O candidato a prefeito de Vitória João Coser (PT) afirmou, em entrevista ao Bom dia Espírito Santo, da TV Gazeta, nesta quarta-feira (25), que a situação econômica da Capital não é a mesma de quando ele assumiu a prefeitura anteriormente, destacando que a arrecadação, agora, é muito menor. O petista foi prefeito da cidade de 2005 a 2012.
A comparação foi feita quando o candidato foi questionado se pretendia aumentar salários dos servidores públicos, já que tem dito em entrevistas que é preciso ser "solidário" aos servidores por não "terem reajuste há oito anos." Coser afirmou que a arrecadação está menor e alfinetou seu adversário, Lorenzo Pazolini (Republicanos). O ex-prefeito também admitiu, na entrevista, que o PT, no cenário nacional, cometeu erros.
"Quando eu fui prefeito a economia estava crescendo muito, eu consegui dar o (aumento) da inflação todos os anos e até um reajuste. Atualmente eles estão há oito anos praticamente sem reajuste (...) naturalmente nós temos uma arrecadação muito menor. Eu vi o outro candidato falando que a cidade arrecada bem, mas a cidade tem um custo alto de manutenção, nós sabemos que não dá para prometer coisas. Eu vou fazer tudo com o orçamento aberto", disse.
O petista apontou, ainda, que no primeiro ano de gestão será difícil fazer investimentos e não respondeu de forma direta se pretende, portanto, dar reajuste aos servidores públicos. "O orçamento é Constituição. Fizemos no passado e faremos agora, com muita responsabilidade. Se não puder dar reajuste, nós não temos condição de dar reajustes", pontuou.
Mesmo tom que adotou ao falar sobre as promessas ligadas à educação. "Quando eu falo aqui, com a experiência que tive, eu falo em quatro anos. Eu me refiro muito pouco a 2021, porque tenho o sentimento de que será um ano muito desafiador, muito difícil. Nós vamos fazer escolas e unidades de saúde e colocar mais crianças em tempo integral, a nossa meta é avançar (...) vou me esforçar para construir novas unidades e ter todas as crianças na escola". Reafirmou, no entanto, que "se não tiver dinheiro, não tem como fazer", disse.
Para ter mais espaço nas contas, Coser afirma que não tem promessas de fazer grandes obras com recursos do município, mas garantiu que vai executar os projetos da atual gestão, que captou R$ 500 milhões em recursos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Coser elogiou o atual prefeito, Luciano Resende (Cidadania), pela capacidade de conseguir o financiamento, ainda em 2016.
"Vou executar integralmente o projeto. Talvez de tudo que o Luciano fez, esse tenha sido o maior acerto. Ele conseguiu R$ 500 milhões para escolas, unidades de saúde, baía noroeste, muitas coisas importantes. O prefeito que vencer a eleição vai chegar à prefeitura com um caixa que nós nunca tivemos", ressaltou.
Um dos pontos levantados na entrevista foi a relação do candidato com o Partido dos Trabalhadores. Coser foi questionado sobre como avalia o partido e se existe alguma autocrítica que pode ser feita à sigla em relação aos últimos anos. O PT teve seu nome envolvido em uma série de escândalos de corrupção, que levou à prisão de dirigentes e até do ex-presidente Lula. As prisões aconteceram no âmbito da operação Lava Jato.
O candidato afirmou que ajudou a construir o PT e defendeu o partido dentro do que "ele defende e prega para o país." O petista exaltou o tempo em que Lula foi presidente e ressaltou as vezes que usou o financiamento do governo federal, sob o governo Lula, para executar obras em Vitória.
"Sou do PT há 40 anos, ajudei a construir, é um projeto muito social, que pensa muito na vida das pessoas, quando tivemos as oportunidades tivemos emprego. No governo do presidente Lula, principalmente, o país cresceu muito, foi o melhor momento da nossa história, para quem tem a nossa idade, a sua, principalmente, então muitos acertos (...) O governo do Lula foi importante para mim, todas as obras que eu fiz aqui de drenagem, em Jardim Camburi, no Bairro República, Maruípe, foram obras do governo federal. Assim como saneamento básico, que não tinha na região mais pobre, ali em Santo Antônio e São Pedro", apontou.
A crítica feita foi às alianças partidárias fechadas pelo PT, "principalmente durante o último mandato da presidente Dilma." Coser criticou a aliança com o PMDB e a presença de personagens como o ex-ministro Geddel Vieira Lima no governo. Geddel foi ministro da Integração Nacional de Lula e vice-presidente da Caixa Econômica Federal no governo Dilma. Ele foi condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
"Talvez lá no último mandato da Dilma principalmente, colocaram pessoas que não deveriam ter colocado, alianças partidárias muito amplas, como aquela do PMDB, a questão de uma pessoa como Geddel Vieira Lima estar no governo, nós sabemos a sua conduta, que não era correta. Questão de frouxidão nos últimos governos de compor com pessoas que não deveriam estar no governo. Eu consideraria esse o erro", disse.
Coser defendeu, no entanto, o "projeto do partido." "Temos 2 milhões de filiados, no meio você pode ter problema de ordem pessoal, mas o que o partido prega e deseja para a sociedade brasileira é muito importante. Eu afirmo aqui de coração, com o amor que eu tenho pela cidade e pelas pessoas. Nós sempre defendemos o mais pobre, o mais necessitado. Aquele que precisa de oportunidade. O PT existe para isso", pontuou.
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