O governador Renato Casagrande (PSB) afirma que o Estado já consultou alguns laboratórios de países que produzem vacinas contra Covid-19 sobre a compra de doses extras. O governo estadual, se houver disponibilidade, vai adquirir vacinas, além daquelas que devem ser distribuídas pelo governo federal.
A iniciativa é para agilizar a vacinação da população. Casagrande diz que pretende se valer de uma lei aprovada na Assembleia Legislativa que permite que o Estado compre vacinas que tenham sido aprovadas por entidades internacionais de regulação, como a FDA (Food and Drug Administration), agência dos Estados Unidos, ainda que não tenham passado pelo crivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"O que acontece é que toda produção de laboratório está comprometida com planos nacionais, seja no Brasil ou em outros países. A prioridade é a venda para governos centrais, o que está correto", complementa Casagrande.
A declaração foi dada em entrevista para A Gazeta, logo após o governador ser questionado se compraria vacinas aprovadas por agências internacionais, ainda que não pela Anvisa.
Casagrande também projetou que a vacinação no Espírito Santo pode começar na segunda semana de fevereiro de 2021. É uma possibilidade levantada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante uma conversa com próprio Casagrande no último dia 16, no lançamento do plano nacional de vacinação contra a doença.
Os primeiros a serem vacinados no Estado serão os profissionais da saúde e os mais idosos, acima de 80 anos. O governador disse que a decisão do governo federal de aceitar todas as vacinas liberadas pela Anvisa representa um rompimento da "barreira ideológica" sobre o tema.
"Estive com o presidente da República e com o ministro da Saúde e é possível que as vacinas possam chegar até o final de fevereiro, na segunda quinzena de fevereiro. Em um número pequeno, em uma quantidade pequena, mas é possível que chegue e a gente possa vacinar profissionais da saúde e pessoas de mais idade, acima de 80 anos. A decisão tomada pelo governo é de considerar todas as vacinas liberadas pela Anvisa, era o pleito que os governadores estavam pedindo e eles acataram. Ultrapassamos com isso uma barreira ideológica que estava limitando a atuação do governo federal", afirmou.
Questionado se o Estado já havia entrado em alguma fila de espera para a compra das vacinas, o governador disse que essa opção ainda não foi disponibilizada pelos laboratórios, que estão priorizando os governos centrais, mas que o governo tem mantido contato com as empresas.
Com o número de casos voltando a aumentar, Casagrande também disse que vai reforçar com os prefeitos eleitos, que iniciam novos mandatos em 2021, para se empenhem na fiscalização do cumprimento das medidas restritivas devido à pandemia. Ele avalia que, diferentemente do início do surto, quando se sabia menos sobre o vírus, agora os capixabas conseguiram encontrar uma forma de se cuidar ao frequentar estabelecimentos comerciais e que não será necessário adotar medidas mais restritivas ao setor.
"A gente está desenvolvendo medidas de restrição com um nível de conhecimento maior. Achamos que a atividade do comércio pode ter um ambiente totalmente controlado. Não há de nossa parte a necessidade de fazer restrição total a ambiente que tem controle, onde dono, funcionários e clientes cumprem os protocolos que nós determinamos, de uso de máscara, de higiene e de não aglomeração. Se isso for seguido, a atividade econômica ligada a comércio, indústria e serviço podem permanecer abertas sem ações radicais. Agora, em ambiente que não tem controle, onde pessoas não usam máscaras, como shows, por exemplo, lugares onde tem bebida, onde as pessoas se concentram para dançar ou ouvir música, a gente entende as dificuldades desse setor, mas esses locais precisam de mais restrições", ressalta.
Casagrande chama a atenção para que a população redobre os cuidados durante as festas de final de ano e o verão, época em que, culturalmente, as pessoas se encontram com maior frequência.
"Estamos em uma época de Natal, Ano-Novo e verão, em que as pessoas se encontram e confraternizam, aglomeram e fazem festas. Se adotarmos as mesmas práticas que adotamos nos verões passados, vamos ter um período triste de muitas internações e muitos óbitos. Será um verão, infelizmente, ainda de gestão de pandemia. As vacinas não chegarão a tempo de vacinar todo mundo", alerta.
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