Em um ano eleitoral atípico devido à pandemia do novo coronavírus, os candidatos a prefeito ou prefeita da Serra finalizaram na última quarta-feira (16) suas convenções partidárias, o evento em que cada partido define como vai se posicionar na eleição. Ainda pode haver mudanças, mas, no total, dez candidaturas conseguiram passar pela etapa de ter a aprovação de seus correligionários.
Os nomes que avançaram de fase precisam agora passar por mais uma antes de encarar as urnas. O dia 26 de setembro é o último para pedido de registro de candidaturas. Até lá podem ser definidos os últimos acertos, como a escolha de vice, se isso foi delegado pela convenção aos partidos. Nada impede também que haja desistências pelo caminho.
Dos dez candidatos aprovados em convenções, oito ainda seguem no jogo: Alexandre Xambinho (PL), Bruno Lamas (PSB), Eben de Moraes (PCdoB), Fábio Duarte (Rede), Gracimeri Gaviorno (PSC), Luciana Malini (PP), Sergio Vidigal (PDT) e Vandinho Leite (PSDB).
A convenção do PT chegou a aprovar o nome de Fernanda Souza como candidata a prefeita, mas o partido recuou e retirou a candidatura para apoiar outra coligação. As conversas estão mais adiantadas para compor com a candidatura de Vidigal, mas a Rede, de Fábio Duarte, também tem se aproximado dos petistas.
Na convenção do PSOL também foi aprovada a candidatura de Ledeil Doná (PSOL), mas ele preferiu retirar seu nome da disputa.
E algumas pré-candidaturas ainda antes da confirmação em convenção não vingaram, seja por iniciativa própria ou por rejeição dos partidos. O deputado federal Amaro Neto (Republicanos), por exemplo, chegou a transferir o domicílio eleitoral para a Serra, mas decidiu não concorrer.
O delegado Márcio Alves (MDB) pleiteou que sua candidatura fosse considerada na convenção do partido, mas o pedido foi negado pela Comissão Nacional Interventora que comanda a Executiva estadual do MDB. Os dirigentes emedebistas acabaram optando por apoiar Vandinho Leite.
Já o presidente do PROS na Serra, Gustavo Peixoto, tirou o nome da disputa para formar um bloco com o candidato a prefeito Alexandre Xambinho. Dias depois, o PROS também preferiu ficar ao lado de Vandinho na eleição.
Veja quem são os candidatos lançados em convenção e o cenário de alianças.
O PL de Magno Malta lançou, no dia 16, o deputado estadual Alexandre Xambinho na disputa pela prefeitura, mas ainda não definiu quem será o vice na chapa. O candidato foi um dos primeiros a posar com seus aliados e chegou a defender um "blocão de centro direita" como estratégia para interromper o ciclo de administrações de Audifax Barcelos e Sergio Vidigal, que já dura 24 anos.
O partido atraiu o Republicanos, cobiçado por muitos candidatos na cidade que queriam contar com o apoio de Amaro Neto. Ao mudar o domicílio eleitoral para a cidade, Amaro gerou uma expectativa de que seria candidato, o que acabou não se confirmando. Contudo, o apoio do Republicanos não significa, automaticamente, o apoio de Amaro Neto, como pontuou o próprio deputado federal.
Além disso, Xambinho perdeu dois aliados nos últimos dias de convenções, o DC e o PROS. Ambos pularam para o palanque de Vandinho Leite. Além do Republicanos, permaneceram, do bloco, apenas o PTC. A vaga de vice deverá ser preenchida pelo Republicanos, mas o nome ainda não foi escolhido.
Mudança no dia 18 de setembro: o partido definiu como vice na chapa a assistente social Carla Xavier (Republicanos). Ela é moradora do Bairro de Fátima e secretária estadual de política para mulheres do Republicanos.
Bruno Lamas foi lançado pelo PSB como candidato a prefeito da Serra no dia 12. O deputado estadual foi um dos primeiros a se movimentar no tabuleiro eleitoral da Serra. Em março, ele deixou a Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) para se desincompatibilizar para a eleição.
Apesar de estar no partido do governador Renato Casagrande (PSB), ele divide o apoio do grupo à frente do Palácio Anchieta e a base aliada do governo com Sergio Vidigal. O PSB tem conversado com outras agremiações para a coligação na disputa para prefeito e já conta com o apoio de DEM, Avante e PV.
Mudança em 18 de setembro: O deputado estadual escolheu o líder comunitário Guilherme Ribeiro de Souza Lima, também do PSB, para ser o vice na chapa, nesta sexta (18). Guilherme tem 40 anos e é diretor da Federação das Associações de Moradores (Fams) e coordenador da Assembleia Municipal do Orçamento Participativo (Amo). Ele é formado em Direito e pós-graduado em Gestão Pública.
Eben de Moraes, o Ebinho, como é conhecido, é um dos poucos candidatos com chapa completa. Lançado no dia 11, ele irá para a eleição a prefeito com Ivany Pereira da Silva (PCdoB), em uma candidatura puro-sangue. O PCdoB, que havia lançado o ex-deputado federal Givaldo Vieira no último pleito, apostou em nomes nunca testados nas urnas em 2020.
Ebinho é empresário e Ivany, sua vice, é aposentada. O partido está em conversa com outras siglas, mas não tem nenhuma aliança fechada.
A Rede, do atual prefeito Audifax Barcelos, tem Fábio Duarte, lançado no dia 17, como cabeça de chapa e está em busca do ocupante para a vaga de vice. Fábio é vereador no município e se filiou à Rede este ano. Audifax chegou a experimentar outros nomes para dar continuidade à sua gestão, antes de se decidir pelo parlamentar. A eleição na cidade é uma das prioridades para a Rede em 2020.
Audifax é apontado como possível candidato a senador ou governador em 2022. Para analistas, uma derrota para Vidigal, seu principal adversário político na cidade, pode enfraquecer seus planos para a próxima eleição. Até agora, o partido já se aliou com Patriotas, Podemos e PMN no município.
Em 25 de setembro, Fábio Duarte anunciou a professora Renata Sepulcro, do Patriota, como vice na chapa.
Ex-secretária do Trabalho da Serra, durante a gestão de Audifax, Fernanda Souza foi aprovada como candidata do PT na cidade, confirmada em convenção no dia 16. O partido quer construir uma frente de esquerda no município e não descarta unir candidaturas com outras siglas alinhadas ideologicamente com o PT. Desgastado nacionalmente desde o início dos escândalos de corrupção na Operação Lava Jato, o partido lançou candidaturas em todas as principais cidades da Grande Vitória.
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a gravar uma live com os candidatos a prefeito da região metropolitana, dando dicas e analisando o cenário atual.
Mudança no dia 18 de setembro: O PT retirou a candidatura de Fernanda Souza para prefeita da Serra. O partido conversava com o PDT e a Rede para escolher uma das duas siglas para se coligar. O maior trunfo dos petistas era o tempo de TV, já que há a possibilidade de a Serra ter horário eleitoral próprio nas eleições deste ano e o partido é um dos que tem mais espaço de propaganda.
Mudança em 25 de setembro: Apesar de ter conversas com o PT, o candidato da Rede, Fábio Duarte, anunciou a professora Renata Sepulcro (Patriota) como vice.
A delegada da Polícia Civil Gracimeri Gaviorno é a cabeça da chapa puro-sangue do PSC na Serra, lançada no dia 12. O vice na candidatura social-cristã será o pastor Evanilson Souza, do mesmo partido. O PSC conversa com outras siglas, mas não formalizou coligação ainda.
Com origem na área da segurança pública, Gracimeri tem apostado neste pilar para conquistar votos no município e se coloca como opção para interromper o ciclo entre Audifax e Vidigal no comando da prefeitura.
Mudança em 24 de setembro: No dia 17 de setembro a candidata do PSC havia anunciado que o pastor Evanilson Souza (PSC) ocuparia a vaga de vice completando a chapa. Nesta quinta-feira (24), no entanto, a candidata informou que Evanilson recuou e, em seu lugar, foi anunciado o engenheiro e professor Lucas Silveira, de 34 anos, também do PSC.
O PSOL decidiu, em convenção no dia 16 de setembro, ter como candidato na Serra o empresário Ledeil Doná. Ele disputaria sua primeira eleição e teria como vice, ou melhor, como co-prefeito, como tem defendido o partido, Romário Nogueira, também do PSOL.
Seria a segunda vez que o partido lançaria candidatos em uma eleição municipal na cidade, algo que não ocorria desde 2012. Além da chapa para prefeito, a sigla lançou dois candidatos a vereador.
Mudança em 21 de setembro: Ledeil Doná retirou sua candidatura. O PSOL não terá outro candidato a prefeito e não apoiará nenhum dos que estão em disputa pelo cargo.
O PP terá Luciana Malini, que atuou como secretária de Políticas para Mulheres na gestão de Audifax, como candidata a prefeita. A candidatura dela foi confirmada em convenção no dia 6. O empresário Orlando Marquetti (PP) será o vice na chapa. Esposa do ex-deputado estadual Jamir Malini (PP), Luciana também tem apostado no fim de eleições polarizadas entre Audifax e Vidigal como estratégia para ganhar votos. O partido tem conversado com outras siglas, mas não definiu coligados até o momento.
O ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal disputará sua sexta eleição na Serra, novamente pelo PDT. A candidatura dele foi lançada no dia 16. O vice de sua chapa ainda não foi escolhido. O partido já definiu aliança com Cidadania, PSD e Solidariedade, partidos da base do governo estadual. Vidigal divide com Bruno Lamas o apoio discreto do governador Renato Casagrande. Na convenção do PDT, o secretário estadual da Casa Civil, Davi Diniz, esteve presente, representando o governo.
O deputado agiu de maneira reservada durante a pré-campanha, não assumiu claramente que seria candidato, mas se reuniu com aliados políticos e construiu o apoio à sua candidatura. Ele só disse categoricamente que disputaria a eleição no último dia para realizar convenções. Vidigal polariza as eleições na Serra há 12 anos com Audifax Barcelos, que ele mesmo lançou na política da cidade, em 2004.
Mudança no dia 18 de setembro: em atualização na ata da convenção do PDT foi incluído como vice na chapa de Vidigal o comerciante Thiago Carreiro (Cidadania). Ele é morador de Jacaraípe fez parte do programa do RenovaBr para novas lideranças políticas.
O deputado estadual Vandinho Leite será o candidato tucano à Prefeitura da Serra. Em convenção no dia 12, o partido registrou Aloísio Pimenta (PSDB) como vice na chapa, mas o martelo ainda não está batido. O PSDB terá como aliados PROS, PRTB, MDB, DC e PMB.
O parlamentar tem apostado na onda conservadora como estratégia para conquistar votos. Na Assembleia Legislativa, ele tem polarizado com o governo estadual, de Renato Casagrande, e também feito críticos a Vidigal e Audifax, prefeitos da Serra nos últimos 24 anos.
Vandinho também faz parte do chamado "Grupo da Assembleia", formado por deputados que não estão na base do governo estadual, como Lorenzo Pazolini (Republicanos), Capitão Assumção (Patriota), Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (sem partido) e Carlos Von (Avante).
O grupo tem como principais lideranças os dirigentes do Republicanos, como o presidente estadual do partido, Roberto Carneiro, e o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos). Municipalmente, o Republicanos está com o PL, de Xambinho, mas, até o dia 26, o cenário permanece aberto. Os dirigentes estaduais do partido, por exemplo, ainda não posaram ao lado do candidato do PL ou declararam apoio publicamente.
Mudança no dia 18 de março: em anúncio nas redes sociais, o PSDB da Serra incluiu o médico Afonso Pimenta, do próprio PSDB, como vice na chapa de Vandinho. Ele é membro do grupo do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta criar.
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