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Inexperiência de jovens eleitores pode motivar curiosidade e diálogo familiar

Inexperiência de jovens eleitores pode motivar curiosidade e diálogo familiar

Para definir o primeiro voto, eles pretendem pesquisar sobre candidatos e conversar com os pais. Especialistas avaliam que esses são bons caminhos na eleição municipal

Publicado em 25 de julho de 2020 às 12:27

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Celso de Almeida Bezerra Junior, Morador de Colina de Laranjeiras na Serra, foi fotografada na rua do seu bairro, com o título de eleitor em mãos
Celso de Almeida Bezerra Junior vai votar pela primeira vez e diz que pretende pesquisar o histórico dos candidatos . (Ricardo Medeiros)

Para quem vai votar pela primeira vez, estabelecer critérios para um voto responsável é um desafio. O fato de as eleições deste ano serem municipais, no entanto, acaba aproximando os jovens das propostas dos candidatos.

"Eu diria que estrear o voto escolhendo um prefeito e um vereador é uma das melhores formas de iniciar a participação política, porque é algo mais próximo da realidade das pessoas. Esses jovens sabem ou deveriam saber dos problemas dos bairros e da cidade onde moram. Não é algo tão abstrato como a discussão de um plano de reforma da Previdência no Congresso, por exemplo", avalia Rodrigo Prando, cientista político e professor da Universidade Mackenzie.

Diante dessa responsabilidade, a inexperiência dos jovens eleitores pode motivá-los a pesquisar mais sobre os candidatos e suas ideias, o que, segundo especialistas, é o caminho certo a ser seguido.

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O voto consciente está muito associado ao conhecimento. Quando você tem conhecimento acerca de política, isso o leva a um lugar seguro para fazer a escolha de um candidato. O jovem tem que ser capaz de saber a responsabilidade de um cargo, quem são os candidatos, o que eles fazem e já fizeram, quais são as propostas e se o que eles prometem é viável

Humberto Dantas
Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp) e doutor em Ciência Política
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Moradora de Itacibá, Cariacica, Izabelle Santos Pereira, 17 anos, vai usar o histórico de cada candidato como aliado na escolha nestas eleições. Ela acredita que isso vai ajudá-la a fugir de promessas milagrosas e optar por ideias que podem trazer alguma mudança efetiva. 

"Vou analisar as propostas e a índole de cada candidato, dar um 'Google' sobre a vida deles. Se eu me interessar por alguém que já tenha experiência política, que passou por mandato, vou pesquisar o que ele fez, se cumpriu o que prometeu. Se for novo na política, pretendo procurar saber o histórico pessoal, se tem algum tipo de processo, ver o que fazia antes da política, qual conhecimento tem", adianta.

A estudante do primeiro ano de Medicina Kaylane Zuqueto Silva, 17 anos, também pretende suprir a inexperiência nas urnas com conhecimento. Para ela, que é de Vila Pavão, município com pouco mais de nove mil habitantes, conhecer bem os candidatos não será uma tarefa difícil.

"Por morar em uma cidade pequena, é muito mais fácil conhecer o histórico de cada um deles. Vou procurar saber quais iniciativas eles têm no município, como eles se relacionam com áreas como violência e educação, e se têm competência para realizar o que propõem."

Jovem mostra o título de eleitor que vai usar pela primeira vez para votar nas eleições municipais de Vila Pavão
Kaylane Zuqueto Silva, 17 anos, vai votar em Vila Pavão, interior do Espírito Santo. (Arquivo Pessoal)

Na escolha para prefeito, Kaylane diz que ainda vai utilizar como critério de voto quem são as pessoas que apoiam os candidatos, já pensando na formação de equipes técnicas para a gestão do município.

"Quem está ao lado de um determinado candidato pode vir a constituir a equipe dele, com um cargo de secretário, por exemplo. E essas pessoas vão ajudar a tomar decisões para a cidade. Acho importante ter gente que tem conhecimento e experiência no que fala e vou levar isso em conta", conta.

DIÁLOGO COM A FAMÍLIA É FUNDAMENTAL

Além do conhecimento prévio dos candidatos e das suas propostas, o diálogo com a família deve ser levado em conta pelos jovens na hora de decidir o voto. Por mais que as ideologias entre pais e filhos possam ser destoantes, especialistas apontam que a experiência de quem já exerceu esse direito várias vezes é extremamente válida.

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Debater política e ouvir quem já tem experiência é fundamental, até mesmo para que os jovens não caiam em falsas promessas. O jovem tem um idealismo grande e é preciso ter cuidado porque muitos candidatos apresentam ideias interessantes, que vão ao encontro dos interesses dos jovens, mas que não têm viabilidade

Rodrigo Prando
Professor da Universidade Mackenzie e Cientista Político
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"Dialogar, contudo, não significa votar no candidato que meu pai ou minha mãe queira, mas estar disposto a saber o que eles pensam. Acho que promover esse debate é um ganho muito grande para quem vota pela primeira vez", pontua Prando.

Esse não será um problema para estudante de Letras Sofia Malinoski Iacomini, 19 anos. O diálogo com os pais é algo que ela vai adotar. "A ajuda da família é bem-vinda, mesmo com divergências. É importante ouvir opiniões diferentes das nossas porque, no meio disso, a gente pode encontrar algo que deixou escapar, mas que faria diferença na nossa decisão. Pretendo debater isso com meus pais."

Já na casa de Celso, a situação é diferente. "Meus pais não são muito engajados, não discutem política em casa. Então, pretendo não debater sobre isso. Vou decidir individualmente, pesquisando sobre os candidatos", diz.

PANDEMIA VAI INFLUENCIAR VOTO NAS ELEIÇÕES

A forma como os políticos se posicionaram durante a pandemia do novo coronavírus e aqueles que estavam em mandatos conduziram suas ações, deve influenciar no voto de muitos eleitores, inclusive dos jovens. Humberto Dantas acredita que esse pode ser um critério interessante a ser adotado.

"A pandemia vai impactar, seja para o bem ou para o mal. É um assunto importante e que deve guiar muitos eleitores na hora da escolha."

Breno mora em Vitória, mas vota em Linhares, onde nasceu
Breno Basseti Alexandre, 19 anos, votará em Linhares e afirma que a pandemia vai influenciar na escolha do candidato. (Arquivo Pessoal)

Sobre esse critério, o estudante Breno Basseti Alexandre, 19 anos, é enfático: "Candidato que não usou máscara na pandemia não vai ter meu voto". Para ele, a norma, que é regra básica nos cuidados para reduzir a disseminação do vírus, vai ter um peso grande no voto.

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São nas pequenas atitudes, como usar máscara, que a gente percebe se aquele candidato se preocupa mesmo com as pessoas, com o povo que pretende representar. Não pretendo votar em quem se pautou por ideologias e não seguiu as orientações dos órgãos de saúde

Breno Basseti Alexandre
Estudante
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A pandemia também vai influenciar o voto de Isabelle Mafessoni de Souza Ferreira, 18 anos. A estudante, contudo, pretende priorizar candidatos em Vila Velha que se preocuparam em apresentar propostas para desempregados.

"Pode ser que a pandemia não acabe agora. Então, vou considerar a capacidade de cada candidato em ajudar e fazer algo para ajudar as pessoas. Tenho familiares que perderam o emprego e sei o quanto isso está sendo difícil", diz.

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