> >
Em Vitória, Coser vai a Casagrande, Neuzinha fecha com Pazolini e Mazinho fica neutro

Em Vitória, Coser vai a Casagrande, Neuzinha fecha com Pazolini e Mazinho fica neutro

Já o PL, do ex-senador Magno Malta, avalia se poderia mais ajudar ou atrapalhar se apoiar Pazolini oficialmente no 2º turno. Veja o clima da nova etapa da campanha

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 20:35

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Lorenzo Pazolini (Republicanos) e João Coser (PT) percorreram bairros de Vitória em caminhadas e carreatas
Lorenzo Pazolini (Republicanos) e João Coser (PT) percorreram bairros de Vitória em caminhadas e carreatas durante a campanha no primeiro turno. (Linho Feletti e Sérgio Cardoso - Divulgação/Montagem A Gazeta)

A disputa pela Prefeitura de Vitória no 1º turno foi marcada por uma escalada de tensão e de troca de ataques, em especial entre os candidatos Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Fabrício Gandini (Cidadania), apoiado pelo prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e que acabou ficando na terceira colocação, por uma pequena diferença de votos. 

O embate deu lugar a um novo duelo no 2º turno, disputado entre Pazolini e João Coser (PT), no curto período de 13 dias. O petista, que foi poupado no 1º turno e optou por uma campanha mais leve e propositiva, sem participar da guerra particular travada entre os dois deputados estaduais, agora, junto com o PT, pode virar alvo de ataques mais pesados do lado adversário. 

As características ideológicas de cada candidatura vão ter maior peso nesta segunda etapa da eleição, como já tem ficado demonstrado por apoiadores nas redes sociais. E assim como o petismo será associado a Coser e seu projeto de governo,  o bolsonarismo e o conservadorismo já estão sendo relacionados ao projeto de Pazolini.

QUEM APOIA QUEM

Ainda nas primeiras horas de ressaca eleitoral, nesta segunda-feira (16),  já começaram as costuras para definir quem apoia quem. Neuzinha (PSDB), 6ª colocada no pleito, já fechou com Pazolini, o que não chega a surpreender. 

A vereadora de Vitória participou de articulações junto com o grupo do Republicanos desde a pré-campanha, e foi inclusive convidada pelo delegado para ser vice, mas optou pela candidatura própria. 

Vitória
Candidato a prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) e a vice Capitã Estéfane (Republicanos), em caminhada no 1º turno. (Jansen Dias Lube)

Capitão Assumção (Patriota) e Halpher Luiggi (PL) também são nomes que, se apoiarem alguém, devem caminhar com Pazolini, por terem perfil à direita, e cujos discursos seriam incompatíveis com uma aliança com o PT.  

No caso do PL, embora não haja dificuldade na aliança, a dúvida é se o apoio oficial do partido de Magno Malta poderia mais atrapalhar do que ajudar Pazolini, dada a rejeição por parte dos eleitores ao ex-senador. "No 1º turno, o PL tinha candidato, então Pazolini tinha um escudo sobre esta aliança. Agora, essa defesa acabou. Se o PL entender que ajuda, vamos juntos. Se entender que atrapalha, ficamos neutros", revelou uma liderança do próprio PL.

Em 2018, quando foi eleito deputado, Pazolini subiu diversas vezes no trio elétrico de Magno.

Mazinho (PSD), pessoalmente, decidiu que vai ficar neutro, mas o PSD decidiu fechar apoio a Pazolini. "Tendo em vista as críticas e apontamentos que fiz no 1º turno, vou tomar a posição de neutralidade. O eleitor de Vitória tem capacidade crítica alta e vai saber decidir bem quem será o prefeito da cidade", disse. Da mesma forma decidiu Coronel Nylton (Novo), por avaliar não ter afinidade com nenhum dos dois projetos, e que eles utilizam o fundo eleitoral.

Já João Coser pode contar com um apoio de peso: o do governador Renato Casagrande (PSB). Nesta terça-feira (17), ele foi ao Palácio Anchieta, para se reunir com o chefe do Executivo estadual. Após votar, no domingo, o governador não descartou participar de alguns palanques de aliados no 2º turno.

Na disputa pela Prefeitura de Vitória, João Coser (PT) votou no bairro Itararé, na manhã deste domingo (15)
Na disputa pela Prefeitura de Vitória, João Coser (PT) caminhou com a vice, Jackeline, e a filha, Karla Coser (PT), que foi eleita vereadora da Capital. (Ricardo Medeiros)

E, no caso de Vitória, vale lembrar que Pazolini é notório opositor do governador na Assembleia Legislativa. Ele também pertence ao grupo político do deputado federal Amaro Neto e do presidente da Assembleia, Erick Musso, ambos do Republicanos. Casagrande não apoiou explicitamente nenhum candidato no 1º turno na Capital, pois havia três nomes com afinidade política com ele concorrendo.

Um deles, Sérgio Sá, que é do partido do governador, terminou o pleito na 7ª posição e, de acordo com um dirigente partidário, deve seguir com Coser, como mostrou a coluna Vitor Vogas. Junto com Sá, devem ir junto pelo menos alguns partidos de sua coligação, como Rede (mais alinhado à esquerda) e PP (partido da base de Casagrande). "Estamos tentando conversar em bloco e talvez tenha um posicionamento meu. Há uma sinergia entre todos", afirmou o atual vice-prefeito de Vitória. 

Na sessão desta segunda, na Assembleia Legislativa, o pai dele, deputado José Esmeraldo (MDB), comentou sobre o resultado do pleito. "Em Vitória, saímos de uma eleição difícil, mas conseguimos atingir nossos objetivos. Aquilo que queríamos que fosse para o segundo turno foi. Se nós não tivéssemos coragem para falar aquilo que foi dito através dos nossos vídeos, com certeza hoje haveria uma modificação naqueles que estão em primeiro e segundo lugar."

O PCdoB, que teve como candidato Namy Chequer, decidiu nesta terça manifestar apoio e pedir votos para a candidatura de Coser. "A opção do PCdoB decorre do fato de a candidatura petista estar situada em nosso campo político, democrático e popular. Convocamos a militância para uma campanha a fim de derrotar as forças ligadas ao bolsonarismo, que hoje estão incorporadas à candidatura do delegado Pazolini", afirmou a sigla, por nota.

O PSOL, que teve a candidatura de Gilbertinho Campos a prefeito, bateu o martelo nesta quarta-feira (18), e também declarou apoio a Coser. Em nota, o partido destacou que "o objetivo é derrotar nas urnas o neofascismo e o ultraneoliberalismo. E ressalta que esse apoio não significa qualquer negociação de vagas, cargos ou apoio ao possível mandato da administração municipal do PT".

O QUE FARÁ GANDINI?

Terceiro colocado, com 1.201 votos a menos do que de Coser, Gandini também pode ter um importante papel na campanha de 2º turno, caso opte por não ficar neutro.

O candidato do Cidadania pode tentar transferir seu capital político, que lhe rendeu 36,1 mil votos. Devido à rivalidade com Pazolini, o único apoio possível no momento seria a Coser, que também tem com ele o ponto em comum de serem aliados do governo Casagrande. Resta verificar se os eleitores de Gandini estão dispostos a migrar para o candidato do PT.

A derrota de Gandini no 1º turno pode ter sido atribuída ao excesso de disparo de críticas e à agressividade da campanha, para aliados dele ouvidos por A Gazeta. "A reação de Gandini foi considerada mais violenta do que as críticas do Pazolini. Isso pode ter sido entendido como um sintoma de quem não aceita críticas. A tentativa de relacioná-lo com Gratz também soou como excessiva, incompatível com a realidade", disse um correligionário.

Última semana antes da eleição
Fabrício Gandini (Cidadania) em passeio no trio elétrico, na campanha do 1º turno. (Diego Alves)

Outro fator que interferiu foi a associação à gestão de Luciano, que não está com índices de aprovação tão expressivos. Pela última pesquisa Ibope, 35% avaliaram a gestão como boa ou ótima. 

Agora, para o 2º turno, algumas forças políticas devem cobrar um posicionamento explícito de Gandini e Luciano, inclusive como forma de retribuir o que foi feito nas eleições de 2016, quando o prefeito foi reeleito com um resultado muito apertado. 

"Luciano montou uma frente única no 2º turno para derrotar Amaro Neto. Agora, fica com essa dívida: como vai ficar de fora, contra um candidato de mesmo perfil, que ele mesmo classificava como 'ameaça'?  Vão preferir submeter a cidade ao candidato do Amaro? Fica incoerente não haver um envolvimento para apoiar Coser", afirma um analista político. 

Até o momento, Gandini se manifestou apenas por nota, desejando "boa sorte aos candidatos", não aceitou dar entrevistas e nem anunciou seu posicionamento. Luciano Rezende também não atendeu a reportagem.

O QUE ESPERAR DAS CAMPANHAS

Embora a discussão sobre petismo e bolsonarismo possa aparecer de forma mais expressa nas campanhas de Pazolini e Coser no 2º turno, os dois candidatos têm sinalizado que não pretendem realizar uma campanha agressiva como foi a do 1º turno e nem desejam explorar a polarização ideológica.

Pazolini, até o momento, não se associa de forma aberta à figura do presidente, embora isso esteja sendo feito por críticos à candidatura dele. Questionado sobre o tema nesta segunda-feira, Pazolini disse ter "postura de independência".

"Meu trabalho o Espírito Santo conhece. É um trabalho de mais de 15 anos. Sou independente, tenho minha linha de atuação e sempre vou fazer o que eu acredito. Meu compromisso é com o morador de Vitória e do Espírito Santo", disse. O deputado declarou ainda que a estratégia de campanha sempre foi "debater a cidade de Vitória de maneira propositiva e cordial" e que "vai para o diálogo."

No ano passado, Pazolini homenageou a ministra da Mulher do governo Bolsonaro, Damares Alves

Coser também afirmou que não pretende focar a nacionalização do debate, mas acredita que ela é natural no 2º turno. "São projetos antagônicos, com perfis diferentes, e a população terá a oportunidade de escolher. Agora, os projetos serão comparados, teremos confronto de ideias. A minha história é de 40 anos na política, tive aliança de 7 partidos no primeiro mandato e 14 no segundo. Estamos dispostos a incorporar ideias como programa de governo", declarou. 

O petista disse ainda que não pretende realizar ataques. "O mundo está tão machucado. Não tem ambiente para mentira, para brigas. Na campanha, quis mostrar minha experiência e, principalmente, o que tenho condições de fazer por Vitória, pelos bairros populares. Meu objetivo é cuidar das pessoas. Estou a fim de paz. Não me interessa a vida pregressa do candidato, temos que debater o agora", disse.

O 2º segundo turno das eleições está marcado para o domingo do dia 29 de novembro, e também vai ocorrer nas cidades de Vila Velha, Serra e Cariacica. 

A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativa ao segundo turno, para a Capital e para Vila Velha, retorna na próxima sexta-feira (20) e vai até o dia 27 de novembro. Cada candidato terá o mesmo tempo, de 5 minutos.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais