Com a ausência de protagonismo do governo federal nas ações de enfrentamento à pandemia de Covid-19, os governadores querem que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) apoiem a aceleração do plano de vacinação e o reequilíbrio do orçamento da Saúde dos Estados, que sofrem com uma "terceira onda" de Covid-19.
Para esta terça-feira (02) está agendada uma reunião dos líderes estaduais, incluindo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.
"A pauta é Covid, especialmente o orçamento. Mas também queremos do Congresso uma coordenação nacional que envolva os presidentes da Câmara e do Senado, pode envolver o STF, em um trabalho que ajude os Estados a enfrentarem este momento de crescimento da pandemia. Temos praticamente 20 Estados com dificuldades em atender os pacientes, sem UTIs", afirmou Casagrande na tarde desta segunda-feira (1). No último final de semana, a ocupação nas unidades intensivas da rede pública superava os 80% em 17 Estados e no Distrito Federal.
Diante de uma terceira onda da doença em vários locais do país, que elevaram a média diária de mortes aos 1,2 mil, o presidente Jair Bolsonaro minimizou no domingo a falta de leitos, dizendo que "a saúde no Brasil sempre teve seus problemas" e que a "falta de UTIs era um deles é certamente um dos piores".
Casagrande anunciou nesta segunda que 15 pacientes de Santa Catarina chegarão ao Espírito Santo por conta do colapso do sistema de saúde de seu Estado de origem.
A vacinação, que avança lentamente no país, também será tema da conversa. Nesse sentido, os governadores acreditam que o Congresso possa auxiliar no processo de articulação internacional para a disponibilização de mais doses do imunizante.
Os líderes estaduais querem fazer contratos com laboratórios que ainda não têm vínculo com o Ministério da Saúde e disponibilizar as doses para acelerar a vacinação da população.
Também em Brasília, eles planejam visitar a fábrica da União Química, que pretende fabricar a vacina russa Sputnik V no Brasil.
A Câmara dos Deputados já aprovou uma Medida Provisória que facilita a compra de vacinas contra a Covid-19. O texto aponta que Estados e municípios podem adquirir os imunizantes, caso a União não compre doses suficientes. A iniciativa seguiu o julgamento do STF, em que foi aprovada a compra e distribuição de vacinas contra Covid-19 caso o governo não cumpra o Plano Nacional de Imunização (PNI).
"O governo federal apresentou a proposta de vacinar até fim do ano e tem movimento nosso, de governadores e prefeitos, para ver se conseguimos antecipar um pouco o plano de vacinação", diz.
Apesar de criticar a gestão da pandemia promovida pelo governo federal até o momento, Casagrande nega que esteja sendo criado entre os governadores, Congresso e STF um "plano paralelo", sem a participação do Ministério da Saúde.
Ele garantiu que um representante da pasta também estará na reunião com o presidente da Câmara nesta terça.
"Não vamos propor uma coordenação nacional sem o governo federal. Esperamos que ele coordene. Enquanto não coordena, vamos pedir ao Congresso para que exerça esse papel, não uma coordenação, mas um papel de debate, de legislação. Os ex- presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, nos ajudaram", lembrou.
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