Com o pedido de demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde, subiu para sete o número de ministros que deixaram o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em definitivo desde o início do mandato, em 2019. Entre os que romperam com o governo, cinco saíram dos cargos após conflitos com o Planalto.
Teich pediu para deixar o cargo na sexta-feira (15). Entre os exonerados, o médico oncologista é o que menos tempo permaneceu no governo, tendo ficado apenas 29 dias à frente da pasta.
Ele havia substituído Luiz Henrique Mandetta, demitido durante a pandemia. Mandetta chegou a participar da cerimônia de posse do sucessor, despediu-se do cargo e chegou a cumprimentar o presidente ao deixar o governo.
Antes de Teich, o último a se demitir havia sido o ex-juiz Sergio Moro, que ocupava a pasta da Justiça e Segurança Pública. Moro deixou o governo fazendo graves denúncias ao presidente, a quem acusou de tentar interferir na direção-geral da Polícia Federal. No início do governo, Moro foi o primeiro a assinar o termo de posse do cargo, ovacionado no Palácio do Planalto.
Com a saída de Teich, Bolsonaro chega à 11ª mudança em ministérios em pouco mais de 14 meses de governo. Houve dois nomes que deixaram o 1º escalão, mas permaneceram no governo: Floriano Peixoto saiu da Secretaria Geral e foi para a presidência dos Correios; e Gustavo Canuto deixou o Desenvolvimento Regional e foi para a presidência da Dataprev.
Além disso, outros dois mudaram de pasta: Onyx Lorenzoni saiu da Casa Civil e foi para a Cidadania; e André Luiz Mendonça deixou a Advocacia-Geral da União para assumir o Ministério da Justiça, depois da saída de Moro.
Conhecido por seu trabalho na Operação Lava Jato no Paraná, deixou a magistratura em 2018 após receber um convite do presidente para assumir o Ministério da Justiça. Desde meados do ano passado, Bolsonaro anunciava publicamente uma intenção de trocar o superintendente da PF no Rio e, depois, o diretor-geral da corporação, o que iniciou uma crise entre ele e Moro. O episódio final no ministério foi a exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral, sem acordo com Moro, que saiu da pasta acusando o presidente de pedir relatórios de inteligência. Atualmente, Moro é parte em um inquérito que investiga as acusações contra Bolsonaro.
Desde que a pandemia do novo coronavírus começou no Brasil, Mandetta passou a endossar políticas de isolamento social, como em outros países. Essa situação o colocou em confronto com Bolsonaro e ele acabou demitido em 16 de abril. O substituto foi justamente Nelson Teich, que agora deixa o ministério também.
Terra foi demitido após uma polêmica envolvendo a contratação de uma empresa de tecnologia suspeita de ser usada como laranja para desviar dinheiro dos cofres públicos. À época, ele afirmou ter demitido todos os envolvidos na contratação suspeita. Porém, uma reportagem do Estadão mostrou que aliados do emedebista foram mantidos no cargo. O ex-ministro acabou saindo, mas manteve relações com o presidente.
O general Santos Cruz foi o primeiro ministro militar a ser demitido do governo Bolsonaro. Santos Cruz foi exonerado da Secretaria de Governo após uma polêmica envolvendo mensagens de WhatsApp em que teria criticado os filhos do presidente. Meses depois da demissão, a Polícia Federal concluiu que as mensagens eram falsas. Antes do imbróglio envolvendo os áudios, o general já vinha sendo alvo de críticas de Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro.
Alvo de críticas dentro e fora do governo, o ministro Ricardo Velez enfrentava uma crise desde sua posse, com disputa interna entre grupos adversários, medidas contestadas, recuos e quase 20 exonerações no ministério. Ele foi substituído por Abraham Weitraub.
Gustavo Bebianno foi demitido em 18 de fevereiro, após sete semanas no cargo. Bolsonaro atribui a saída do ministro a "incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte". Foi substituído pelo general da reserva Floriano Peixoto Neto. Bebbiano morreu de infarto em março deste ano.
Nelson Teich só durou mais no cargo que três outros chefes da Saúde, segundo a galeria oficial de ministros. Pelas informações do site do ministério, foram 48 ministros desde 1953, quando a pasta foi criada.
Nelson Teich ficou 29 dias no cargo. Menos que ele houve três casos: José Goldemberg, que ficou 19 dias, em 1992; Saulo Pinto Moreira, ficou 10 dias em 1993, e Vasco Tristão Leitão da Cunha, que permaneceu 8 dias, em 1964. Todos eles estiveram no ministério em épocas de instabilidade política.
Eles atuaram, respectivamente, nos governos Fernando Collor e Itamar Franco. Já Vasco Tristão entrou poucos dias depois do golpe militar.
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