O vereador reeleito Davi Esmael (PSD) foi eleito presidente da Câmara de Vitória, nesta sexta-feira (1º), na primeira sessão da nova legislatura, já marcada por divergências entre vereadores. Ele encabeçou a chapa única protocolada e conseguiu o apoio de 13 dos 15 vereadores. Foram contrárias apenas as vereadoras Camila Valadão (PSOL) e Karla Coser (PT), que criticaram as articulações feitas pela chapa, para as quais alegaram não terem sido convidadas a participar.
A sessão também já deu uma amostra de que a polarização ideológica pode se tornar uma questão relevante no Legislativo de Vitória. Vários vereadores de direita, em seus discursos inaugurais, já saíram em defesa de bandeiras conservadoras e frisaram que pretendem ajudar o prefeito, com indiretas para as duas vereadoras.
Camila e Karla, por sua vez, também já marcaram posição, comemorando a vitória de duas mulheres, e sendo ambas de partidos de esquerda, já começaram a colocar suas pautas prioritárias. A Casa tem parlamentares de 12 partidos diferentes e a maioria deles já sinalizou que vai estar na base de apoio do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
A chapa eleita para comandar a Câmara de Vitória tem 7 componentes e recebeu a assinatura de mais 5 vereadores. Além de Davi na presidência, ela terá André Brandino (PSC) como 1º vice-presidente; Duda Brasil (PSL) como 2º vice-presidente; Gilvan da Federal (Patriota), 3º vice-presidente; Dalto Neves (PDT), 1º secretário; Luiz Emanuel (Cidadania), 2º secretário; e Delegado Piquet (Republicanos) como 3º secretário.
A chapa mesclou vereadores novatos e três dos cinco que foram reeleitos. A eleição da Mesa Diretora ocorreu em um segundo momento da sessão solene de instalação e posse. Primeiramente, foi realizada uma sessão para dar posse aos parlamentares, conduzida pelo vereador mais votado, Denninho Silva (Cidadania). Na sequência, a Câmara empossou o prefeito e a vice-prefeita, Lorenzo Pazolini e Capitã Estéfane, ambos do Republicanos.
Após uma pequena pausa, a sessão foi retomada para a eleição da Mesa. Agora, os vereadores entram em recesso e só retornam aos trabalhos em 1º de fevereiro.
Após a votação para eleger a chapa de Davi Esmael ter sido sacramentada, vereadores pediram para justificar o voto. Camila Valadão iniciou os debates destacando que desde o segundo turno das eleições, o bloco para essa chapa vinha sendo costurado e ela e Karla em nenhum momento foram consultadas sobre esse processo.
"É obvio que temos diferenças políticas, ideológicas, programáticas. Mas isso não significa desrespeito ou tentativa de exclusão, como foi feito por esse bloco de vereadores. Quando a cidade comemora, depois de décadas, a escolha de duas mulheres para essa casa de leis, a movimentação da base aliada do prefeito simplesmente ignora a participação dessas mulheres", criticou.
Em seguida, vereadores que apoiaram Davi saíram em defesa do grupo. O primeiro foi Gilvan da Federal (Patriota), que frisou que Davi é um cristão, conhece bem a Casa de Leis, e o que a vereadora do PSOL disse não seria verdade.
"Esse pessoal do PSOL é desse jeito. Comecem a se acostumar: dividir negro contra branco, homossexual contra hétero, pobre contra rico, e eles, já na primeira oportunidade, vão querer dividir. Não é só uma mulher que representa mulheres", afirmou.
Denninho Silva (Cidadania) também interveio e disse ter ido à casa de Karla Coser conversar com ela sobre as eleições. Armandinho Fontoura (Podemos) completou pontuando que Davi, além de decano, representa liderança, experiência e serenidade para conduzir o Legislativo.
"Temos que tirar a Câmara das páginas do noticiário, de ingerência, de delinquência de vereadores. Precisamos fortalecê-la. Vejo o sucateamento da estrutura da Câmara. Davi traz harmonia e responsabilidade para virar a página das piores presidências que já tivemos aqui, para termos realmente uma produção legislativa", afirmou. Armandinho, quando era servidor comissionado na Câmara, ocupou espaço no noticiário por bater ponto e sair sem trabalhar.
Karla Coser (PT) rebateu as declarações de Denninho: "O vereador Denninho esteve comigo, mas o candidato desta chapa é Davi Esmael. O vereador nunca me ligou, não falou comigo pessoalmente para propor. Eu e Camila somos mulheres diferentes. Gostaríamos de ser tratadas na nossa individualidade. A construção dessa chapa não foi feita da forma mais democrática, e nem com a unidade, que estão pregando construir".
O presidente eleito também discursou e prometeu agir para um Legislativo forte e responsável e se dirigiu às duas vereadoras.
"Camila e Karla, realmente há diferenças ideológicas absolutamente naturais no parlamento. Mas tenho certeza que a cidade nos une. O desafio posto em nossa frente exigirá a união do parlamento municipal, para que se apresente diante da cidade de Vitória como poder independente, ao mesmo tempo harmônico, e que possamos, no próximo biênio, juntos, ajudar a liderar a cidade", disse Davi Esmael.
Ele também destacou sua relação de proximidade com o prefeito Lorenzo Pazolini, que vem desde os tempos em que foram colegas de turma na faculdade. "Ele sabe que terá o meu apoio para batalhar pela cidade, porque fomos desafiados a aprender na marra, no ano passado, e não estamos isolados, dependemos uns dos outros. 2020 nos levou a pensar em soluções diferentes", afirmou.
Em um momento destinado para os vereadores discursarem livremente, eles aproveitaram para enfatizar algumas de suas prioridades e linhas de atuação. Camila Valadão falou sobre sua representatividade.
"Ao tomar posse como primeira vereadora negra eleita, eu carrego comigo uma multidão. A nossa cidade tem uma dívida histórica com a população negra, com as mulheres, com setores historicamente oprimidos e explorados e hoje nós vamos cobrar uma parte desta história, escrevendo mais um capítulo nesse livro, que terão os nossos nomes, Karla", disse.
Já o André Brandino (PSC) se posicionou contrário às abordagens focadas nas minorias, e sinalizou seu apoio ao prefeito.
"Queria dizer que essa Casa pode contar comigo para projetos que tenham definições coletivas, que não sejam vitimistas, excludentes, seja por cor, gênero ou outra causa, projetos que tenham fins que não sejam de construção, terão meu 'não'. Dizer para o Executivo que estou aqui para ser um aliado, e não um alienado. Posso ser oposição, mas não a todo custo".
Anderson Goggi (PTB) também se posicionou com interesse de compor a base do prefeito.
"Temos que trabalhar a geração de emprego e renda, e este humilde vereador se coloca à disposição do prefeito. O que for bom para a cidade, você terá esse vereador caminhando do seu lado. Estamos aqui para representar a periferia, levar assistência, trazer equilíbrio para a cidade de Vitória", disse.
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