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Jingles para prefeito da Grande Vitória vão da pisadinha ao gospel

Jingles para prefeito da Grande Vitória vão da pisadinha ao gospel

A Gazeta reuniu as composições lançadas pelas campanhas em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 16:46- Atualizado há um dia

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Ainda que nem todo cidadão se interesse pelo período eleitoral, é fato que essa época transforma a cara e o clima da cidade. Afinal, ao circular pelas ruas, é inevitável se deparar com panfletos, santinhos, bandeiras, wind banners e com os próprios candidatos em agendas de “corpo a corpo” com os eleitores. Toda essa atmosfera, porém, só fica completa com sua trilha sonora própria: os jingles de campanha.

O papel desse importante elemento do marketing político vem sofrendo transformações. Antes pensados com foco nos eventos de rua, execução em carros de som e na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, hoje os jingles também precisam embalar, por exemplo, os vídeos dos candidatos nas redes sociais.

“As músicas têm papeis importantes para marcar os momentos de campanhas. Jingles de rua são feitos para animar a mobilização e dar cor aos eventos. Músicas no início são para trazer empatia e, ao fim da campanha, para motivar eleitores”, pontua Marcelo Vitorino, professor de marketing político da ESPM.

“Cada candidatura precisa pensar em quais públicos quer abordar em cada momento de campanha, e o meio que essa conexão se dará. Uma música de rua não tem tanto apelo em programas de televisão e a recíproca é verdadeira”, acrescentou ele, que também é consultor de marketing político para campanhas, mandatos e governos, com mais de 20 anos de experiência.

Na Grande Vitória, os jingles vão das letras mais simples e repetitivas às composições mais longas e elaboradas. As canções também têm elementos de diversos gêneros musicais, como funk, sertanejo, piseiro e gospel. Além disso, algumas são paródias de músicas conhecidas, enquanto outras repetem elementos de jingles antigos.

A Gazeta reuniu as peças lançadas pelos candidatos de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra e convidou um especialista para ouvir e avaliar as peças dos postulantes ao comando do Executivo da Capital. Confira abaixo:

Vitória

Como acontece em outras cidades, a campanha de Assumção (PL) conta com uma versão de um jingle feito para o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, paródia do brega funk “Combate”, de Aldair Playboy e MC WM. Na versão local, o “Vota, vota e confirma, 22 é Bolsonaro” tornou-se “vota, vota e confirma, 22 é Assumção”. “Assumção usa praticamente um jingle de rua, apenas com marcação de número, sem evidenciar o que a candidatura representa”, pontuou Marcelo Vitorino.

Com foco na figura feminina e evocando um desejo de renovação, o jingle da candidata do Psol diz: “A voz da mudança tem nome forte: Camila Valadão 50. Eu decido agora, uma mulher vai fazer história”. O clipe alterna imagens de Vitória, da candidata e da performance do grupo que executa o jingle.

O jingle de João Coser (PT), por sua vez, remete à época de seus dois mandatos à frente da Prefeitura de Vitória (de 2005 a 2013): “Vitória merece o melhor, a Vitória do amor e da comunhão, a Vitória que sempre viveu na Vitória do João”. A composição também relembra o enfático grito de “João!”, usado em sua campanha vitoriosa de 2004.

“Os jingles de Camila e João seguem a linha mais melódica, com letras mais bem trabalhadas do que os demais. A primeira vende esperança com diferenciação de ser a única candidata feminina; já o segundo, vende um resgate”, avaliou o especialista.

Com ênfase em pedidos de mudança, Du (Avante) lançou um jingle que aposta em seu slogan de campanha (Acelera, Vitória!) e inclui o nome do vice, Coronel Wagner (PRTB) que, segundo a campanha, caso a chapa seja vencedora, será uma espécie de “co-prefeito”. Para Vitorino, Du “apostou em uma música que fala da cidade, e o vende pouco, com letra sem muita inspiração”.

O jingle do candidato à reeleição, Lorenzo Pazolini (Republicanos) ressalta feitos da atual gestão e pede a continuidade do trabalho: “Suas promessas ele cumpriu com vigor, Pazolini cuidou da cidade com amor”. “Pazolini traz uma mensagem de manutenção e continuidade, mas vende pouco os benefícios que essa continuidade proporciona”, considera o professor de marketing político.

Ainda segundo Marcelo Vitorino, o candidato Luiz Paulo Vellozo Lucas, por sua vez, “projeta o futuro em sua música, com uma marcação de número bem evidente”. O refrão do ex-prefeito (de 1997 a 2005) destaca: “volta, Luiz Paulo, meu voto é 45. Agora chegou a hora, meu voto é 45” em um marcado ritmo de samba, gênero musical que conta com a notória preferência do político.

Vila Velha

Em ritmo de forró, o jingle do candidato à reeleição Arnaldinho Borgo (Podemos) garante que ele “fez o que ninguém fez” e pretende ser uma resposta a adversários que o teriam chamado de “menino” na campanha de 2020, quando entrou na disputa aos 37 anos. “Arnaldinho é do povo, quero o menino de novo”, diz a letra.

Assim como os demais candidatos do PL na Grande Vitória, Coronel Ramalho tem sua própria versão do jingle-paródia de Bolsonaro: “Vota, vota e confirma, Ramalho é 22”. Sua versão, mais elaborada, também conta com o slogan da campanha: “Pra viver de verdade”.

Focando em destacar o número do PT, o jingle de João Batista Babá resume: “É 13, é 13, é 13, nossa gente merece respeito. Vila Velha abraçou Babá, é 13, é Babá prefeito”.

Gabriel Ruy (Mobiliza) informou que não produziu jingle de campanha. A assessoria de Mauricio Gorza (PSDB) não divulgou jingle nas redes sociais e não respondeu o contato de A Gazeta. Professor Nícolas Trancho (Psol) informou que seu jingle, em parceria com uma candidata a vereadora, está em produção, mas a composição não foi divulgada até o fechamento da reportagem.

Cariacica

A campanha de Célia Tavares (PT) apostou, nas redes sociais, em um funk que repete diversas vezes as frases “vem com a Célia”, “Célia prefeita de Cariacica” e “olha o 13”.

O jingle do candidato à reeleição, Euclério Sampaio (MDB), aposta em uma visão otimista da cidade: “Tá tudo dando certo, estamos no caminho, seguimos prosperando na superação”. Em ritmo animado e acelerado, a letra também exalta o município: “Cariacica é paixão”.

Com pedidos de mudança, também em um ritmo acelerado e em uma composição que remete ao axé, o jingle de Ivan Bastos (PL) promete: “Pra colocar Cariacica no mapa, pra ver minha cidade crescer, quero me orgulhar dessa cidade, com Ivan Bastos vai acontecer”.

Serra

A campanha de Antonio Bungenstab (PRTB) conta com um jingle geral do partido, focando no número da sigla, sem o nome do candidato, já que a composição também é usada por candidatos de outras cidades: “Todo mundo é 28 porque o povo leva fé”.

Ex-prefeito da Serra por três mandatos, Audifax Barcelos (PP) lançou, ao ritmo de modão sertanejo, um jingle que diz: “Audifax é 11, Audifax prefeito, o homem que trabalha com o coração (...) é o nosso futuro em boas mãos”.

Igor Elson (PL), além de sua própria versão do “Vota, vota e confirma” (“22 é Igor Elson”) de Bolsonaro, lançou um jingle que remete à música gospel, tanto no ritmo, quanto na letra. “Nós cremos em Deus, acreditamos na força do povo (...) a gente enche o peito e canta bem alto: Igor Elson, a mudança chegou”.

Surfando na onda de Pablo Marçal (PRTB), candidato em São Paulo, Pablo Muribeca (Republicanos) pede em seu jingle, ao som de piseiro: “faz o M da mudança”. Ele também aproveita o número do partido na letra: “Pra saúde ser 10, pra educação ser 10, é com Pablo Muribeca que eu vou”.

Professor Roberto Carlos (PT), por sua vez, se apoia na imagem do presidente Lula ao dizer no jingle “a Serra faz o L com você”. Em ritmo mais pro axé, a letra ainda diz que ele é "o candidato do Lula" e tem seu apoio.

Weverson Meireles (PDT), aposta de Sérgio Vidigal (PDT) para sua sucessão, lançou diversos jingles. O oficial começa aludindo à atual gestão: "A gente sente uma Serra diferente, tanto que se fez, tanto que se vê. Vidigal trabalhou, foi forte, mudou a nossa sorte, eu voto 12 outra vez". Em seguida, porém, a letra pede renovação: "É hora de se renovar, do nome certo pra votar não abro mão, Weverson é 12, eu tô com ele".

Outra das peças lançadas também aposta mais na citação ao atual prefeito: “Obrigado, Vidigal, que muito trabalhou. Obrigado, Vidigal, hoje a Serra tem valor. Obrigado, Vidigal, você é homem do bem. Você vota em Weverson e a Serra também".

Wylson Zon (Novo) foca em um pedido de renovação, aproveitando o trocadilho com a própria legenda: “Vira a chave para o novo, Wylson Zon 30 é gente da gente”.

Errata Atualização
27 de setembro de 2024 às 20:00

Inicialmente, a reportagem citou um dos jingles divulgados  Weverson Meireles (PDT) nas redes sociais. A equipe solicitou a inclusão da composição considerada oficial pela campanha. O texto foi atualizado.

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