Em entrevista publicada nesta quinta-feira (7), o Estadão afirma que o senador capixaba Marcos do Val (Podemos) admitiu que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado a campanha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para presidente do Senado, no início de 2021. Procurado por A Gazeta, o senador negou que tenha recebido valores em troca do apoio à eleição de Pacheco.
Segundo o Estadão, Do Val ainda disse ter sido informado da “gratidão” pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), responsável por articular a eleição do atual presidente da Casa.
Na entrevista publicada pelo Estadão, o senador negou que seu apoio à eleição de Pacheco tenha sido previamente acertado em troca de votos, mas afirmou o seguinte sobre as emendas ao orçamento secreto: “O critério que ele colocou para mim foi o critério de eu ter apoiado ele enquanto outros não apoiavam” e “eu achei até muito para eu encaminhar para o Estado, mas, como questão de saúde, eu não vou negar”, disse.
Em maio deste ano, o próprio Marcos Do Val informou à reportagem de A Gazeta que recebeu R$ 50 milhões para indicar em emendas do relator, popularmente chamadas de orçamento secreto.
Procurado por A Gazeta para repercutir as declarações dadas ao Estadão, o senador negou que tenha recebido verbas em troca do apoio à eleição de Pacheco. Segundo o senador, a recompensa pelo seu apoio à eleição do presidente do Senado foi a presidência da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado, da qual ele declinou em favor do então colega de partido Reguffe (atual União Brasil-DF).
"A presidência da Comissão de Transparência que eu passei para o Reguffe. Essa foi a recompensa pela eleição do Pacheco, porque todo o meu partido foi apoiar a Simone Tebet (MDB-MS)", garantiu Do Val em entrevista para A Gazeta.
Questionado sobre a troca de apoio à eleição pela indicação de emendas ao orçamento secreto, o senador capixaba assegurou que "Rodrigo Pacheco jamais faria isso". "Coloco a minha mão no fogo. Isso não tem nada a ver com ele", garantiu.
Em nota enviada à imprensa, o senador reiterou esse posicionamento.
"Só posso acreditar que fui mal interpretado quando concedi uma entrevista por telefone. Jamais houve qualquer tipo de negociação política para a eleição do Presidente Rodrigo Pacheco que envolvesse recursos orçamentários. Afirmo com toda certeza que jamais aconteceu. Fiz referência a existência de critérios no Senado para indicações transparentes de recursos por Senadores, inclusive elogiando a postura do Presidente Pacheco nesse sentido. Sobre as específicas indicações que fiz de emendas orçamentárias desde que assumi o mandato, isso é uma prerrogativa parlamentar, totalmente licita, transparente, um compromisso que assumi quando eleito para ajudar o meu Estado e seus municípios. Reforço mais uma vez, que todo o recurso orçamentário recebido foi destinado ao Espírito Santo e por iniciativa própria sempre foram informados na sua integralidade ao Ministério Público do ES. Peço desculpas por eventual mal entendido."
Somados aos R$ 50 milhões indicados por Do Val, os oito parlamentares capixabas que confirmaram a indicação de emendas ao orçamento secreto destinaram R$ 135.204.931,17 em indicações ao relator-geral do Orçamento da União nos exercícios de 2020 e 2021. O orçamento secreto tem sido utilizado pelo governo federal para angariar apoio do Congresso Nacional nas votações.
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