ATUALIZAÇÃO: Inicialmente, esta reportagem informou que cada parlamentar tinha uma cota mensal de R$ 3 mil, conforme passado pela própria Assembleia Legislativa do Espírito Santo. No entanto, na manhã de terça-feira (10), a Casa corrigiu a informação e explicou que, na verdade, este valor só foi adotado a partir de agosto do ano passado. Antes, era de R$ 4,5 mil.
O gasto para abastecer os carros oficiais usados pelos deputados estaduais do Espírito Santo somou R$ 494,3 mil durante o ano passado. O valor, pago integralmente com dinheiro público, representa mais de 105 mil litros de combustível o que seria suficiente para dar 30 voltas em torno do planeta Terra.
O cálculo feito por A Gazeta considerou todos os litros (105.961,82) como sendo gasolina por ter sido o combustível com melhor custo-benefício durante o período. Além disso, também foi feita uma média do consumo (11,35 km/L) do Ford Focus 2.0 de 2018, modelo utilizado pelos parlamentares, e adotada a circunferência de 40 mil km para a Terra.
Todas as despesas foram retiradas do site da Assembleia Legislativa. De acordo com as discriminações das cotas, cinco deputados gastaram mais que R$ 25 mil. Ou seja, usaram mais de 5 mil litros de combustível ao logo do ano. São eles: Marcos Mansur (PSDB), Luciano Machado (PV), Freitas (PSB), Raquel Lessa (Pros) e José Esmeraldo (MDB).
Os valores acima são disponibilizados pela Casa por meio de um cartão de abastecimento com o dinheiro solicitado pelo gabinete. Nele também estão os dados do carro oficial do respectivo deputado. Portanto, é proibido abastecer qualquer outro veículo. Para efeito de controle, a equipe precisa apresentar, mês a mês, as notas fiscais dos abastecimentos.
Nos primeiros sete meses de 2019, cada gabinete tinha à disposição R$ 4,5 mil mensais para as despesas. Em agosto, no entanto, a cota mensal passou a ser de R$ 3 mil. O que totalizou R$ 46,5 mil no ano. Isso significa que se todo esse dinheiro fosse gasto com combustível, outras despesas como passagens aéreas, diárias, compra de material e serviços de telefonia não poderiam ser bancadas com verba da Assembleia Legislativa.
No topo da lista, Marcos Mansur (PSDB) explicou que o maior gasto se deve ao fato dele ser um deputado que sai do gabinete para ouvir e dialogar com os diversos segmentos da sociedade, em quase todos os municípios do Estado e que por ser residente de Cachoeiro de Itapemirim, na região Sul, também utiliza o carro para ir e voltar da Assembleia.
Já o atual primeiro secretário da Casa, Luciano Machado (PV), aparece na vice-liderança e atribuiu os gastos à rotina do mandato e à própria base que fica em Guaçuí, também no Sul. O deputado atende a municípios daquela região e do Caparaó. Além de ser presidente da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa Capixaba, esclareceu em nota.
Em terceiro lugar entre os que mais gastaram, aparece o deputado Freitas (PSB). O valor foi avaliado como normal em nota da assessoria do próprio parlamentar. Ele é o que reside mais longe da Assembleia (em São Mateus), o que justifica o uso de gasolina acima da média dos demais. Além disso, ele exerce a liderança do governo, o que aumenta os deslocamentos, afirmou.
Procurada, a assessoria de Raquel Lessa (Pros) tentava contato com a parlamentar para falar a respeito e não houve retorno à reportagem até a publicação deste texto. Já José Esmeraldo (MDB) estava em agenda no interior e também não falou sobre o assunto. Se houver resposta, esta matéria será atualizada.
Diante do gasto de quase meio milhão de reais dos deputados estaduais do Espírito Santo em 2019, três chamam a atenção por não terem gastado um centavo sequer destinado aos carros oficiais: Hércules Silveira (MDB), Fabrício Gandini (Cidadania) e Carlos Von (Avante) os últimos dois, aliás, também deixaram intactos os demais itens da cota.
Na prática do exercício parlamentar, todos eles utilizam o carro particular, custeado com recursos próprios, para realizar os deslocamentos relativos aos mandatos.
O deputado Carlos Von (Avante) afirmou que a máquina pública já está bastante inchada com muitas regalias que, principalmente, a classe política recebe.
Posicionamento semelhante também é defendido por Gandini (Cidadania), que disse ter adotado essa atitude por considerar absurdo o orçamento da Assembleia Legislativa e acreditar que esse dinheiro deveria ser investido em saúde, educação e segurança. A utilização do valor nessas áreas é o que também defende o deputado Hércules Silveira (MDB).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta