Um homem foi preso na manhã desta segunda-feira (28) durante a sessão da Câmara de Vitória por ter feito ameaças contra os vereadores Gilvan da Federal (Patriota) e Armandinho Fontoura (Podemos). Wanderley da Silva Ferreira, mais conhecido como Thor, chegou a ser levado no cofre de uma viatura para a Delegacia Regional de Vitória, prestou depoimento, mas foi liberado. Parte da confusão foi captada pelas câmeras que transmitiam a sessão, que chegou a ser suspensa por 10 minutos.
Thor é acusado de dizer que "pegaria o vereador do lado de fora" e fazer ofensas aos dois parlamentares durante a sessão. Ele nega a acusação, diz que apenas fez críticas e alega ter sido alvo de abuso de autoridade. Thor estava na galeria da Câmara quando começou a discutir com Gilvan e Armandinho. A pedido do presidente da Casa, Davi Esmael (PSD), ele foi convidado pelos seguranças a se retirar do local.
Gilvan acionou a Guarda Municipal, que foi até a Câmara, prendeu o acusado e o conduziu até a delegacia. De acordo com o parlamentar, Thor já fez outras ameaças contra ele nas redes sociais.
"É um ex-presidiário, que já foi condenado por homicídio, e foi na sessão querendo me intimidar. Eu já estava representando contra ele por um vídeo de ameaça contra a minha pessoa, que foi publicado nas redes sociais dele. Ele se aproveitou de uma discussão mais acalorada entre os vereadores para fazer ofensas contra mim. Pedi a retirada dele, pelos seguranças da Câmara, mas ele continuou me ofendendo, dizendo que eu não sabia com quem estava lidando e que me pegaria lá fora", contou.
Thor é conhecido no meio político, principalmente por já ter sido intérprete da escola de samba Novo Império. Em janeiro, ele foi nomeado pelo prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (DEM), como coordenador de patrimônio cultural, mas foi exonerado, a pedido, no final de maio.
Ele foi condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato do diretor social do Clube Náutico Brasil, José Carlos Preciosa, em junho de 1993. Segundo a Secretaria de Justiça (Sejus), Thor recebeu alvará de soltura em março de 2017. Ele afirma que vai denunciar os vereadores por abuso de autoridade e que foi constrangido ao ser colocado na viatura.
"Não ameacei ninguém. O que fiz foi cobrar desses vereadores sobre os mandatos deles, que são pagos por nós, contribuintes. Eu fiz, sim, um vídeo contra o Gilvan, que para mim é um psicopata, por ter feito o que fez com a professora da escola Renato Pacheco. Também critiquei o Armandinho, por ter batido ponto na Câmara, quando era assessor na Casa, e não ter trabalhado. Não disse que pegaria ninguém do lado de fora, eles que vieram para cima de mim. Vou representar contra eles por abuso de autoridade. Sou ex-presidiário, mas não sou bandido, como eles chamaram. Cumpri minha pena e dei a volta por cima", afirma.
A confusão envolvendo Thor e Gilvan na Câmara começou após um discurso da vereadora Karla Coser (PT), em que fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ela apontou que o presidente da República prevaricou diante de denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19, o caso Covaxin, investigado na CPI da Covid, no Senado.
Ao final do discurso, Karla gritou "Fora Bolsonaro", o que incomodou os vereadores Denninho Silva (Cidadania) e Gilvan, que reagiram.
No plenário, os parlamentares começaram a discutir e os vereadores Gilvan e Denninho apontaram para escândalos de corrupção durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), que são do partido de Karla.
Foi nesse instante que Thor, na galeria da Câmara, gritou para os vereadores, segundo ele, questionando "se Flávio Bolsonaro era inocente". Os vereadores, contudo, relataram que ele aproveitou a discussão para fazer ameaças. Segundo Gilvan, Thor usou a palavra "vagabundo", entre outras ofensas, além da ameaça. O vereador Armandinho também passou a discutir com Thor, em defesa de Gilvan.
Um vídeo que circula em redes sociais mostra o momento em que o homem é colocado dentro do cofre da viatura da Guarda Municipal. Nas imagens, ele questiona sobre o motivo da prisão e Armandinho responde que a detenção é por desacato.
"Você provou que está sendo moleque, desacato por quê? Você me chamou de vagabundo, rapaz", diz o homem preso a Armandinho, que o acompanhou até a viatura.
A Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada, inicialmente, como vias de fato e que três pessoas foram conduzidas para a Delegacia, onde foram ouvidas e liberadas. O caso segue sob investigação. Os envolvidos disseram que não chegaram a se agredir fisicamente durante a confusão.
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