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Em 20 anos, 44 cidades do ES nunca tiveram um deputado estadual

Em 20 anos, 44 cidades do ES nunca tiveram um deputado estadual

Para todas as 180 cadeiras conquistadas pelo voto, nas últimas seis eleições estaduais, desde 1998, foram eleitos apenas políticos nascidos em 34 municípios capixabas

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 04:18

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Assembleia Legislativa . (Marcelo Prest)

Ao longo dos últimos 20 anos, 44 das 78 cidades do Espírito Santo não puderam dizer que um deputado estadual é "filho legítimo da terra". É que para todas as 180 cadeiras conquistadas pelo voto na Assembleia Legislativa, nas últimas seis eleições estaduais, desde 1998, foram eleitos apenas políticos nascidos em 34 municípios capixabas.

É o que mostra levantamento realizado pelo G.Dados, o grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta, a partir dos dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta é a segunda reportagem da série Retrato das Urnas, que apresenta características dos candidatos e dos eleitos no Estado nas últimas duas décadas. A primeira matéria mostrou que apenas 17 mulheres foram eleitas para representar os capixabas nos parlamentos neste período.

As 180 cadeiras foram conquistadas 153 vezes – em eleições ou reeleições – por candidatos nascidos no Espírito Santo. Mais precisamente, os donos dessas vitórias foram 97 políticos que têm um, dois ou até cinco mandatos.

A pesquisa, é importante deixar claro, mostra apenas as cidades onde nasceram cada um dos deputados – é a informação que todos precisam enviar à Justiça Eleitoral. Não leva em conta as regiões que esses políticos transformaram em bases eleitorais.

Os vencedores das outras 27 vagas são candidatos nascidos em outros Estados. Mais precisamente, 15 pessoas. Embora provenientes de outras unidades da federação e regiões, todas elas escolheram o Espírito Santo para viver e para construir as respectivas carreiras políticas. E também foram abraçadas pelos eleitores capixabas.

O ELEITORADO

A cada quatro anos, eleitores do Espírito Santo elegem 30 vagas na Assembleia Legislativa – por isso as 180 ao longo de seis eleições.

Os candidatos que disseram ao TSE ter nascido em Vitória são maioria, com 39 das 153 vagas obtidas por capixabas. Em segundo lugar, os cachoeirenses foram os que mais ganharam eleições para deputados, com 15 eleições ou reeleições de nascidos em Cachoeiro de Itapemirim.

A reportagem também analisou se há relação entre o tamanho do eleitorado de cada microrregião do Estado e a quantidade de deputados eleitos ou reeleitos dessas áreas.

Ao todo, os políticos nascidos na região Metropolitana do Estado são responsáveis por 39,2% de todas as 153 eleições de deputados estaduais. Parece muito, mas sete munícipios que compõem a região somam 46,5% do eleitorado.

Em outras regiões a relação é inversa. Embora a região Centro-Oeste, por exemplo, reúna apenas 7,5% do eleitorado do Estado, ela é responsável por 12,4% de todas as vitórias de capixabas em corridas à Assembleia Legislativa.

ESTRATÉGIAS

O cientista político Fernando Pignaton destaca que duas costumam ser as estratégias principais de políticos do interior, cercados por populações menores, para chegar à Assembleia.

A primeira delas é buscar coligações que não tenham políticos com mandato ou máquinas partidárias fortes. Assim, todos os membros da chapa disputariam entre si e teriam condições de vitória semelhantes.

A outra, frisa Pignaton, é buscar gerar algum tipo de influência na Grande Vitória, onde está a grande massa populacional e eleitoral do Estado.

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uitas pessoas têm raízes no interior e vêm morar na Grande Vitória. Então, têm duas bases sociais, familiares, eleitorais e culturais. Costumava-se dizer que a Grande Vitória é onde todo mundo belisca um pouco

Fernando Pignaton - Cientista político
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Com a experiência de anos desenvolvendo pesquisas eleitorais para políticos Estado afora, o economista José Luiz Orrico também aponta que lideranças do interior precisam construir bases em alguma das dez maiores cidades capixabas. O que não quer dizer, entretanto, que a atuação parlamentar será voltada para elas.

"É difícil o candidato se eleger com base só em uma cidade. Ele vai ter que ter atuação em local com mais eleitores. Uma vez eleito, muitas vezes a atuação não vai ser para a região. Há muitos deputados temáticos: os que só falam de saúde, ou em obras, por exemplo", salientou.

Veja a série "Retratos das urnas" completa

ENTENDA: O QUE É O G.DADOS?

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É o grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta, que visa qualificar e ampliar a produção de reportagens baseadas em dados. Jornalismo de dados é o processo de descobrimento, coleta, análise, filtragem e combinação de dados para contar histórias.

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