Um dia após renunciar ao cargo de prefeito de Conceição da Barra, Francisco Vervloet, o Chicão (PSB), afirmou pelas redes sociais, nesta terça-feira (1º), que "está na hora de guardar a vida política dentro de um armário". O agora ex-prefeito, que tentou a reeleição e saiu derrotado, alega que deixou o cargo porque o mandato já havia sido interrompido por uma decisão da Justiça Eleitoral, suspensa provisoriamente depois, e também por questões pessoais, sem detalhá-las.
"Deixo antes de finalizar meu mandato porque ele já havia sido tristemente interrompido, e também porque tenho assuntos pessoais, aos quais não posso mais deixar de lado, que urgem pela minha presença neste mês de Dezembro/2020, compromissos na minha vida particular que sempre deixei de lado pelo município", disse, na nota.
A renúncia de Chicão, a um mês do fim do mandato, foi protocolada na Câmara Municipal na tarde de segunda-feira (30). Em entrevista para A Gazeta, o vice, Jonias Dionísio (PROS), disse que foi avisado pelo prefeito na sexta-feira (27) e que ele já falava sobre o assunto há algum tempo.
Apesar disso, Chicão foi candidato à reeleição, mesmo com a candidatura sub judice, negada pela Justiça Eleitoral. Ele ficou em terceiro lugar, com 21,90% dos votos. O prefeito eleito foi Mateusinho do Povão, do PTB, que é o atual presidente da Câmara.
O então vice-prefeito, Josias Dionísio, mais conhecido como Dionísio de Braço do Rio, é quem vai comandar Conceição da Barra durante este mês de dezembro. A posse dele ocorreu na manhã desta terça-feira (1º), na sede da Câmara Municipal de Conceição da Barra.
Nas redes sociais, Chicão elogiou o vice e disse que deixaria nas mãos de um "homem de bem", que teria oportunidade de ser prefeito da cidade.
"Vou poder dar a oportunidade de meu parceiro e amigo Jonias Dionísio Santos de também ser prefeito deste município, e deixar de forma honrosa, marcando sua presença como prefeito na história deste município. Jonias, um vice como poucos nesta vida política brasileira, em que ser vice é prenúncio de traidor. Jonias, não, um Homem de Bem", afirmou nas redes sociais.
Chicão também agradeceu ao ex-prefeito de Conceição da Barra Jorge Donati, que morreu em 2016, quando exercia o segundo mandato. De acordo com ele, sua entrada na vida pública foi exclusivamente por Donati.
"As pessoas não entendem e nunca vão entender minha relação tão forte com Jorge, ia além do respeito, da verdade. Lealdade e gratidão não se compra, se constrói. Chegando ao fim de seu último mandato, ele virou para mim e falou: 'Está na sua vez de mostrar o que você pode fazer'. Eu sempre fui gestor, nunca fui político. Mas como diria não, para a única pessoa que havia me ajudado na vida? As pessoas não entendem, mas eu entrei nessa vida pública, única e exclusivamente pelo Jorginho", declarou.
Os problemas judiciais envolvendo Chicão começaram em 2016, quando ele ainda era secretário de Assistência Social do município. Na época, Chicão foi denunciado por conduta proibida em pleno ano eleitoral. Ele esteve à frente de um programa social que oferecia cursos profissionalizantes gratuitos à população. Chicão era candidato a prefeito e foi eleito.
Em setembro de 2019, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) decidiu cassar o mandato do prefeito e do vice e eles tiveram que deixar a prefeitura. Chicão também foi condenado a pagar multa de 10 mil UFIRs (Unidade Fiscal de Referência), o que equivale a R$ 34,2 mil, por abuso de poder político.
Durante o período de afastamento, quem assumiu a prefeitura foi o presidente da Câmara Municipal, Mateusinho.
No entanto, no dia 23 de setembro uma liminar (decisão provisória) do ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou o retorno de Chicão ao cargo de prefeito até que haja o julgamento de um recurso. Mesmo reconduzido ao cargo, a decisão do TSE manteve a inelegibilidade de Chicão.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta