Adversários na disputa pela presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) no Espírito Santo, tanto o deputado federal Helder Salomão quanto a ex-candidata ao governo Jackeline Rocha, se eleitos, terão pela frente a missão de recuperar o protagonismo nas urnas que vem sendo perdido pela sigla nas últimas eleições. Um desafio que dependerá, inclusive, de vencer a resistência do eleitorado capixaba, cuja maioria (63%) optou por eleger Jair Bolsonaro (PSL) como presidente em outubro de 2018.
Apesar de estarem em lugares diferentes no páreo, as propostas de ambos para alavancar o PT muitas vezes se encontram. Entre elas, estão as promessas de fortalecimento das estruturas partidárias no interior do Estado e o incentivo a uma grande quantidade de candidaturas próprias nas eleições municipais de 2020.
Os concorrentes se preparam para se enfrentar no congresso estadual do PT, que acontece nos dias 19 e 20 de outubro, e no qual o futuro presidente do diretório estadual será definido. Mas já neste fim de semana o processo eleitoral passará por uma fase crucial.
É que no próximo domingo (8), além de os filiados do partido elegerem os presidentes dos diretórios municipais, eles também escolherão a quantidade de delegados que cada uma das quatro chapas inscritas na eleição estadual terão - duas delas sem candidatos à presidência. São os delegados que elegem o futuro presidente do diretório regional. Por isso, a chapa que sair com mais delegados avança com vantagem na disputa.
Cabeça da chapa Para Voltar a Sonhar, Helder Salomão tem ao seu lado petistas de peso, como a deputada estadual Iriny Lopes e o ex-subsecretário nacional de Direitos Humanos Perly Cipriano. Para sua possível futura gestão, o deputado coloca como prioridade trabalhar para o engajar os filiados como um todo, numa perspectiva de unificação. Nós queremos trabalhar para representar o partido e não um grupo político interno, reforça ele.
Tendo em vista que as eleições de 2020 já batem à porta, Helder considera fundamental que a direção estadual se aproxime dos diretórios municipais do interior do Estado. Ao nosso ver e conversando com dirigentes municipais, há uma avaliação de que a direção estadual está ausente desses municípios, critica ele, de forma suave, a atual gestão partido, comandada por João Coser.
Para tanto, ele afirma que pretende implantar um projeto de formação política para dirigentes e filiados. O objetivo também é auxiliar as cidades na elaboração de planos municipais na construção das chapas e no planejamento de campanhas.
"Queremos fazer um debate sobre a necessidade de termos chapas completas em todos os municípios, vamos trabalhar para isso. A ideia é que o partido apresente nomes para as chapas proporcionais em todos os municípios e vamos fazer debate com militância e diretórios para estabelecer os municípios prioritários. Poderíamos lançar candidaturas em pelo menos 20 cidades, aponta ele.
Vale lembrar que, atualmente, o PT possui apenas um prefeito eleito no Espírito Santo - Alencar Marim, de Barra de São Francisco.
ATENTA AOS DESEJOS DAS BASES
O discurso de chacoalhar o PT contorna toda a proposta de Jackeline Rocha para o futuro do diretório regional. A Cabeça da chapa Lula Livre Sem Medo de Ser Feliz, que tem o apoio de João Coser, afirma que pretende, se eleita, atender aos pedidos que tem ouvido das bases do partido (incluindo os movimentos sociais, de mulheres, os LGBTs e a juventude) para, conforme ela diz, reconectar o partido a elas.
Eles têm reivindicado um partido mais conectado com as propostas sociais, com a distribuição de renda e com uma economia que vise as pessoas e não o lucro, explica.
Assim como Helder, um dos objetivos de Jackeline é incentivar o lançamento de candidaturas próprias em mais cidades tanto para eleições majoritárias (de prefeito) quanto para as de vereadores. Queremos ajudar a preparar uma vereança que represente o desejo das ruas. Temos que ajudar os municípios onde o PT tem presença, reforça ela.
Por outro lado, Jackeline defende que o fortalecimento do PT dependerá também do resgate de suas relações fora do pleito. Precisamos participar das disputas de associações de moradores, ajudar a construir os movimentos pastorais e reaproximar o PT de seguimentos como as igrejas católicas, evangélicas, pontua.
Nesse ponto, ainda de que forma não exatamente igual, as propostas de Jackeline e de Helder se convergem mais uma vez no sentido de buscar estreitar os laços com seguimentos sociais. O deputado federal, no entanto, cita a necessidade de que o partido dialogue com outras forças políticas.
O PT precisa voltar a ter protagonismo no Estado. Para isso, defendemos que o partido e outras forças de esquerda progressistas do Estado, junto com os movimentos sociais, a academia, as entidades da sociedade civil, elabore um projeto alternativo para o Espírito Santo do Futuro.
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