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Em carta, bispos do ES orientam fiéis sobre escolha de candidatos

Em carta, bispos do ES orientam fiéis sobre escolha de candidatos

Documento assinado por bispos da Arquidiocese e dioceses do Espírito Santo traz orientações a serem observadas pelos fiéis para saber se os candidatos estão em sintonia com as doutrinas da Igreja Católica

Publicado em 2 de julho de 2022 às 14:57

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Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

Partidos ou candidatos que defendem o armamentismo, que simpatizam com regimes ditatoriais ou com palavras e atos que atentem contra a democracia e que defendem o combate ao crime com mais violência estão entre os que não merecem o apoio dos seguidores da doutrina da Igreja Católica. Esses e outros apontamentos estão em carta à sociedade divulgada pelos bispos da Arquidiocese e dioceses do Espírito Santo sobre a escolha dos candidatos nas eleições 2022.

Com referência a textos bíblicos, ao papa Francisco e a documentos da Igreja Católica, a carta (o texto integral está disponível abaixo), publicada nesta sexta-feira (1º) no site da Regional Leste 3 (Espírito Santo) da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), traz orientações a serem observadas pelos fiéis para saber se os candidatos e partidos estão fora de sintonia com as doutrinas da Igreja nas eleições de outubro próximo.

Em carta, bispos do ES orientam fiéis sobre escolha de candidatos

Os temas pontuados pelos bispos são: a preocupação com a casa comum; a defesa da vida desde a concepção até o fim natural; segurança e direitos humanos; economia a serviço da vida; defesa da democracia; compromisso com a verdade; e honestidade como pressuposto.

Urna - confirma
A urna eletrônica e o botão de confirma o voto. (Carlos Alberto Silva)

Antes de detalharem esses sete temas, os bispos destacam que grande parte das 670 mil mortes de brasileiros por Covid-19 poderia ter sido evitada, mencionam preocupação com o número de pessoas desempregadas, a situação de extrema pobreza em que vivem essas pessoas, o avanço do desmatamento e o clima de ódio na política.

Para os bispos, sob uma suposta adesão à palavra de Cristo, esse clima de ódio tem propiciado ataques aos direitos humanos e minorias, fez aumentar o fundamentalismo religioso, intolerância, racismo, xenofobia, machismo, homofobia e outras formas de preconceito, que muitas vezes se concretizaram em atos de violência, como feminicídio e outros.

Na avaliação dos bispos, esses aspectos negativos têm sido reproduzidos por muitos políticos e representantes eleitos. Por isso, fazem um alerta aos fiéis: “Muitas serão as armadilhas ideológicas e informacionais, as notícias falsas e os apelos pseudorreligiosos – sem nenhum amparo nem nas Escrituras, nem na Doutrina Social da Igreja – que tentarão nos capturar em nome de interesses eleitoreiros”.

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Carta Pastoral dos Bispos do Regional Leste 3 “A melhor Política”

Carta à sociedade divulgada pelos bispos da Arquidiocese de Vitória e dioceses do Espírito Santo sobre a escolha dos candidatos nas eleições 2022

Tamanho de arquivo: 310kb

OS TEMAS A SEREM OBSERVADOS

Depois de pontuarem sobre a concepção geral de política e a necessidade de se conhecer as competências e os limites de cada Poder, bem como a importância de defender a democracia, os bispos citam as questões relacionadas ao meio ambiente como uma preocupação com a casa comum.

Em relação à defesa da vida, eles vão além de reiterar a posição da Igreja Católica contra o aborto. Os bispos defendem que “igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura e em todas as formas de descarte”.

Ao abordarem o tema segurança e direitos humanos, eles fazem críticas contundentes a quem considera que a criminalidade deve ser combatida com mais violência.

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O que revela a hipocrisia dessa posição é o fato de que esse ódio, na maioria das vezes, se direciona apenas aos criminosos das classes baixas. Muitos dos que dizem odiar o crime e os criminosos figuram entre os seguidores de políticos e empresários que assaltam os cofres públicos ou têm relações com o crime organizado

Bispos da Arquidiocese e das dioceses do Espírito Santo
Trecho da Carta Pastoral dos Bispos do Regional Leste 3 “A melhor Política”
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Eles ressaltam que a doutrina social da Igreja condena “a ação criminosa de agentes do Estado, por meio da prática de tortura”. Da mesma forma, citam os bispos, a doutrina considera que o enorme aumento das armas representa uma ameaça grave para a estabilidade e a paz.

Os bispos não citam nomes no documento, mas deixam claro que não podem se apresentar como representantes dos valores defendidos pela Igreja Católica candidato, partido ou cabo eleitoral “que homenageiam e defendem publicamente torturadores ou agentes de segurança que agem fora da lei”.

A respeito da economia, a carta defende que se deve “privilegiar os programas econômicos e as propostas políticas que tenham o meio ambiente e os pobres como meta prioritária do desenvolvimento econômico”.

Os bispos ressaltam o compromisso da Igreja Católica com a democracia e o apoio e estímulo a práticas que fortaleçam a participação popular, como fóruns, conselhos populares, conferências etc..

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Partidos, candidatos ou candidatas e cabos eleitorais que simpatizam com regimes ditatoriais ou que atentam, com palavras e atos, contra a democracia e suas instituições também estão fora de sintonia com os ensinamentos de nossa Igreja e, como tais, não merecem nosso apoio

Bispos da Arquidiocese e das dioceses do Espírito Santo
Trecho da Carta Pastoral dos Bispos do Regional Leste 3 “A melhor Política”
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A carta ainda traz luz ao “uso da mentira como método político, potencializado pelas redes sociais” e ao uso de mandatos políticos para criação de vantagens pessoais. O assunto permeia a defesa do enfrentamento da corrupção, com a oposição à compra e venda de parlamentares.

Por fim, a carta destaca que a honestidade deve ser pressuposto para qualquer candidato que mereça o voto dos católicos e não apenas uma promessa de campanha.

Assinam o documento: o arcebispo metropolitano de Vitória, Dom Dario Campos; o bispo Dom Paulo Bosi Dal’Bó, vice-presidente da Diocese de São Mateus; o bispo Dom Luiz Fernando Lisboa, secretário da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim; Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, bispo da Diocese de Colatina; e Dom Andherson Franklin Lustoza de Souza, bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória.

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