A organização social Instituto Solidário, com sede na Praia do Suá, em Vitória, foi alvo do mandado de busca cumprido no Espírito Santo durante a operação que afastou Wilson Witzel (PSC) do governo do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (28). O instituto administra o Hospital Estadual Getúlio Vargas e a UPA da Penha, no Rio de Janeiro.
A organização é citada na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo os procuradores, ela teria participado de um processo seletivo para a escolha do novo gestor do Hospital Zilda Arns, no Rio de Janeiro, apenas para "dar ares de legalidade ao processo". A defesa do instituto nega qualquer irregularidade.
O Ministério Público registrou que o instituto contestou o resultado da licitação, vencida pela Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Mutuípe, mostrando-se, mais uma vez, interessado na disputa. No recurso apresentado, contudo, o Instituto Solidário encaminhou documentos que dizem respeito a outro processo de seleção, para a gestão do Hospital Padre Anchieta.
A denúncia tem como base a delação premiada do ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos. Segundo o delator, a Associação de de Mutuípe, que tinha Gothardo Lopes Netto como sócio oculto, beneficiou-se de direcionamento no edital e teve informações privilegiadas para vencer o certame.
"A fraude, contudo, é tão nítida que o Instituto Solidário, em sua impugnação, faz referência a outro processo de seleção, do Hospital Padre Anchieta", escreve a PGR.
A entidade não está entre os denunciados no esquema, mas, para os investigadores, a organização social capixaba associação privada sem fins lucrativos que presta serviço ao Estado é "mais uma favorecida pelo grupo criminoso, a quem também foi direcionada uma licitação a mando de Edson Torres e Victor Hugo Barroso. Assim, a impugnação serviu apenas para dar cobertura ou verniz de legalidade a uma seleção fraudada".
Edson e Hugo são aliados e apontados como operadores do Pastor Everaldo, que foi preso na operação.
Pessoas que trabalham perto do prédio em que o Instituto Solidário está localizado, em Vitória, relataram a presença de agentes da PF na sexta-feira.
A operação também prendeu o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro Lucas Tristão, que é capixaba e considerado braço direito de Wilson Witzel. Ele conheceu o governador, quando Witzel deu aulas de Direito na UVV, em Vila Velha, entre 2005 e 2008. Após ser procurado e não encontrado, Tristão se apresentou à Polícia Federal, ainda no Rio, no mesmo dia da deflagração da operação.
De acordo com o advogado Ludgero Liberato, que defende o Instituto Solidário, nada foi apreendido na sede. Ele afirma que tem plena convicção de que a apuração dos fatos irá demonstrar que nem a organização social ou qualquer pessoa ligada a ela praticou quaisquer dos fatos que lhe foram atribuídos na delação.
O advogado destaca ainda que há prova que o instituto detinha requisitos para vencer o certame, como foi reconhecido no processo investigatório. O instituto irá colaborar com as investigações prestando todos os esclarecimentos que forem necessários à elucidação dos fatos.
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