Encerrado o prazo para o registro de candidaturas para as Eleições de 2022, uma análise no perfil dos candidatos revela mais de 90 nomes das áreas de segurança e da saúde no Espírito Santo. São 45 médicos, enfermeiros e técnicos de Enfermagem, todos tentando uma vaga no Legislativo estadual ou federal. Número equivalente é o de representantes das polícias Civil, Militar e Federal, tanto para cargos majoritários quanto proporcionais.
Nas últimas eleições gerais, em 2018, havia 833 candidatos no Estado, dos quais 78 eram das áreas de segurança e saúde, representando 9,3% do total. Neste ano, são 758 pleiteando uma vaga e 94 deles com esses perfis, o equivalente a 12,4%. Um crescimento proporcional de 33,3%.
Para atrair o eleitorado, naquele ano ou agora, alguns candidatos da saúde registraram o nome de urna acompanhado da titulação "doutor" ou a abreviação "dr". Outros fazem referência ao local em que trabalham para estabelecer uma identificação com o eleitor.
Particularmente sobre o atual período eleitoral, que se desenrola após mais de dois anos de pandemia da Covid-19, em que profissionais de saúde assumiram rotinas exaustivas para atender à demanda, era de se esperar que candidaturas com essa plataforma fossem apresentadas para representar a categoria. O cientista político Antônio Carlos de Medeiros, entretanto, disse que ainda não é possível determinar uma relação direta entre a crise sanitária e candidaturas na saúde.
Ele observa que a bancada da saúde tem peso na Câmara Federal há alguns anos e, gradativamente, esse movimento seguiu para os Estados. O Espírito Santo, em sua avaliação, acompanhou essa movimentação, independentemente da pandemia.
Mais engajamento, aponta Antônio Carlos, demonstra a área de segurança. O cientista político lembra que o setor também se fortaleceu a partir de Brasília, com a chamada "bancada da bala". A tendência de crescimento começou ainda em 2014, foi ganhando densidade pouco a pouco no Congresso Nacional e nos Estados e se consolidou com a chegada de Jair Bolsonaro (PL) à presidência. O que se revela nos números locais: em 2018, havia 30 candidatos e, agora, somam 49.
"O movimento confirmou o fato de que o espectro político de direita começou a se manifestar mais explicitamente e, consequentemente, como a segurança é uma pauta importante para esse segmento, acabou crescendo", pontua.
No Espírito Santo, há candidaturas da segurança para governador, vice, deputado federal, deputado estadual e senador, isto é, em todos os cargos em disputa neste ano. Eles se identificam pelas patentes, se são da PM ou dos Bombeiros, ou pela função nas polícias, como delegado e perito criminal.
Há até referência à própria corporação no nome de urna, o que é vedado pela legislação. A Resolução nº 23.609 do TSE, de 2019, proíbe "o uso de expressão ou de siglas pertencentes a qualquer órgão da administração pública federal, estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta".
Antônio Carlos observa ainda que tanto saúde quanto segurança são pautas de interesse e preocupação da população de maneira geral, o que também contribui para maior adesão do eleitorado a candidaturas que se apresentam com esse perfil.
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