A força-tarefa da Polícia Federal prendeu no início da tarde desta terça-feira (28) um dos assassinos da jornalista Maria Nilce dos Santos Magalhães, morta com três tiros em 1989, na Praia do Canto, em Vitória.
O ex-policial militar Cezar Narciso de Souza havia sido condenado definitivamente em 2018. Na época, segundo a Polícia Federal, havia indícios de que ele poderia estar escondido na Bahia, em uma propriedade rural do noroeste capixaba ou no sudeste mineiro.
Após meses de investigação, surgiu a informação de que ele estaria morando no bairro São Diogo, na Serra. Nesta terça-feira, integrantes da força-tarefa foram até o local e cumpriram o mandado de prisão. Cezar Narciso foi levado para a Superintendência da PF (vídeo acima) e, após a formalização necessária, será encaminhado ao sistema penitenciário estadual.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o filho de Maria Nilce, Juca Magalhães, comentou sobre a prisão. "Foi uma investigação que deixou uma frustração muito grande para a família porque os verdadeiros mandantes, as pessoas que estavam por trás do crime, nunca foram apontados. Mas, com a prisão do Narciso acredito que parte da justiça está sendo feita, evidentemente. Eu assisti à condenação dele, quando houve o julgamento eu estava lá", desabafou.
Maria Nilce foi morta com três tiros no dia 5 de julho de 1989, quando chegava a uma academia na Praia do Canto, em Vitória. Seis pessoas foram indiciadas pelo crime, e cinco condenadas.
As investigações foram iniciadas pela Polícia Civil, mas em setembro daquele ano foram transferidas pela Polícia Federal. O motivo era alcançar uma apuração isenta, visto que havia pessoas da área de segurança do Estado envolvidas no crime.
De acordo com as informações da Polícia Federal, a motivação do crime seria, conforme divulgado na época, o conteúdo das matérias que Maria Nilce escrevia no antigo Jornal da Cidade, onde denunciava o tráfico de drogas e os envolvidos nessa modalidade de crime.
As investigações apontaram como mandante o empresário José Andreatta, que teria contratado o ex-policial civil Romualdo Eustáquio Luz Faria, o Japonês. Este, por sua vez, teria subcontratado dois pistoleiros para a execução: José Sasso e ex-PM Cezar Narciso de Souza.
A dupla de executores teria fugido com o auxílio do piloto de avião Marcos Egydio Costa e do também policial civil Charles Roberto Lisboa.
José Sasso morreu envenenado na cadeia e Marcos Egydio foi assassinado em Jacaraípe. Andreatta, Japonês, Lisboa e Narciso foram condenados, respectivamente, a 24, 15, 17 e 19 anos de reclusão. De todos eles, o único que nunca havia cumprido pena até o momento era Cezar Narciso de Souza.
Em 2020, A Gazeta relembrou o assassinato de Maria Nilce durante a série de reportagem “Crimes brutais”, com casos de polícia que marcaram a história do Espírito Santo. Reveja produções:
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