O clima na Assembleia Legislativa ficou pesado entre o ex-líder do governo Enivaldo dos Anjos (PSD) frente ao novo líder, Eustáquio de Freitas (PSB), e o deputado Fabricio Gandini (PPS), durante a sessão desta segunda-feira (02), a primeira depois da eleição da mesa diretora, na semana passada. Vestido de botas e chapéu de palha, Enivaldo criticou uma postagem nas redes de Gandini e disse que iria para a briga com ele "política ou fisicamente".
Magoado com a sua destituição do cargo, no último sábado (30) quando o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou Freitas como novo líder, Enivaldo acusou o governo de plantar notas na imprensa o culpando pela derrota na eleição em que Erick Musso (Republicanos) saiu vitorioso.
"Falaram que eu não avisei aos deputados da base para votar contra a chapa de Erick. Como eu faria isso se o Freitas, que é do partido do governador, estava inscrito? O deputado Gandini se prestou de botar notinha nas redes sociais pra me gozar. Deputado, não entre em conflito comigo porque eu sou um homem que tenho disposição para dialogar e para brigar, tanto politicamente quanto fisicamente. Não tente nem o senhor e nem a secretária (de Comunicação) Flávia Mignoni pregar alguma pecha em mim", afirmou em plenário.
Freitas tentou interromper Enivaldo ao ser citado e alegou que só entrou na chapa após ela ter sido eleita. "Fiz isso para o governo Casagrande estar de alguma forma representado na mesa", argumentou. Erick Musso, no entanto, disse que Freitas estava na chapa quando ela foi à votação.
"Pode dizer que fui destituído, eu não ligo. Só fui para a liderança porque Casagrande me implorou. Sou cachorro doido, sempre fui independente, não estou aqui para resolver o problema do governador. Eu tentei uma saída, disse para o Erick não fazer a eleição, mas ele tem os motivos pessoais dele para ter chamado e ele é que vai ter que explicar depois", discursou.
Gandini pediu a palavra. Ele negou ter ido às redes para debochar de Enivaldo. "Não entendi como você se ofendeu ao adjetivo que fiz ao novo líder de governo. Não vou pra briga física como vossa excelência citou. Eu tenho caráter e exijo respeito. Faça o que quiser do seu mandato, que eu faço o quiser do meu", respondeu o aliado de Casagrande, que deixou a Assembleia direto para o Tribunal de Justiça, onde irá protocolar uma ação pedindo a anulação da eleição da Mesa Diretora.
Nesta segunda, Enivaldo chegou ao plenário vestindo botas e um chapéu de palha, com uma sacola de plástico nas mãos. Da sacola, retirou um autorama, montou a pista sobre a mesa diretora e ligou o carrinho de brinquedo, que ficou a sessão inteira dando voltas no circuito.
"O meu brinquedinho é recomendação médica para eu não me estressar. A minha bota e o meu chapéu é um protesto em apoio aos cafeicultores que não estão aguentando pagar os custos das produções no interior", justificou.
Ao subir na tribuna da Casa, Enivaldo reclamou que "por ter deixado a liderança, não estavam mais servindo água para ele".
"Vou tomar essa que é do Torino Marques (PSL), que discursou antes de mim. Sei que ele tem boa saúde", brincou. Freitas rebateu, "essa água é minha", e Enivaldo respondeu, após dar um gole no copo: "agora eu estou mais preocupado".
Em um primeiro dia como líder, Freitas minimizou o conflito e disse que não há dificuldades em defender o governo Casagrande no plenário. "Vi Enivaldo se despedindo da liderança. Não foi legal a forma como se despediu, mas não guardo mágoa nenhuma. Enivaldo toda vida foi um parceiro, ele é um cara autêntico, é melhor você lidar com alguém autêntico do que alguém covarde. Não tem mágoa", contou.
Quem se magoou mesmo foram alguns deputados mais ligados a base de Erick Musso. Marcelo Santos (PDT), Vandinho Leite (PSDB) e Lorenzo Pazolini (sem partido) defenderam Enivaldo e criticaram a forma como foi destituído.
"Ficou um clima muito pesado dentro do plenário. Fui falar com Enivaldo e prestei minha solidariedade a ele pela forma como ele foi tirado da liderança, no meio de um sábado a tarde. Uma falta de respeito. Essa é uma visão minha e de outros deputados", disse Pazolini, que botou de lado os embates com Enivaldo, quando o ex-líder defendia o governo e o abraçou.
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