O recesso dos deputados estaduais ainda não acabou e a eleição para a Mesa Diretora que vai comandar a Assembleia Legislativa pelos próximos dois anos é só no dia 1º de fevereiro. A esta altura, no entanto, as articulações para formação de chapa já estão a todo vapor.
Enquanto parte dos deputados apoia o nome do atual presidente, Erick Musso (Republicanos), para a reeleição, outro grupo, formado por nomes aliados ao governador Renato Casagrande (PSB), começa a se articular e se reunir com o chefe do Executivo estadual para tratar de um possível nome para disputar a presidência.
De acordo com parlamentares, os encontros entre Casagrande, o chefe da Casa Civil, Davi Diniz, e alguns deputados tiveram início nesta quarta-feira (6) e devem seguir até sexta (8). Foram convidados parlamentares que são da base governista e que são cotados para concorrer à presidência com o apoio do Palácio Anchieta.
Foram ventilados como parte do bloco os nomes de Fabrício Gandini (Cidadania), Freitas (PSB), o atual líder do governo na Casa, Dary Pagung (PSB), Emílio Mameri (PSDB), Luciano Machado (PV) e Alexandre Quintino (PSL). Quintino, aliás, já confirmou à reportagem o interesse de concorrer à presidência.
"Já temos uma conversa com alguns deputados, não tem um nome específico que vai concorrer como cabeça de chapa. Mas temos bons nomes, de deputados que são mais aliados ao governo. Meu nome está à disposição para presidência ou mesmo secretaria. Tenho dito isso desde o ano passado. Mas não sou o único", afirmou.
Apesar de ser do PSL, partido que em âmbito nacional se posiciona no lado contrário do espectro político do PSB, Quintino tem se aproximado do governador e sua legenda. Como presidente estadual do PSL, costurou alianças entre os dois partidos em alguns municípios do Estado nas eleições municipais de 2020. Quintino foi um dos primeiros convidados para a conversa no gabinete de Casagrande.
Falta pouco, mas ainda dá tempo para uma reviravolta. As conversas dos próximos dias serão decisivas.
Entre os deputados que apoiam Erick, o principal consenso é sobre sua "boa gestão". Mesmo deputados que são próximos de Casagrande, como Janete de Sá (PMN), afirmam que apoiam a reeleição do presidente e não veem motivos para tirá-lo do cargo. Interessada em integrar o secretariado na chapa, Janete se diz satisfeita com a atuação do republicano.
"Erick é um bom presidente. Aberto ao diálogo, sabe conduzir a Casa. Não vejo motivos para não votarmos por uma reeleição. Tenho interesse de assumir como secretária, sim. Pela minha experiência e a importância de ter mulheres na Mesa. Mas não pleiteio a presidência e não sei se outro deputado vai querer pleitear", disse por telefone.
Compõem a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo o presidente, o 1º e o 2º secretários, eleitos a cada dois anos pelos deputados estaduais. Para substituir o presidente são eleitos o 1º e o 2º vice-presidentes. Já para suprir a falta do 1º e do 2º secretários são escolhidos o 3º e o 4º secretários. Quem tem poder de decisão mesmo é o presidente. Basta a assinatura dele para chancelar os atos administrativos.
Em novembro de 2019, em uma eleição que pegou muitos deputados de surpresa, Erick foi reeleito, com 450 dias de antecedência, para dirigir a Casa até janeiro de 2023. A votação aconteceu dois dias após os deputados aprovarem uma mudança na Constituição Estadual e, assim, permitirem que a eleição fosse feita a qualquer momento.
Na ocasião, dos 29 deputados presentes, 24 votaram a favor da chapa e cinco contra. Theodorico Ferraço (DEM) não estava presente. Entre os que votaram contra estavam Gandini, Luciano Paiva e Dary Pagung, três dos que agora são apontados como parte do bloco que tenta compor uma chapa contrária. Também foram contrários à eleição Iriny lopes (PT) e Sergio Majeski (PSB).
O movimento, no entanto, não pegou bem, foi alvo de críticas e ações na Justiça. O próprio Casagrande criticou abertamente a manobra. Por fim, Erick Musso cancelou a eleição relâmpago.
A gestão de Erick não é vista como de oposição ao governo Casagrande. Parlamentares apontam, inclusive, que com exceção de alguns deputados "mais radicais", o governador tem um bom fluxo com "quase todos" que compõem o plenário.
Na cerimônia de posse dos deputados suplentes, que estão assumindo a vaga de ex-parlamentares eleitos prefeitos, o presidente da Casa fez um discurso em que reafirmou a "parceria" entre os Poderes e que Casagrande poderia "continuar contando com a Assembleia."
"Não existe chapa de oposição ao governo. Erick é um grande parceiro de Casagrande e todas as pautas do Executivo foram recebidas, discutidas, com diálogo", pontua um dos deputados.
A reportagem tentou, sem sucesso, contato com o secretário da Casa Civil, Davi Diniz e com Erick Musso.
O crescimento político do grupo de Erick Musso e de seu partido, o Republicanos, no entanto, é apontado nos bastidores como uma possível preocupação de Casagrande. Segunda sigla que mais elegeu prefeitos em 2020, inclusive o da Capital, Lorenzo Pazolini, as movimentações do grupo sugerem que pode surgir um nome para disputar o governo com Casagrande em 2022.
"Erick tem sido um grande parceiro mesmo. Mas é muito importante que o governador tenha um aliado na presidência da Assembleia. Os Poderes são independentes, mas o governador tem todo direito de se movimentar. Temos, agora, quatro deputados do PSB na Casa. Vamos conversar com todos", afirmou uma liderança do PSB.
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