Na primeira visita ao Espírito Santo desde que assumiu o mandato, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não inovou no discurso. Repetiu frases feitas que tem apregoado em eventos públicos, como "sou imorrível, imbroxável e incomível". Já ao falar da pandemia de Covid-19, tema que rende ao chefe do Executivo federal uma CPI no Senado e a baixa nos índices de popularidade, o presidente admitiu erros, não mencionados por ele, mas logo emendou:
"Muitas vezes dói ouvir certas palavras, mas isso nos conforta. Somos humanos e erramos, mas jamais errei por omissão. Desde o início estive com vocês, nas comunidades mais pobres, sendo criticado. Mas preferi estar ao lado do povo, mesmo sabendo que tem um vírus mortal", afirmou, nesta sexta-feira (11), no palanque em São Mateus, Norte do Estado, onde inaugurou casas do programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida).
"Estar ao lado o povo" é como o presidente se refere aos eventos com aglomeração e raro uso de máscara que tem promovido em vários Estados do país, inclusive agora, no Espírito Santo. São atitudes que facilitam o contágio pelo novo coronavírus e contrariam autoridades sanitárias, como o próprio Ministério da Saúde.
A CPI da Covid apura ações e omissões do governo federal no combate à Covid-19 e também o uso de verba federal por parte de Estados e municípios.
Enquanto é alvo de críticas por ter demorado a encomendar vacinas, como ao ignorar diversos e-mails da americana Pfizer, o presidente voltou a defender o uso da hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a doença.
"Fui acometido pelo vírus e tomei a hidroxicloroquina. (mito, mito, gritou a plateia). Talvez eu tenha sido o único chefe de Estado que procurou um remédio para esse mal, tinha que aparecer alguma coisa. Ouvi pessoas que tinham conhecimento sobre o caso, mas quando falei que poderia ser bom, a oposição abriu guerra contra a gente. Não sou cabeça dura, mas sou perseverante, enfrento desafios. Sou imorrível, imbroxável e incomível", prosseguiu.
Ao contrário do que disse Bolsonaro, o primeiro chefe de Estado a defender publicamente o uso da cloroquina foi o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Depois, no entanto, o americano apostou na estratégia de comprar vacinas, o que tem sido seguido pelo atual presidente de lá, Joe Biden.
Ainda no palanque em São Mateus, o presidente voltou a citar as Forças Armadas.
"Eu não fechei comércio, não tirei o ganha pão de ninguém e jamais decretaria toque de recolher. Sou chefe das forças armadas, mas jamais irão às ruas para mantê-los em casa. Elas só irão às ruas para garantir a liberdade e o bem maior previsto na Constituição Federal."
O governador Renato Casagrande (PSB), que recorrentemente critica o presidente, principalmente em relação à postura em meio à pandemia, não foi convidado para o evento.
Ao lado de Bolsonaro, estavam, entre os aliados locais, a maioria sem máscara: os deputados federais Neucimar Fraga (PSD), Da Vitória (Cidadania), Soraya Manato (PSL) e Evair de Melo (PP) – esse usava máscara. Também entre os presentes estavam o ex-senador Magno Malta (PL) e o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido).
O anfitrião foi o prefeito de São Mateus, Daniel da Açaí (PSDB), que rasgou elogios ao presidente e até cantou em homenagem a ele.
Bolsonaro chegou ao Espírito Santo por volta de 10h20, no Aeroporto de Vitória. Lá, reuniu-se com autoridades numa sala vip e depois cumprimentou apoiadores que o aguardavam em um cercado, do lado de fora. O presidente sobrevoou as obras do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, e as da BR 447. Depois, seguiu para São Mateus, onde inaugurou casas populares de um residencial que começou a sair do papel ainda em 2012.
Após sair de São Mateus, o presidente fez uma parada que não estava prevista, em Aracruz, ainda no litoral norte do Estado.
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