Os eleitores capixabas decidiram que o governador Renato Casagrande (PSB) vai disputar o segundo turno com o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) no próximo dia 30 de outubro em um embate histórico. É a primeira vez em 24 anos que uma eleição para governador do Espírito Santo não termina logo no primeiro turno.
Para além das diferenças políticas e ideológicas entre eles — Casagrande tem o apoio do PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Manato é do PL do presidente Jair Bolsonaro — chama a atenção a diferença de recursos financeiros usados durante a campanha no primeiro turno.
De acordo com dados declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o último domingo (2), Casagrande contratou cerca de R$ 6 milhões em despesas para pedir votos. O dinheiro que Manato gastou na campanha para o primeiro turno, R$ 824 mil, é um sexto da quantidade usada pelo atual governador.
Casagrande terminou à frente na disputa do primeiro turno, com 976.652 votos, seguido por Manato, que foi escolhido por 800.598 eleitores. Dessa forma, fazendo as contas, cada voto no atual governador custou R$ 6,16, enquanto o voto no candidato do PL saiu por R$ 1,03 cada.
A diferença de orçamento entre os dois começa na origem do recurso. O PSB, partido de Casagrande, desembolsou mais de R$ 3,5 milhões para apoiar sua campanha à reeleição.
O socialista ainda contou com mais de R$ 1 milhão em doações de pessoas físicas.
Já seu opositor recebeu R$ 100 mil do partido, menos que os R$ 142 mil das doações de pessoas físicas e bem menos que os R$ 2 milhões recebidos por Magno Malta, presidente estadual do PL, que fazia campanha para o Senado, tendo sido eleito no domingo (2).
Durante sabatina para a Rádio CBN Vitória e A Gazeta, Manato chegou a ser questionado sobre ter recebido bem menos recursos financeiros do partido do que Magno para a campanha. Como mostrou a colunista Letícia Gonçalves, o ex-deputado era o candidato a governador do PL que menos tinha recebido dinheiro do partido.
Na ocasião, ele minimizou a questão. Disse que quando se filiou ao partido, seguindo movimento do presidente Jair Bolsonaro, foi alertado por Magno, presidente estadual da sigla, que não teria muito dinheiro. Ainda assim, decidiu concorrer, buscando doações de pessoas físicas e fazendo uma "campanha enxuta", como descreveu.
Ele chegou a fazer um jantar para angariar recursos e tirou ainda R$ 10 mil do próprio bolso para a campanha.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizados no último domingo (2), Manato contratou até o momento R$ 553 mil em despesas de marketing político e na produção de conteúdos para redes sociais e para a TV.
Ainda há R$ 158 mil de despesa com material impresso de campanha, como cartazes, adesivos, santinhos e panfletos. Manato usou também R$ 62 mil com impulsionamento de conteúdo nas redes sociais.
Já no caso de Casagrande, a maior fatia do bolo, R$ 2 milhões, também foi em serviços prestados por terceiros. O atual governador era o candidato com maior tempo de propaganda eleitoral gratuita no Estado, com seis minutos e 14 segundos. Em comparação, o principal concorrente tinha um minuto e 17 segundos.
É importante lembrar que no segundo turno o tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV é igual entre os dois candidatos.
O material impresso (incluindo adesivos) consumiu R$ 1,1 milhão e o impulsionamento de conteúdo na internet, R$ 170 mil. Além disso, constam ainda na prestação de contas de Casagrande R$ 240 mil gastos com publicidade em carro de som e R$ 189 mil com mobilização de militância, como panfletagem de rua, por exemplo.
Tanto Casagrande quanto Manato declararam ao TSE, até o momento, ter contratado bem mais despesas com campanha do que o volume de recursos recebidos.
O atual governador declarou ter recebido R$ 4,6 milhões e gastou até o momento cerca de R$ 6 milhões, 30% a mais. Já o ex-deputado federal informou ao TSE ter recebido R$ 252 mil e despendido cerca de três vezes mais, R$ 824 mil.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), a diferença é normal. Isso porque o candidato pode arrecadar recurso até a data limite da prestação de contas para os gastos que contratou até o dia da eleição.
O prazo para prestação de contas no caso de candidatos que vão para o segundo turno é 20 dias após o pleito, ou seja, dia 19 de novembro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta