“Instituições envergaram, mas não quebraram”. Essa é a avaliação feita pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), do cenário de disseminação de ódio contra as instituições que culminou nos ataques ao Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), por parte dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (8).
Em entrevista à Globo News na manhã desta terça-feira (10), após reunir-se, em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os demais governadores brasileiros na noite de segunda (8), Casagrande pontuou que, apesar dos movimentos golpistas, o momento é diferente de 1964, e as instituições provaram que estão funcionando.
Ele observou, entretanto, que houve uma sequência de falhas que permitiram que a situação escalasse ao ponto que chegou no fim de semana e que cabe às investigações indicarem se as falhas foram de agentes das forças de segurança ou de quem estava no comando da segurança pública do Distrito Federal.
“Mas é claro que houve falhas. Essas falhas levaram o governador (Ibaneis Rocha, do DF) a exonerar o secretário de segurança (Anderson Torres), mas essas falhas também levaram o ministro Alexandre de Moraes a afastar o governador.”
Ibaneis Rocha foi afastado do cargo de governador do Distrito Federal por no mínimo 90 dias, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na madrugada de segunda-feira (9). Moraes tomou a decisão no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, do qual é relator.
Ainda durante a invasão aos prédios dos Três Poderes, Ibaneis anunciou que iria exonerar seu secretário de Segurança, Anderson Torres. Ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), Torres está de férias em Orlando, nos Estados Unidos, mesmo local em que o ex-mandatário está hospedado.
O governo federal afirmou que os atos terroristas haviam sido anunciados nas redes bolsonaristas. O ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino, disse que o governo do Distrito Federal tinha conhecimento das movimentações e que havia sido alertado para tomar medidas. Vídeos registrados no dia dos ataques mostram policiais do DF escoltando os golpistas rumo à Praça dos Três Poderes e, depois, de agentes de segurança tirando fotos com os vândalos.
Horas antes do afastamento de Ibaneis, e ainda em meio aos ataques, o presidente Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Na manhã de segunda (9), o governo do Espírito Santo anunciou que colocou 25 policiais militares do Estado à disposição do governo federal, para reforço da segurança em Brasília.
Embora considere a situação mais tranquila na capital brasileira neste momento, Casagrande declarou que ainda não há prazo para retorno dos agentes ao Estado. “Com a manutenção das forças de segurança, os policiais cedidos poderão retornar, mas não foi definido um prazo ainda.”
O Fórum dos Governadores se encontrará novamente com o governo federal em 27 de janeiro, mas, desta vez, para discutir os pleitos de cada Estado.
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