O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), fez novas revelações durante sua delação premiada, apontando o senador capixaba Magno Malta (PL) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL-RS) como membros de um grupo de conselheiros que instigava o ex-presidente a promover um golpe de Estado após a vitória de Lula (PT). A informação foi divulgada em O Globo pela colunista Bela Megale.
Ambos tinham laços políticos estreitos com o ex-presidente. Lorenzoni, inclusive, foi apoiado por Bolsonaro em sua tentativa de governar o Rio Grande do Sul no ano passado, mas foi derrotado nas urnas.
O tenente-coronel também revelou que nesse grupo estavam a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, conforme apurou o repórter Aguirre Talento, do UOL.
Segundo Cid, o argumento apresentado a Bolsonaro por esse grupo era de que o ex-presidente Lula contava com amplo apoio popular, inclusive de uma parcela armada da população, o que justificaria uma iniciativa para impedir a posse do novo presidente eleito.
Entretanto, as revelações de Cid encontraram resistência por parte do coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR), subprocurador-geral Carlos Frederico dos Santos, que classificou a delação como “fraca”. O acordo, no entanto, já foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Contrariando a posição da PGR, ainda segundo Bela Megale, a Polícia Federal avalia que existem provas robustas que ligam diretamente Bolsonaro a diferentes crimes, incluindo a articulação de um golpe de Estado. Além disso, a PF aponta que o subprocurador Carlos Frederico não está ciente das diligências realizadas pela corporação para coletar evidências que corroborem os relatos de Cid.
Procurado pela reportagem de A Gazeta, Magno Malta afirmou, em nota, que ficou sabendo apenas pela imprensa que foi mencionado na delação do tenente-coronel Mauro Cid. O senador defendeu que é necessária uma análise aprofundada antes de tirar conclusões, uma vez que, segundo ele, ainda não teve acesso às gravações e documentos relacionados à delação.
"É relevante destacar que, em nenhum momento, incentivei o ex-presidente a praticar atos ilegais. Minhas interações com Bolsonaro após as eleições eram pautadas em momentos de consolo, orações e leitura da Bíblia. Estou plenamente disposto a cooperar com as autoridades, buscando esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir. Acredito que a menção do meu nome está relacionada ao tempo que passei com o ex-presidente, mas reitero que não há fundamento para preocupações, pois não cometi nenhum crime", concluiu o senador capixaba.
Após a publicação da reportagem, a assessoria de Magno Malta enviou uma nota do senador sobre a acusação feita por Mauro Cid. O texto foi atualizado.
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