Depois de três meses de negociação, desde que a direção nacional do PT orientou ao partido que buscasse pavimentar um caminho com o PSB no Espírito Santo, agora oficialmente PT e PSB estarão juntos na disputa ao governo do Estado. Em reunião do diretório estadual do PT realizada na noite desta quarta-feira (13), com mais de três horas de duração, a legenda decidiu retirar a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato (PT) e declarar apoio à reeleição do governador Renato Casagrande (PSB).
O anúncio oficial do acordo selado está previsto para ser feito de forma conjunta entre as direções estadual e nacional dos partidos ainda nesta quinta-feira (14).
Nas mais de três horas de duração - começou logo depois das 20 horas e acabou somente às 23h25 -, a reunião do diretório buscou deixar as lideranças partidárias a par das decisões tomadas. Não foi necessária a realização de votação, mas uma das correntes internas do partido, a Democracia Socialista (DS), registrou posição contrária ao acordo com o PSB.
Por mais que formalmente o PT precisasse levar a decisão para o diretório estadual, a retirada do nome de Contarato da disputa foi consolidada logo após a reunião entre os dirigentes do partido, o senador, o governador Casagrande e o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, na última terça-feira (12), como antecipou a reportagem de A Gazeta. O encontro ocorreu na Residência Oficial do governador, em Vila Velha, um dia após Casagrande confirmar que vai concorrer à reeleição.
Durante o encontro, Casagrande e o PSB reforçaram alguns itens já ofertados para que o PT apoiasse a reeleição do governador e esclareceram dúvidas dos petistas. Entre os pontos acordados entre as duas siglas estão: a participação do PT em um eventual governo de Casagrande, se reeleito, a participação do PT na elaboração do programa de governo do socialista, a ajuda do PSB na coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado e a posição clara de Casagrande na disputa presidencial, algo que ele havia feito no dia anterior, quando disse que fará campanha para Lula e somente para ele para presidente.
A participação do PSB e de Casagrande de forma efetiva na campanha de Lula foi um dos pontos mais importantes para o PT no acordo, já que o retorno do petista ao comando do Palácio do Planalto é prioridade absoluta da legenda em todo o Brasil. Além disso, o apoio do governador para as chapas de deputado da Federação Brasil da Esperança (PT-PV-PCdoB) teria contribuído para a decisão.
Filiado ao PT em novembro de 2021, Contarato foi lançado pré-candidato a governador em fevereiro deste ano. A saída dele da disputa pelo comando do Palácio Anchieta, no entanto, passou a ser especulada de maneira mais intensa em abril, quando os dois partidos selaram a união para a disputa presidencial. O PSB indicou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para vice na chapa do ex-presidente Lula à Presidência da República.
Mas o PT estadual e Contarato resistiram o quanto puderam e chegaram a aprovar uma resolução reforçando a candidatura própria no último dia 2 de julho. As críticas a Casagrande, no entanto, já não eram mais verbalizadas publicamente. Elas se tornaram mais amenas e menos frequentes desde que a parceria Lula-Alckmin se consolidou e a direção nacional estabeleceu prazo para selar acordos entre os dois partidos no máximo de Estados, incluindo o Espírito Santo.
Antes disso, as divergências locais se tornaram públicas quando Casagrande recebeu o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), então pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos. O fato, inclusive, foi considerado um dos motivos que azedaram a inclusão do PSB na federação formada pelo PT com PV e PCdoB. Casagrande ocupa o segundo posto mais importante da direção nacional do PSB, é o secretário-geral do partido.
Com a desistência do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) da disputa ao governo estadual - vai concorrer ao Senado - em favor do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), anunciada na última sexta-feira (8), o anúncio de acordo entre as duas legendas no Espírito Santo virou uma questão apenas de data, local e hora, pois já era considerada certa.
Para evitar que outros partidos - em especial o PP - usem o acordo com o PT para fugir da aliança com Casagrande, o PSB não cedeu espaço na chapa majoritária aos petistas. Com isso, além da retirada de Contarato da disputa ao governo, também deixam suas pré-candidaturas ao Senado o ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Reinaldo Centoducatte e a ex-secretária de Educação de Cariacica Célia Tavares.
Agora, o PT do Espírito Santo vai focar toda a sua energia na disputa por vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, além de garantir um palanque com o apoio do governador para a campanha de Lula à Presidência da República.
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