha, que é presidente municipal dos tucanos, solicitou o registro de sua candidatura à Justiça Eleitoral, no dia 20. Ela fechou uma chapa puro-sangue, com o vice do próprio PSDB.
Entre os candidatos lançados nas convenções, ao menos dois poderiam retirar os nomes para se aliar a outra chapa, no cenário posto no último dia 16. Neuzinha era cobiçada para migrar para a coligação de Lorenzo Pazolini, com a possibilidade de ficar com a vaga de vice. Ela mesma não chegou descartar a hipótese.
O outro seria Halpher Luiggi, devido à proximidade do comandante do PL, ex-senador Magno Malta, com Pazolini. O lançamento oficial de Halpher como candidato corresponderia, no fundo, a uma estratégia ditada por Magno para dobrar a aposta e valorizar o passe do partido na negociação do vice de Pazolini.
Neste sábado (19), porém, o Pazolini escolheu a capitã da Polícia Militar Estéfane Ferreira (Republicanos) como vice.
Ao longo das últimas duas semanas, houve ainda cinco nomes que eram pré-candidatos, mas desistiram de disputar a prefeitura: Cléber Félix (DEM), Luzia Toledo (MDB), Roberto Martins (Rede), Rogério Sarmento - Polenta (DC) e Weverson Meireles (PDT).
Veja quem são os candidatos lançados em convenção, em ordem alfabética, e o cenário de alianças.
O deputado estadual Capitão Assumção é candidato pelo Patriota. O partido já definiu o vice, Capitão Hélio Martinelli Tristão de Oliveira, do PTB, único partido que está confirmado na chapa. A aliança foi uma determinação do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson.
Na convenção, no dia 16, Assumção utilizou bandeiras do Brasil e discursou com referências ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem busca se associar, citando seus slogans e principais pautas.
Em sua convenção virtual, a primeira realizada em Vitória, no dia 2, o partido Novo lançou o coronel Nylton Rodrigues como candidato a prefeito e a professora e executiva Patrícia Bortolon também do partido, já que o Novo não faz coligações como vice.
Coronel Nylton foi comandante da PM e secretário de Segurança Pública no governo Paulo Hartung. Estreando nas urnas nesta eleição, ele passou pelo processo seletivo do partido para se candidatar.
Mudança no dia 25 de setembro: Eron Domingos Souza Lima é empresário, tem 57 anos e foi registrado como candidato a prefeito pelo PRTB. O vice será Sérgio Capovilla (PRTB), que é corretor de imóveis. O partido havia realizado a convenção no dia 11 de setembro, mas deixou a ata em aberto e não lançou candidato naquela data.
O deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) é o candidato apoiado pelo atual prefeito, Luciano Rezende, do mesmo partido. Lançado no dia 16, Gandini já foi vereador e secretário da prefeitura por cerca de um ano. Também é próximo do governador Renato Casagrande (PSB) que, embora não tenha subido efetivamente em seu palanque, por haver o candidato do PSB, Sérgio Sá, no páreo, tem sinalizado, de outras maneiras, que sua candidatura tem o apoio do Palácio Anchieta.
Seu vice é o vereador Nathan Medeiros (PSL). Em sua chapa, também já confirmaram apoio PDT, PV, PSC, Avante e Podemos.
O PSOL vai disputar mais um pleito em Vitória com chapa puro-sangue. O partido escolheu o historiador Gilbertinho Campos e a socióloga Manuh Malek, ambos militantes do movimento negro, para representá-lo no pleito, em busca das cadeiras do Executivo municipal.
O PSOL não fará coligações, mas vai receber o apoio informal do PCB para a candidatura a prefeito, de Gilbertinho, e a vereador, para Vander Meirelles.
O engenheiro e servidor público federal Halpher Luiggi (PL) foi confirmado, no dia 16, pelo partido do ex-senador Magno Malta (PL) como candidato a prefeito. A vice também pertence à sigla, a também engenheira Juliana Emanuele Prado Martins Costa. Nesta quinta (17), Halpher firmou aliança com o PMN, presidido no Estado pela deputada Janete de Sá.
Luiggi já foi superintendente do DNIT no Espírito Santo e diretor do DER, e classifica sua candidatura como "conservadora". Devido à proximidade de Magno com Lorenzo Pazolini, nos bastidores cogita-se uma aliança do PL com o Republicanos até o fim do prazo para os registros de candidatura. Os dirigentes do partido e o próprio Halpher, no entanto, rechaçam a possibilidade.
Ex-prefeito de Vitória entre 2005 e 2012, o petista João Coser foi escolhido pelo partido para disputar novamente a prefeitura, em uma chapa puro-sangue, lançada no dia 16. A vice será a atual presidente estadual do PT, Jackeline Rocha. Houve articulações para fechar alianças com outros partidos, como a Rede, o PCdoB, o PDT e o PP, mas que não foram adiante.
O lançamento do nome de Coser vai ao encontro da meta do PT de ter candidatos nas principais capitais do país, visando fortalecimento para as eleições presidenciais de 2022, e passou inclusive pela escolha das lideranças na Executiva nacional do partido, como o ex-presidente Lula. Com a maior bancada na Câmara Federal, o PT conta também com a maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de televisão e rádio para propaganda.
Aliado do atual presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), o deputado e delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos) é o representante do grupo político como candidato em Vitória. Ele já oficializou o apoio com partidos de peso, como MDB, DEM, PTC e Solidariedade, e ainda tenta atrair outros, como o PSDB e o PL que têm candidatos próprios , além do PRTB e do PTC.
Lançado no dia 16, Pazolini conversava com o PSDB para que a vereadora Neuzinha de Oliveira, candidata anunciada na convenção tucana, ficasse com a vaga de vice na chapa dele. No entanto, ainda havia o temor que essa possível aliança fosse barrada pela Executiva nacional do partido, que poderia interferir na decisão, por se tratar de uma Capital. Outro nome cogitado era o de Halpher Luiggi (PL), devido à proximidade entre Pazolini e o ex-senador Magno Malta.
Mudança no dia 19 de setembro: A capitã da Polícia Militar Estéfane Ferreira, também do Republicanos, foi escolhida como vice de Lorenzo Pazolini, formando uma chapa puro-sangue para disputar a Prefeitura de Vitória.
O PSD lançou, no dia 5, o nome do vereador Mazinho dos Anjos como representante do partido na candidatura a prefeito. Para vice, a indicação foi do professor de Filosofia Welis Carlos Clemente, também do PSD. Até o momento, Mazinho não fechou parceria com outros partidos.
Parlamentar encerrando o primeiro mandato e advogado, Mazinho se coloca como oposição à gestão do prefeito Luciano Rezende, e traz como principais pautas o empreendedorismo e a modernização da economia. Entre seus colaboradores de campanha, já há nomes ligados ao ex-governador Paulo Hartung, como o jornalista Tião Barbosa e o ex-secretário de Justiça Eugênio Ricas.
O vereador é sobrinho do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD).
Mudança no dia 22 de setembro: Mazinho realizou o pedido de registro de candidatura à Justiça Eleitoral e, ao contrário do indicado na convenção, o vice de sua chapa será o administrador João Luiz Salles (PSD).
O jornalista, radialista e ex-vereador de Vitória por cinco mandatos Namy Chequer foi escolhido como candidato do PCdoB no dia 12.
Namy também é mestre em História Social das Relações Políticas e está sem mandato desde 2017, quando deixou a Câmara.
Mudança no dia 24 de setembro: O vice de Namy será o jornalista Alcione Pinheiro, também filiado ao PCdoB. Ele já foi secretário municipal de Cultura de Vitória.
Vereadora de cinco mandatos, Neuzinha de Oliveira foi escolhida pelo PSDB de Vitória, em convenção, no dia 14, como a candidata do partido ao Executivo. Ela detém o controle e apoio dos filiados no município e também o aval do presidente estadual, Vandinho Leite (PSDB), e do vice, o ex-governador César Colnago (PSDB).
No entanto, em abril, o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas voltou ao partido, a convite do presidente nacional, Bruno Araújo e contra a vontade de Neuzinha, presidente municipal. A filiação dele já teria como objetivo que fosse pré-candidato a prefeito. Luiz Paulo começou as movimentações pré-eleitorais e costurou apoios com PP, DEM e PMN, mas não conseguiu o acordo interno. Dessa forma, não chegou a disputar a convenção municipal, que teve a chapa de Neuzinha como a única inscrita e vitoriosa.
Ele afirma ter se inscrito diretamente junto à Executiva nacional, que é a quem cabe dar a palavra final sobre candidaturas de capitais, segundo uma norma interna do PSDB. Até o momento se mantém pré-candidato. A decisão final deve vir da direção nacional até o limite do prazo, 26 de setembro.
Na convenção, a ata aprovada permite que a direção municipal possa mudar a decisão da candidatura de Neuzinha, até o registro de candidaturas. Havia a possibilidade, inclusive, de integrar outra coligação, como a de Lorenzo Pazolini (Republicanos), de quem recebeu o convite para ser vice, e não descartou. Pazolini, Erick Musso e o presidente do Republicanos, Roberto Carneiro, inclusive estiveram na convenção tucana, sinalizando essa articulação. Porém, neste sábado (19), o Republicanos definiu a chapa puro-sangue.
Mudança no dia 20 de setembro: Neuzinha solicitou o registro de sua chapa à Justiça Eleitoral, tendo como vice o supervisor de vendas Anderson Alexandre de Paula Theodoro (PSDB). A Executiva nacional do PSDB foi procurada, mas não quis se manifestar.
Natural de Vitória, o professor universitário Raphael Furtado será o candidato do PSTU à prefeitura, contando com a militante Laís Carvalho (PSTU) como vice. Furtado participou da fundação do PSTU, em 1994 e desde então está militando no partido. Seu foco serão as discussões sobre a recuperação da pandemia de Covid-19, no contexto de desemprego e crise.
Furtado já foi candidato ao Senado em 2014, também pelo PSTU.
Atual vice-prefeito de Vitória, Sérgio Sá (PSB) será o candidato do partido do governador Renato Casagrande ao posto de chefe do Executivo. A vice será Laís Garcia, que é porta-voz nacional do partido Rede. Sá também fechou alianças com PROS, PMB e, nesta quinta, atraiu ainda o PP, que anteriormente fecharia com Luiz Paulo (PSDB).
Sá é rompido com o atual prefeito, Luciano Rezende (Cidadania), e deve conduzir a campanha com uma dose de críticas à atual gestão, da qual também faz parte. Assim como o candidato de Luciano, Fabrício Gandini, Sérgio Sá não recebeu apoio explícito de Casagrande, mas pode ser considerado um dos candidatos que podem contar com o Palácio Anchieta.
Para ser candidato, desde o final de 2019, ele ainda precisou travar uma disputa interna com o deputado Sergio Majeski (PSB), que também queria ser pré-candidato a prefeito. Uma consulta realizada junto ao partido em fevereiro, contudo, decidiu que o nome do PSB deveria ser o de Sérgio Sá, que foi lançado oficialmente no dia 11.
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