O ex-deputado federal Lelo Coimbra (MDB), secretário especial de Desenvolvimento Social, cargo abrigado no Ministério da Cidadania, pode ter o destino selado na próxima segunda-feira (17). O novo chefe da pasta é Onyx Lorenzoni (DEM), ex-ministro da Casa Civil. E uma reunião com a atual equipe, nomeada pelo antecessor, Osmar Terra (MDB), está agendada.
Nesta sexta (14), o Diário Oficial da União registrou a exoneração de Terra e a nomeação do demista na Cidadania. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a mudança nesta quinta (13). Dias antes, a movimentação já era dada como certa.
Apesar de ter destino incerto, Lelo continua, até agora, no posto. Ele disse à reportagem, nesta sexta, que aguarda a reunião com Onyx para definir o futuro no governo.
"Se ele entender que eu possa contribuir ele me diz e vamos analisar juntos", afirmou. A secretaria de Lelo é a que cuida do Bolsa Família, que passa por reformulação.
Lelo não soube cravar, no entanto, o motivo da saída de Osmar Terra, que foi quem o levou para o ministério. "Está muito na conversa entre eles (Terra e Bolsonaro). O Osmar sai sereno, não é por desempenho", avaliou.
O Ministério da Cidadania, na gestão de Terra, contratou uma empresa de Tecnologia da Informação suspeita de ter sido usada como fachada para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos durante o governo Temer. A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" pouco antes do troca-troca ministerial. Lelo, no entanto, diz que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
"O serviço é prestado, de pessoal especializado para tocar TI em diversas áreas. Não havia no contrato em si nada que pudesse apresentar dúvidas quanto a ausência de zelo ou corrupção. É um tema à parte que assumiu outra proporção porque já havia a movimentação de mudança no ministério."
"Osmar é um cara de hábitos simples. O patrimônio que ele tem é a residência dele. Está sempre com as mesmas roupas, até meio desleixado. Não frequenta restaurantes, mesa de vinho, de bebidas. É um cara voltado para o trabalho, o conheço há 12 anos", argumentou Lelo, que chegou a substituir o então ministro quando este precisava se ausentar. Era "o número dois" da pasta.
O ex-deputado, que não conseguiu se reeleger em 2018, contou que, se não for mantido no governo federal, tem "uma vida particular". "Sou auditor fiscal aposentado do Ministério do Trabalho."
A remuneração bruta de Lelo, de acordo com o Portal da Transparência da União, é de R$ 47.211,27. Ele sofre um abate-teto, um desconto, de R$ 7, 917,94. Após todos os descontos, recebe R$ 32.433,88 (líquidos). A cifra é resultado não apenas do salário do cargo comissionado, mas da aposentadoria.
Atualização: após a publicação desta reportagem, Lelo entrou em contato para dizer que, com a soma das remunerações, ele ultrapassaria o teto do funcionalismo (R$ 39,2, mil). Por isso "toda a diferença é glosada. Portanto, o cargo não me agrega remuneração, pois fica no abate-teto".
Onyx Lorenzoni assume o Ministério da Cidadania depois de ter sido fragilizado à frente da Casa Civil, que já havia perdido funções e protagonismo. O demista, no entanto, é um aliado de primeira hora de Bolsonaro e, assim, não ficou sem abrigo.
Ironicamente, para a Casa Civil foi um militar, o general Braga Netto. Osmar Terra volta ao mandato de deputado federal.
Enquanto a permanência de Lelo é incerta no governo Bolsonaro, outro posto ocupado pelo emedebista está em disputa. No domingo (16) será realizada a eleição para o diretório estadual do MDB no Espírito Santo. O ex-deputado está à frente do partido há sete anos. Atualmente, comanda uma comissão provisória.
Duas chapas se inscreveram para concorrer. A de Lelo e a do também ex-deputado federal Marcelino Fraga. Os preparativos para a eleição há tempos são cercados de idas e vindas e decisões judiciais. A comissão provisória, por mais de uma vez, barrou a inscrição de Marcelino, alegando que ele possui condenação em segunda instância na Justiça. Uma liminar (decisão provisória) garante, ao menos até agora, a participação de Marcelino no pleito.
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