O empresário de Vila Velha Valfrido Chieppe Dias, preso na manhã desta sexta-feira (27) na terceira fase da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal, foi a pessoa que alugou um ônibus para levar bolsonaristas do Espírito Santo a Brasília no último dia 8 de janeiro e que foi apreendido na capital federal após a invasão de prédios dos Três Poderes.
O veículo foi contratado por intermédio da empresa Squad Viagens e Turismo, pertencente ao grupo Águia Branca e localizada no bairro Vila Capixaba, em Cariacica. Como já noticiado por A Gazeta, a empresa teve seus bens bloqueados no dia 12 de janeiro por decisão da Justiça Federal do Distrito Federal, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), fazendo parte da lista com mais de 50 outras empresas e pessoas suspeitas de financiar o fretamento de ônibus.
Na ocasião, a Squad e o Grupo Águia Branca negaram qualquer financiamento e explicaram que foram contratadas para prestar o serviço.
A Gazeta apurou que o contrato foi feito por Valfrido. Apesar de ele ter o mesmo sobrenome dos proprietários do Grupo Águia Branca, as informações obtidas são de que ele não mantém relacionamento com a família.
Por nota, o Grupo Águia Branca informou que Valfrido “não faz parte do quadro societário da empresa”.
A Gazeta apurou que o ônibus foi fretado pela Squad e levou para Brasília 45 passageiros. É um veículo Mercedes Paradiso, com placa QRD0J86, do Rio de Janeiro (RJ), registrado pela Viação Águia Branca.
A reportagem teve acesso a um vídeo feito dentro do ônibus na viagem de ida de Vila Velha para Brasília. O vídeo foi publicado nas redes sociais por Ivan Lúcio Passos, um bolsonarista que esteve nos atos no Distrito Federal e era presença frequente no acampamento golpista montado em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército, na Prainha.
Nas imagens, é possível ver os passageiros no interior do ônibus cantando o Hino Nacional; a data 07/01/23, ou seja, um dia antes dos ataques em Brasília; e os dizeres "Brasília terá uma nova história".
Além desse veículo, apreendido em Brasília após os atos, um outro ônibus foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sete Lagoas (MG), ao voltar da capital federal. Esse outro tem placa de Montanha (ES) e pertence à empresa Bredoff Transporte Turismo.
No dia 8 de janeiro, Valfrido postou um vídeo (veja acima) nas redes sociais em que afirma ter sido atingido com uma bala de borracha no rosto. "[...] bala de borracha no meio da cara. Mas o Congresso está sendo destruído, olha lá. Estamos quebrando tudo", diz no vídeo.
As imagens não estão mais disponíveis nas redes sociais do empresário. No Instagram dele, não há mais fotos desde maio de 2022. Contudo, é possível ainda encontrar registros de Valfrido em uma motociata na terceira ponte no dia 7 de setembro de 2021.
Valfrido Chieppe Dias, que também é ex-integrante da Polícia Militar do Espírito Santo, foi preso em sua casa, na Ilha das Flores, Vila Velha. O ex-PM passou por exame de corpo de delito no Departamento Médico Legal da Polícia Civil, em Vitória, e em seguida, foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória 2, em Viana.
Além da prisão de Valfrido, a Polícia Federal também cumpriu um mandado de busca e apreensão contra outra pessoa em Vila Velha, outro em Cariacica, além de dois em Pancas. Os nomes não foram informados.
No Espírito Santo foi determinado o cumprimento de quatro mandados de prisão e oito de busca e apreensão. Em todo o país, no total, estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal.
A reportagem de A Gazeta tenta contato com familiares e a defesa de Valfrido, mas ainda não teve retorno.
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