Sem mandato desde janeiro de 2019, o ex-governador Paulo Hartung (sem partido) que, em outros momentos em que esteve na planície, subiu em palanques para ajudar a eleger aliados, desta vez não participa diretamente do pleito municipal. E, de acordo com seus aliados mais próximos, isso não deve mudar.
Em 2016, mesmo ainda à frente o Palácio Anchieta, ele chegou a comparecer, na reta final, a um evento da campanha do deputado estadual Erick Musso (Republicanos), em Aracruz. Erick não se elegeu prefeito.
Hartung já exerceu oito mandatos, ocupando cargos no Legislativo e no Executivo. Foi prefeito de Vitória, deputado estadual e federal, senador e governador. E é uma das maiores lideranças políticas do Espírito Santo.
Ele hoje preside a Indústria Brasileira de Árvores (IBA), passa a maior parte do tempo em São Paulo, mas segue atento às movimentações políticas, principalmente no cenário nacional. É conselheiro, por exemplo, do apresentador de TV Luciano Huck, cotado para disputar a Presidência da República em 2022.
Mas, no Espírito Santo, se Hartung tem agido em prol de algum candidato, tem feito isso de forma muito sutil, longe dos holofotes. Bem diferente, por exemplo, do que ocorreu em 2012, quando também estava sem mandato.
Naquele ano, o ex-governador subiu no palanque do então prefeito Edson Magalhães (na época filiado ao PPS), que tentava a reeleição em Guarapari. Na ocasião, Hartung disse que "estava livre, leve e solto" para apoiar candidatos, já que não estava no comando do governo do Estado.
Pessoas mais próximas ao ex-governador garantem que ele não tem se envolvido no processo eleitoral, nem mesmo em benefício de antigos aliados ou de seus ex-secretários, como é o caso de Coronel Nylton (Novo), que disputa a Prefeitura de Vitória.
A candidatura do militar é apoiada por membros do primeiro escalão do último governo Hartung, mas, de acordo com eles, não há participação do ex-chefe do Palácio Anchieta.
"O grupo político foi convidado a pensar em candidatos para apoiar na Grande Vitória, mas acabou que isso ficou concentrado no Coronel Nylton. Hartung sabe disso, mas não participou das articulações e nem tem dado orientações", declarou um aliado.
Nas redes sociais, o ex-governador costuma comentar política nacional e até mesmo internacional. Sobre o pleito nos municípios, limita-se a falar sobre gestão e desafios na pandemia. Não manifesta qualquer tipo de opinião sobre candidatos.
O distanciamento de um político tão influente na política local é explicado por aliados como uma estratégia de trabalho, impulsionada pelo desinteresse em concorrer a qualquer cargo no Estado. O Paulo está em outra, encerrou um ciclo. O foco é a política nacional", comenta um aliado político.
"Ele está trabalhando na área privada, tocando projetos, muito mais voltado para o cenário nacional. É claro que ele tem as preferências dele, mas não vai se manifestar, afirma Lelo Coimbra, que presidiu o MDB na época que Hartung era filiado.
Essa postura, contudo, é criticada por alguns. "Na minha opinião, uma liderança do tamanho dele tem que se manter viva, mesmo que não queira mais participar de eleições. Entendo que faz parte da estratégia de trabalho que ele escolheu, mas não acho que foi uma boa escolha", afirmou um amigo do ex-governador.
Paulo Hartung está sem partido desde 2018, quando se desfiliou do MDB. Desde então, tem trabalhado em projetos na iniciativa privada, dado palestras e escrito artigos analisando a conjuntura econômica nacional.
Atualmente, mantém sua vinculação com a política por meio da atuação em movimentos como o RenovaBR do qual Luciano Huck também faz parte. Especula-se uma parceria entre Hartung e o apresentador de TV no pleito para presidência. O ex-governador diz não ter mais interesse em cargos eletivos, mas costuma desconversar quando questionado sobre 2022.
Mas se o ex-governador não se manifesta publicamente sobre o assunto, seus aliados políticos estão presentes em campanhas, inclusive pedindo votos.
Haroldo Corrêa Rocha e Anselmo Tozi, ex-secretários de Educação e Saúde, respectivamente, têm participado na elaboração de projetos de governo de alguns candidatos, com destaque para Coronel Nylton, com quem trabalharam na última gestão de Hartung.
Além deles, Régis Mattos, que atuou na Secretaria de Estado de Economia e Planejamento, também tem colaborado.
Nesta semana, Haroldo gravou um vídeo pedindo voto para Coronel Nylton, na Capital, e Marcos Bruno (Rede), em Cariacica. Na gravação, ele chega a citar o nome do ex-governador, dizendo que sempre esteve junto de Hartung em suas administrações. Atualmente, Haroldo é secretário executivo da Secretaria de Educação em São Paulo.
Tozi também colabora com a campanha da Delegada Gracimeri (PSC), na Serra, e a de Dalton Morais (Novo), em Vila Velha. Gracimeri atuou como chefe da Polícia Civil durante o governo de Hartung.
Há ainda candidaturas apoiadas por aliados históricos do ex-governador, como Lelo Coimbra e César Colnago (PSDB), este ex-vice-governador. Na Serra, eles estão com Vandinho Leite (PSDB) e, em Vitória, apesar de o PSDB ter Neuzinha como candidata, o partido é próximo de Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Acompanhado de Colnago e Vandinho, Pazolini esteve presente na convenção do PSDB que confirmou Neuzinha como candidata. Os dois chegaram a conversar sobre uma possível formação de chapa, mas acabou não dando certo. Caso Pazolini vá para o segundo turno, o PSDB deve fechar uma aliança com o deputado estadual.
No ano passado, quando ainda estudavam lançar suas candidaturas, Pazolini e Vandinho chegaram a se reunir com Paulo Hartung, como noticiou o colunista Vitor Vogas. O ex-governador, contudo, nunca se manifestou sobre nenhum dos concorrentes.
O ex-governador Paulo Hartung foi procurado para comentar sua postura em relação às eleições de 2020, mas, por meio da assessoria de imprensa, informou que não concederia entrevista sobre o assunto.
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