Governadores de partidos de esquerda acenaram para a possibilidade de construir uma unidade em torno de "um ou dois nomes" para as eleições de 2022. A possibilidade foi comentada pelos governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); da Bahia, Rui Costa (PT); e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). Eles participaram de um seminário virtual organizado por fundações ligadas a partidos de esquerda no último sábado (16).
No debate, que era mediado pelo ex-ministro do Trabalho e Emprego Manoel Dias (PDT) que atuou durante a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) , Flávio Dino apontou que o país possui "dois caminhos" para sair da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, um através de uma articulação pluripartidária preservando a democracia, ou outro de "caos institucional".
"Nós podemos ter uma saída civilizatória em que se articule diversas forças, de forma pluripartidária e ideológica, preservando a democracia como premissa para disputar projetos econômicos para o país. Mas podemos ter outro cenário de caos social, de anomia, de desespero. Esse cenário é desejado pelo fascismo brasileiro. Eles se nutrem disso. É no terreno do desespero que nasce o fascismo", disse Flávio Dino.
O governador da Bahia, Rui Costa, ressaltou que a crise gerou uma aproximação de governadores de diferentes linhas de pensamento. Ele citou, como exemplo, os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de São Paulo, João Dória (PSDB). O petista sugere que essa construção pode aproximar partidos contra Bolsonaro em 2022.
"Para mim, isso é mais importante do que eventualmente termos uma ou mais candidaturas, ou se vamos conseguir unificar ou não no primeiro turno. Se construirmos essa base, a unidade, mesmo que seja no segundo turno, será automática, será uma consequência disso. Se promovermos ataques entre nós, é muito complicado estabelecer uma mensagem para a população. Ficar se atacando é ajudar visões fascistas se fortalecerem", argumentou.
Casagrande destacou que o movimento que os governadores devem fazer precisa "extrapolar limites ideológicos" e ir "além dos limites (de diálogo) de eleições passadas".
"Tem que ser uma disputa civilizatória. Precisamos fugir do fascismo e dos reacionários, temos que fugir disso", comentou Casagrande. O governador do Espírito Santo destacou que falta ao presidente Jair Bolsonaro uma iniciativa para coordenar uma mobilização nacional para contornar a pandemia.
"O momento exige uma mudança completa de prática do governo central. Sinceramente, eu não vejo isso acontecer. Meu desespero é a incerteza de qual passo político o país dará. Não tenho nada pessoal, mas que se pudesse acontecer um estalo e ele (Bolsonaro) coordenar as ações, aí sim, juntos, poderíamos proteger os vulneráveis e deixar a disputa política para 2022", analisou.
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