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Gasto de campanha: custo por voto para prefeito no ES vai de R$ 4,55 a R$ 1.240

Gasto de campanha: custo por voto para prefeito no ES vai de R$ 4,55 a R$ 1.240

Levantamento de A Gazeta levou em conta despesas registradas pelos candidatos da Grande Vitória. Último colocado da Capital, Du (Avante) teve o maior gasto com corrida eleitoral

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 18:26

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A Gazeta levantou custo das campanhas por voto recebido
A Gazeta levantou custo das campanhas por voto recebido. (Reprodução/Arte A Gazeta)

Marqueteiro, agência, vídeo, anúncios digitais, santinhos, praguinhas, jingles, funcionários, transporte, segurança, serviços jurídicos… Fazer uma campanha eleitoral requer dinheiro, e pode ser muito caro. Para além do valor absoluto gasto, porém, é possível analisar o custo de uma campanha pelo ângulo do resultado, avaliando de que forma o investimento se refletiu em votos nas urnas.

A reportagem de A Gazeta consultou os gastos declarados pelas campanhas dos candidatos a prefeito de VitóriaVila VelhaSerra e Cariacica. Em seguida, calculou quanto cada uma delas gastou por cada voto recebido, dividindo o total das despesas pelo total de votos angariados.

Vale ressaltar que a conta foi feita com dados parciais, extraídos em 31 de outubro, uma vez que as campanhas encerradas no primeiro turno têm até 5 de novembro para encaminhar a prestação de contas definitiva à Justiça Eleitoral. Para as campanhas de segundo turno, o prazo vai até 19 de novembro.

O recordista de gastos proporcionais foi o empresário Du (Avante), que ficou em último lugar na corrida eleitoral da Capital, mas despendeu R$ 1.240,86 por cada voto recebido. As declarações feitas até o momento indicam que a campanha mais barata proporcionalmente foi a do Professor Nícolas Trancho (Psol), candidato em Vila Velha, que gastou R$ 4,55 por voto.

Gasto de campanha: custo por voto para prefeito no ES vai de R$ 4,55 a R$ 1.240

Entre os eleitos, quem menos gastou proporcionalmente foi o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), com apenas R$ 6,08 por voto.

A campanha de Antonio Bungenstab (PRTB), candidato na Serra, foi desconsiderada porque ele ainda não declarou despesas.

Vitória

Na capital, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi reeleito em primeiro turno, com 56,22% dos votos, e teve proporcionalmente a campanha mais barata: segundo os gastos declarados até o momento, gastou ao menos R$ 24,61 por voto. Foram R$ 2.598.836,33 para a preferência de 105.599 eleitores.

Os maiores gastos foram registrados como assessoria de campanha, com R$ 702 mil, prestação de serviços de publicidade e propaganda, que consumiram R$ 371.700, e prestação de serviços advocatícios, com R$ 300 mil. Juntos, essas três despesas somam mais da metade do gasto total da campanha. 

Candidato à Prefeitura de Vitória, Du (Avante), votou na Escola Monteiro, na Enseada do Suá, na manhã de domingo (6)
Du (Avante) foi o candidato que mais gastou na Grande Vitória por cada voto que recebeu. (Divulgação)

A campanha proporcionalmente mais cara foi, de longe, a do último colocado na disputa, Du (Avante). O candidato gastou ao menos R$ 1.240,86 por cada voto que recebeu. Com a preferência de 0,42% dos eleitores, totalizando 786 pessoas, gastou R$ 975.322,93.

A maior parte dos recursos veio do próprio empresário, que doou R$ 747.685,72 para si mesmo. Quase metade da despesa (46%) foi com o pagamento da empresa Brenda Santos Scota LTDA., com os serviços de planejamento e assessoramento de campanha, que recebeu R$ 450.060. 

O segundo colocado, o ex-prefeito e deputado estadual João Coser (PT), gastou ao menos R$ 82,65 por voto. Ele terminou a corrida com a preferência de 15,62% dos eleitores, totalizando 29.339. As despesas declaradas somam R$ 2.425.048,56.

Também ex-prefeito, o terceiro colocado, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), gastou R$ 105,71 por cada voto recebido. Com 12,46% da preferência, teve 23.397 votos, com R$ 2.473.528,37 em despesas. Mais da metade (52%) foi pago à empresa Fernando Carreiro Consultores Associados S/S LTDA, que recebeu R$ 1,25 milhão pelo planejamento e assessoramento de campanha.

Em quarto, o deputado estadual Assumção (PL) gastou R$ 157,15 por voto. Com 9,55% dos votos, somando 17.946 pessoas, gastou o maior valor absoluto da capital: foram R$ 2.820.371,19 ao longo da campanha. Os maiores gastos foram com material impresso (R$ 403 mil), adesivos e banners (R$ 303 mil) e consultoria jurídica (R$ 300 mil). 

A quinta colocada da corrida, Camila Valadão (Psol), gastou R$ 60,92 por voto recebido. A deputada estadual recebeu 5,74% dos votos, totalizando 10.773 eleitores. Os gastos declarados até agora somam R$ 656.337,11, o menor valor absoluto da cidade. As maiores despesas são com a empresa Gualberto e Gualberto Estratégia e Planejamento Empresarial, que recebeu R$ 205 mil por serviços de consultoria, monitoramento eleitoral e treinamento; e com a Lupino Produções, por produção de conteúdos audiovisuais, com gasto de R$ 65 mil. 

Veja na tabela abaixo, por ordem de gasto por voto:

Vila Velha

Garantindo a reeleição em primeiro turno, a campanha de Arnaldinho Borgo (Podemos) gastou R$ 11,47 por cada um dos 193.451 votos recebidos, totalizando 79,04%. Os gastos declarados somam R$ 2.220.143,95. Desse total, 62% foram investidos na produção de conteúdos audiovisuais pela empresa Íons Comunicação Visual (R$ 703 mil), no impulsionamento de posts no Facebook (R$ 340 mil) e em material impresso (R$ 327 mil). 

Maurício Gorza votou em Vila Velha, acompanhado do neto Ravi
Maurício Gorza (PSDB) foi o candidato que mais gastou em Vila Velha por cada voto recebido. (Divulgação)

Proporcionalmente, a campanha mais cara da cidade canela-verde foi a do quinto colocado, Maurício Gorza (PSDB), que gastou R$ 560,14 por voto. A campanha teve R$ 312.000 em gastos e recebeu 557 votos (0,23% da preferência dos eleitores). As maiores despesas foram com honorários advocatícios (R$ 60 mil), material impresso (R$ 51 mil) e serviços de consultoria e assessoria (R$ 30 mil). 

A mais barata foi a do quarto colocado, Professor Nícolas Trancho (Psol), que gastou R$ 4,55 por voto recebido. Ele recebeu 0,76% dos votos, totalizando 1.862 eleitores, e declarou R$ 8.478,44 em gastos. A maior parte dos gastos (54%) se concentram em serviços advocatícios (R$ 60 mil), material impresso (R$ 51 mil), assessoria de redes sociais (R$ 30 mil) e serviços contábeis (R$ 28 mil). 

Já em números absolutos, a campanha mais cara foi a do segundo colocado, Coronel Ramalho (PL). Foram R$ 66,49 gastos por voto. O ex-secretário de Estado de Segurança recebeu 42.096 votos, e gastou ao menos R$ 2.799.285,08.

Desse total, R$ 554 mil foram pagos à empresa Acrópole Estratégia LTDA pela produção de material publicitário e serviços de planejamento, criação e execução de campanha; R$ 240 mil à Trend Criativo Coletivo Produções de Mídia LTDA, pela produção de programas de TV; e outros R$ 240 à T3, pela criação de conteúdo e design. 

A mais barata no total foi a do sexto colocado na disputa, Gabriel Ruy (Mobiliza), que gastou R$ 12,41 por cada voto que recebeu, mas gastou ao todo apenas R$ 5.325,00. Foram 429 votos recebidos, ou 0,18%. As despesas mais vultosas foram com impulsionamento de posts no Facebook (R$ 2 mil) e serviços contábeis (R$ 1,5 mil). 

Terceiro colocado na eleição, João Batista Babá (PT) gastou R$ 62,91 por cada um dos 6.342 votos que recebeu. Ele teve a preferência de 2,59% dos eleitores, e usou ao menos R$ 399.000. O candidato do PT registrou os maiores gastos com locação de trio elétrico e carro de som (R$ 95 mil), produção de vídeos para a campanha (R$ 48 mil) e formulação de estratégia, discurso e slogan, com R$ 40 mil pagos a Gilberto Medeiros Vieira. 

Serra

Eleito no segundo turno, Weverson Meireles (PDT) gastou ao menos R$ 28,66 por voto recebido na primeira etapa do pleito. As despesas somam as duas fases da campanha, de primeiro e segundo turno, e totalizaram R$ 2.782.762,74. No dia 6 de outubro, o pedetista teve 97.087 votos, 39,66%. Se considerada apenas a votação do 2º turno, quando Weverson teve a preferência de 138.071 eleitores, chegando a 60,48% dos votos válidos, o valor gasto por voto cai para R$ 20,15.

As maiores despesas do prefeito eleito foram com material impresso (R$ 751 mil pagos à empresa Corpel Gráfica, Editora e Comunicação Visual), produção de programas de rádio e TV (R$ 450 mil para a Mega Comércio e Serviços) e produção de jingles, vinhetas e slogans (R$ 268 mil para a Criativa Eventos Promocionais). 

Seu adversário, o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), gastou R$ 28,27 por voto no primeiro turno. As despesas de toda a campanha somam ao menos R$ 1.744.480,43, e os votos recebidos foram 61.690, ou 25,20%. Já, se considerados somente os votos do segundo turno no montante total, Muribeca gastou R$ 19,33 por voto, sendo a preferência de 90.227 eleitores (39,52% dos votos válidos) no dia 27 de outubro.

O candidato republicano gastou mais com produção de materiais publicitários e assessoria de campanha (R$ 300 mil pagos para a Acrópole Estratégia, mesma empresa que atendeu Coronel Ramalho em Vila Velha), serviços advocatícios (R$ 250 mil) e publicidade (R$ 150 mil pagos à Tipz Comunicação). 

Wylson Zon (Novo)
Wylson Zon (Novo) teve a campanha proporcionalmente mais cara na Serra. (Assessoria de Imprensa)

Entre os candidatos que ficaram pelo caminho no primeiro turno, Wylson Zon (Novo) fez a campanha proporcionalmente mais cara, gastando R$ 182,14 por voto recebido. Ele recebeu 919 votos, 0,38%, e declarou R$ 167.394,82 em despesas. Desse total, R$ 48 mil foram para a empresa Tendência, por serviços de planejamento de comunicação; R$ 29 mil para material impresso e R$ 16 para produção de vídeos. 

Já o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) gastou R$ 44,07 por voto. A campanha totalizou R$ 2.584.903,66 em despesas, e a candidatura recebeu 58.643 votos, 23,96% dos eleitores. Entre os maiores gastos estão marketing (R$ 744 mil), feito pela Bumerangue Comunicação Integrada; adesivos e materiais impressos (R$ 364 mil) e serviços advocatícios (R$ 198 mil). 

Praticamente o mesmo valor foi gasto por voto pelo candidato Professor Roberto Carlos (PT): R$ 44,65. Ele recebeu 7.513 votos, 3,07% dos eleitores, e as despesas somaram R$ 335.460,21. O candidato petista investiu os maiores valores em criação de marca, slogan e jingle (R$ 85 mil); planejamento e produção de conteúdo digital (R$ 70 mil) e produção de programas de rádio e TV (R$ 40 mil). 

Igor Elson (PL) gastou R$ 87,83 por voto. Ele teve a preferência de 7,66% dos eleitores, 18.751 pessoas, e as despesas foram de R$ 1.647.053,56. Desse total, os maiores valores foram para a Gráfica Jep, por material impresso (R$ 480 mil), para serviços advocatícios (R$ 200 mil) e produção de conteúdo audiovisual (R$ 156 mil). 

Antonio Bungenstab (PRTB) recebeu 175 votos, 0,07%, mas ainda não declarou nenhuma despesa à Justiça Eleitoral.

Cariacica

Reeleito em primeiro turno, Euclério Sampaio (MDB) gastou R$ 6,08 por cada um dos 168.771 votos que recebeu, totalizando 88,41% dos eleitores. Os gastos declarados chegam a R$ 1.026.889,75.

Entre as despesas do emedebista, os maiores valores estão registrados para o pagamento de adesivos e material impresso para a Diplomata Eventos e Comunicação (R$ 224 mil); marketing de campanha (R$ 200 mil) e mais R$ 128 mil à Gráfica e Editora Jep por material impresso. 

Ivan Bastos (PL)
Ivan Bastos (PL) foi quem mais gastou por cada voto recebido em Cariacica. (Divulgação)

O terceiro colocado, Ivan Bastos (PL), fez a campanha proporcionalmente mais cara da cidade, gastando R$ 124,28 por voto. Ele teve 4.788 votos, 2,51%, e declarou R$ 595.061,62 em despesas. A mesma Gráfica e Editora Jep de Euclério recebeu R$ 150 mil para o material impresso da campanha de Bastos; enquanto R$ 76 mil foram gastos em assessoria contábil e outros R$ 65 mil para serviços jurídicos. 

A campanha da segunda colocada, Célia Tavares (PT), investiu R$ 43,92 por voto. Foram 17.331 votos recebidos, 9,08%, e R$ 761.275,04 gastos. Mais da metade (52%) desse total foram pagos à Beta Estratégia e Comunicação, que recebeu R$ 230 mil por serviço de consultoria, e à Vitória Eventos e Estruturas, que recebeu R$ 165 mil por locação de tablado, mesa de sonorização e carros de som. 

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