Um novo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou , em um período de um mês, depósitos em dinheiro que somam cerca de R$ 96 mil na conta do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). A informação é da TV Globo.
O relatório encontrou 48 depósitos em espécie na conta de Flávio entre junho e julho de 2017, que somam cerca de R$ 96 mil, concentrados no terminal de autoatendimento da Assembleia Legislativa do Rio. Em diversas datas, foram identificados depósitos em valores idênticos na conta do parlamentar em intervalo de poucos minutos. Em uma das datas analisadas, por exemplo foram feitos dez depósitos de R$ 2 mil em um intervalo de cinco minutos.
O Coaf diz que não foi possível identificar quem fez os depósitos, mas afirma que o fato de terem sido feitos de forma fracionada pode significar a intenção de impedir a identificação da origem dos recursos. O novo relatório foi pedido pelo Ministério Público do Rio no dia 14 de dezembro e foi atendido no dia 17, um dia antes de Flávio Bolsonaro ser diplomado como senador. Procurado pela TV Globo, Flávio Bolsonaro não respondeu.
Por conta deste relatório, segundo a TV Globo, Flávio Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação das provas da investigação. Nesta quinta-feira, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, a pedido de Flávio Bolsonaro, a investigação do Ministério Público do Rio sobre as movimentações funanceiras do ex-assessor Fabrício Queiroz. Flávio argumentou que estava sendo investigado pelos promotores do Rio e que, por ter foro privilegiado, deveria deveria ser processado no STF pelo fato de que assumirá o mandato no Senado em poucos dias.
O primeiro relatório do Coaf apontou movimentações atípicas na conta de Queiroz , que atuava como motorista e segurança de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, ele movimentou R$ 1,2 milhão. O ex-assessor recebeu depósitos de oito assessores e ex-assessores do gabinete em sua conta. Queiroz é amigo de Jair Bolsonaro desde 1984 e acompanhava a família do presidente em festas, churrascos e pescarias.
Além disso, Queiroz empregou duas filhas, a atual mulher e a enteada no gabinete de Flávio Bolsonaro. Segundo o Coaf, foi identificada a realização de operações fracionadas em espécie, que poderiam servir para ocultar a origem e o destino dos recursos.
Queiroz faltou a dois depoimentos no MP do Rio, alegando problemas de saúde. No fim de dezembro, o policial militar da reserva se internou no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para tratar um câncer no cólon. Sua mulher e suas filhas também não compareceram aos depoimentos com os promotores, sob a justificativa de que tinham se mudado provisoriamente para São Paulo para acompanhar o tratamento. Flávio Bolsonaro também não prestou depoimento ao Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim) da Procuradoria-Geral de Justiça, que havia sugerido a data de 10 de janeiro. Como parlamentar, ele tem a prerrogativa de definir a data e o local onde seria ouvido pelos promotores.
Apesar das ausências, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, afirmou que o órgão pode denunciar os envolvidos mesmo sem ouvi-los , tendo como base provas documentais classificadas por ele como "consistentes".
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