Muito antes de tornar-se o reduto do bolsonarismo no Brasil e no Espírito Santo, o Partido Social Liberal (PSL) conviva com outra paleta de polêmicas. Em 2009, o ex-deputado estadual José Carlos Gratz preparava um retorno triunfante à política e foi justamente esse o partido escolhido por ele. O evento de filiação, em junho daquele ano, ocorreu na mesma Assembleia Legislativa da qual ele havia sido retirado, em 2002, por conta da miríade de pendências judiciais. Algumas delas resultaram em condenações que, hoje, fazem dele um foragido da Justiça.
Na época, o total de processos criminais pelos quais respondia já chegava às dez dezenas. Ele já havia sofrido uma condenação, em 2005. O chamado Esquema das Associações foi um dos maiores escândalos do Legislativo capixaba. Os desvios apontados chegam à casa dos R$ 26 milhões.
"Eu vou voltar à vida pública porque o clamor público que está me trazendo de volta. E por um motivo mais importante: mostrar que o que foi feito comigo nesses últimos sete anos não se deve fazer com um ser humano. O covarde é que se esconde. Não vou me curvar diante de injustiça", disse Gratz, no evento de filiação.
O plano era concorrer ao Senado ou mesmo ao governo do Estado no pleito do ano seguinte. E o partido aprovou, em 2010, o que chegou a ser chamado de "candidatura mais polêmica do Estado". Gratz ficaria livre para escolher se concorreria ao Executivo estadual ou a uma cadeira de senador.
O evento partidário que homologou a candidatura, às vésperas do prazo limite para o registro na Justiça Eleitoral, contou até com um macaco de cerâmica. O animal é representado no Jogo do Bicho pelo 17, o número do PSL. Gratz era ligado à contravenção.
Aquilo que ele pretendia que fosse um retorno triunfante à política estadual não vingou. Gratz terminou barrado pela Lei da Ficha Limpa e não disputou a eleição de 2010.
Desde que deixou a Assembleia, em 2002, não teve mais nenhum cargo eletivo. Na ocasião, ele foi reeleito deputado estadual, mas acabou, por decisão da Justiça Eleitoral, tendo o registro de candidatura cassado, por abuso de poder econômico. A realização de obras de asfaltamento em Cobilândia, Vila Velha, enquanto presidente da Assembleia, foram questionadas.
Dezenas de processos referentes a atos praticados no período em que comandou o Legislativo capixaba seguem tramitando na Justiça. Alguns já caminham para a prescrição.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta