A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) uma operação para investigar a atuação de uma organização criminosa na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). Um dos alvos da investigação é a senadora Rose de Freitas (MDB).
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no apartamento funcional da parlamentar, onde ela mora em Brasília, e em uma residência em Vitória. Duas pessoas foram presas, entre elas um dos irmãos de Rose de Freitas, que até 2019 ocupava um cargo comissionado na Codesa.
A Operação foi autorizada pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, já que Rose possui foro especial por ser parlamentar. A senadora nega ter cometido qualquer ato ilícito. A investigação está sob sigilo.
Confira o que se sabe até o momento:
A Operação Corsários investiga casos de corrupção na Codesa e contou com a participação de 44 policiais federais. Dois mandados de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências e empresas no Espírito Santo, nos municípios de Vitória, Cariacica e Serra, e também em Brasília.
São investigados os crimes de concussão, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, fraude a licitações e lavagem de capitais.
A Polícia Federal não divulgou o nome dos presos, mas a reportagem apurou que Edward Dickson de Freitas, irmão da senadora Rose de Freitas, e Ricardo Saiter Mota, primo e assessor parlamentar dela, foram presos após mandados de prisão temporária serem expedidos pelo STF.
Durante a operação, uma terceira pessoa foi presa em flagrante em Brasília por porte ilegal de arma de fogo. Como o crime é afiançável, ela pagou a fiança e foi liberada. O valor não foi divulgado.
A investigação teve início a partir de uma denúncia de exigência de vantagens ilícitas por servidores da Codesa em um contrato de locação de veículos. Os crimes teriam acontecido entre os anos de 2015 e 2018, com direcionamento de certames e desvio de recursos públicos dos contratos firmados com as prestadoras de serviços.
Segundo a Polícia Federal, a Codesa estima que somente em dois dos contratos auditados a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões. Os valores são fruto de uma auditoria realizada pela atual gestão.
A investigação revelou, de acordo com a Polícia Federal, a existência de uma organização criminosa na estatal, formada por pessoas que atuavam em cargos-chave da Codesa, permitindo a interferência nas licitações, o superfaturamento e o desvio de dinheiro público.
Ainda, segundo a PF, para receber os recursos desviados, o grupo investigado utilizava um escritório de advocacia, responsável por simular a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesse escritório, que não teve o nome divulgado.
De acordo com a Polícia Federal, a lavagem do dinheiro ilegal também acontecia por meio da compra de imóveis de luxo e do pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
A investigação da Polícia Federal aponta que a senadora era quem nomeava pessoas na Codesa com a finalidade de desviar recursos públicos da área portuária.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência da senadora em Fradinhos, em Vitória, e no apartamento funcional onde ela reside, em Brasília. Computadores e documentos foram apreendidos.
Segundo a Polícia Federal, as nomeações feitas pela parlamentar aconteceram durante a gestão de 2015-2018. Elas aconteciam devido à influência política que a senadora tinha na estatal, indicando nomes para ocupar cargos comissionados.
Nesse período, tanto o irmão de Rose quanto o primo, que hoje atua como assessor parlamentar, faziam parte do grupo de funcionários da Codesa. Edward era coordenador de serviços gerais e Ricardo era coordenador de marketing. Os dois foram exonerados em 2019.
A Codesa é uma estatal do governo federal que administra o Porto de Vitória e tem sede em Vitória. Nos bastidores da política capixaba, é conhecida como o órgão em que Rose de Freitas possui maior influência.
A estatal disse que não iria comentar a investigação e que as informações seriam passadas pela Polícia Federal.
A senadora Rose de Freitas nega que tenha cometido qualquer ato ilícito durante os oito mandatos que exerceu no Parlamento. Ela disse ter sido surpreendida pela ação da Polícia Federal no apartamento em Brasília e pela prisão do irmão e do assessor parlamentar.
Rose afirma que desconhece a razão do mandado e que identifica um tentativa de desabonar a honra e dignidade dela. "Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão."
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