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Ex-assessores dizem que vereador da Serra pedia dinheiro para eleição

Ex-assessores dizem que vereador da Serra pedia dinheiro para eleição

Audiência de instrução foi realizada nesta segunda-feira (04). Geraldinho Feu Rosa está afastado por suspeita de pedir parte dos salários dos funcionários para ações alheias à atuação do Poder Legislativo

Publicado em 6 de novembro de 2019 às 05:43

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Em vídeo, vereador Geraldinho Feu Rosa pede parte dos salários dos servidores. (Reprodução/Vídeo)

Ex-funcionários do gabinete do vereador afastado da Serra José Geraldo Carreiro, o Geraldinho Feu Rosa (ex-PSB), prestaram depoimento à Justiça, na segunda-feira (04), e reiteraram que o parlamentar arrecadou parte dos salários da equipe. Testemunhas selecionadas por ele negaram a arrecadação com fins eleitorais, mas confirmaram repasses para finalidades assistencialistas como distribuição de cestas básicas e pagamentos de despesas alheias. Mas os ex-funcionários escolhidos pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para testemunhar disseram que o interesse era a eleição de 2020.

Com os depoimentos, chegou ao fim a chamada fase da instrução processual. O vereador, fora da Câmara da Serra desde junho, poderá ser, em breve, condenado ou absolvido no processo que responde por suspeitas de improbidade administrativa. A investigação chegou a um vídeo, feito por um ex-funcionário, no qual Geraldinho aparece falando sobre receber parte dos salários dos comissionados - prática popularmente conhecida por "rachid". 

"Isso aqui é para a campanha. O meu também é para a campanha. Se nós tivermos que fazer qualquer negócio de festa, é independente desse dinheiro aqui. O dinheiro não é meu não", diz, em trecho da reunião gravada em outubro de 2018.

A apuração do MPES identificou uma planilha na qual eram lançados os recolhimentos - com datas anteriores à fatídica reunião gravada. O título do documento era "Projeto 40.000". Esse foi o número de urna usado por Geraldinho em 2016. 

Na reunião, o vereador mencionou até como se dariam os pagamentos, conforme os salários de cada comissionado. Funcionários com salários de até R$ 1,5 mil pagariam R$ 150. Quem ganhasse acima de R$ 2 mil repassaria R$ 200. O chefe de gabinete repassaria R$ 250. 

O órgão ministerial aponta atos de improbidade administrativa com uso de assessores e dependências da Câmara com finalidade eleitoral. É um rachid que avalia como abuso de poder político.

A defesa sustenta que a arrecadação sempre foi voluntária, os assessores não eram obrigados a entregar partes dos salários. Confirma, porém, o uso assistencialista do recurso, o que não entende como ato de improbidade. O vídeo, frisa a defesa, é referente a uma segunda etapa dos pedidos, que teriam ficado apenas na conversa, sem recolhimento efetivo. 

"O Geraldo é inocente. Ele é um pedreiro, uma pessoa muito simples. Dois assessores exonerados viraram desafetos e colocaram que contribuição era obrigatória, mas outros 15 dizem que era voluntária. A nossa linha é que, na primeira fase, houve voluntariedade e, na segunda, quando houve o vídeo, ele foi induzido a ter aquela conversa", afirmou o advogado Helio Deivid Maldonado. 

Com o fim da instrução, Maldonado pediu para que a Justiça restabeleça o mandato de Geraldinho Feu Rosa. A juíza Telmelita Guimarães Alves abriu prazo para que o MPES se manifeste a respeito. 

OS DEPOIMENTOS

A defesa de Geraldinho selecionou duas pessoas, ex-funcionárias, para serem ouvidas na segunda. Uma falou na condição de testemunha, outra na de informante. Ambas disseram não haver retaliação para os comissionados que não retirassem parte dos salários. O dinheiro era usado para ações assistencialistas como pagar conta de luz de pessoas que pediam ajuda, alugar ônibus para velórios e comprar cestas básicas.

"O dinheiro era para compra de cestas básicas, aluguel de ônibus para velório, pagamentos de conta de luz de pessoas que apareciam pedindo ajuda, financiamento da campanha de liderança comunitária. Também foi utilizado para uma confraternização em pizzaria. Também era utilizado para fazer festas de aniversários dos servidores", disse a a mulher.

As testemunhas selecionadas pelo MPES, porém, afirmaram que os repasses eram obrigatórios, sob pena de perder o emprego no gabinete. 

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"Eu disse que não ia contribuir e o vereador disse que me exoneraria", afirmou uma ex-funcionária. "A cobrança estava vinculada à permanência no cargo", contou outro. "Na última reunião, o vereador foi categórico em afirmar que o dinheiro era para a campanha de reeleição de vereador de 2020", frisou outro. 

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