Para auxiliar os católicos nas eleições de 2020, a Arquidiocese de Vitória e as Dioceses de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e São Mateus divulgaram uma carta com orientações para o voto. Entre as recomendações estão a escolha de candidatos que não façam uso de desinformação e nem de "troca de favores". O documento também pede que os padres não apoiem ou participem de atividades de candidatos durante o período eleitoral.
A prática já é comum na Igreja Católica. Tradicionalmente, no período eleitoral, a instituição prepara cartilhas para ajudar os fiéis a escolher candidatos de acordo com princípios cristãos. Em 2020, será divulgada uma Cartilha de Orientação Política, com material produzido para as redes sociais.
"O processo eleitoral em curso exige de nós, católicos, uma avaliação criteriosa dos candidatos e candidatas, suas histórias e suas propostas, porque o voto tem consequências políticas, sociais, culturais, econômicas, ambientais", diz a carta assinada por Dom Dario, arcebispo da Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo e os bispos de Colatina, Cachoeiro e São Mateus.
O combate à desinformação é citado na carta pelo grupo de religiosos como um dos compromissos dos membros da igreja. Na urna, isso se reflete na escolha de candidatos que não fazem uso de conteúdos falsos ou discursos de ódio durante a campanha.
"Devemos rejeitar as notícias mentirosas, os discursos de ódio e as práticas de racismo, intolerância e criminalização da pobreza. Não é possível que católicos votem em candidatos que alimentam e fortalecem políticas do ódio, difundem notícias falsas e que sobrevivem às custas da violência que os mais pobres enfrentam todos os dias", diz um dos trechos.
A disseminação de desinformação com cunho eleitoral é crime desde o ano passado. A pena pode levar até oito anos de prisão. As chamadas "fake news" foram amplamente usadas nas eleições de 2018 inclusive contra a própria Justiça Eleitoral. Elas prejudicam a disputa no pleito e a imagem de candidatos.
As lideranças religiosas também chamam atenção para candidatos que se aproveitam da miséria de pessoas mais pobres para se promover. "Estes candidatos não merecem ser eleitos", afirma a igreja.
Esse tipo de atitude deve ficar ainda mais evidente nesta eleição, devido aos efeitos da pandemia da Covid-19. Campanhas assistenciais são necessárias, pontua a igreja, mas os problemas devem ser enfrentados "com propostas concretas de políticas públicas que diminuam as desigualdades sociais, gerando emprego e renda."
No texto, as lideranças também falam sobre concorrentes que não sabem a verdadeira função do cargo que pretendem ocupar e acabam fazendo propostas que não são capazes de cumprir. A "troca de favores" também é muito comum.
"Para se enfrentar a corrupção não podemos alimentar a troca de favores, votar atendendo a vontade de quem ocupa lugares de comando ou dos que se apresentam como pessoas acima do bem e do mal. O critério fundamental para se combater a corrupção é efetuar um voto ético, que defende a justiça social e o bem comum."
A igreja proíbe que padres sejam candidatos em eleições ou que tenham alguma participação partidária no pleito. Na carta, a orientação é clara para que líderes da instituição também não façam campanha ou manifestem apoio a candidatos.
"Os padres devem evitar apresentar-se como candidatos, apoiar ou participar de atividades de candidatos (as) ou partidos durante o período eleitoral. Da mesma forma, orienta os leigos (as) que disputarão as eleições a se afastarem das atividades litúrgicas e pastorais durante o período eleitoral."
As eleições deste ano acontecem no dia 15 de novembro. Em cidades com mais de 200 mil eleitores e onde os candidatos não obtiverem mais da metade dos votos válidos, há realização do segundo turno, marcado para o dia 29 de novembro.
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