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Justiça prorroga prisão de secretário, empresário e servidores em Fundão

Justiça prorroga prisão de secretário, empresário e servidores em Fundão

Operação investiga um esquema de superfaturamento de compra de peças e serviços mecânicos na Secretaria de Transportes da cidade. Há indícios de que um mesmo veículo recebeu serviços semelhantes em um intervalo curto de tempo

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 17:47

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Operação Bate-Estaca investiga superfaturamento de contratos em Fundão. (Divulgação)

A Justiça prorrogou nesta segunda-feira (27) por mais cinco dias a prisão do secretário de Transportes e Serviços Urbanos de Fundão, Aílson Abreu Ramos, detido na última quinta-feira (23), durante a operação Bate-Estaca. O secretário é acusado de superfaturar contratos para a compra de peças e a realização de serviços no município. A prisão, agora, tem validade até o próximo sábado (1º).

A prorrogação foi deferida pela juíza Priscila de Castro Murad, da Vara Única da Comarca de Fundão, a pedido do promotor do município, Egino Rios, que coordena a operação. Além do secretário, também foram prorrogadas as prisões do empresário responsável por emitir as notas fiscais com valores supostamente superfaturados, Castelo Branco dos Santos Coutinho; e dos servidores que teriam participado do esquema: Marcelo Correia, Jociana Miranda Ambrosino e Paulo Alves Bezerra. Os quatro servidores já foram exonerados por recomendação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

A promotoria investiga agora os documentos apreendidos durante a operação. Foram feitas buscas na sede da secretaria em Fundão e nos endereços da empresa contratada, na Serra e em Cariacica. Também estão sendo ouvidos os servidores detidos. O processo tramita em segredo de Justiça.

De acordo com a representação, a empresa de Castelo Branco emitiu mais de cem notas fiscais em um intervalo de três meses com custo total de R$ 476,5 mil. Os valores chamaram a atenção do MPES, que descobriu indícios de que muitos serviços não foram realizados em sua totalidade. Além disso, o órgão constatou que a empresa realizava serviços semelhantes em um mesmo veículo em intervalo curto de tempo.

Há casos em que, em uma semana, um mesmo carro foi consertado pelo mesmo problema a valores superfaturados. A prefeitura chegou a cancelar notas com indícios de superfaturamento antes da deflagração da operação. A empresa, criada e contratada poucos dias antes do secretário tomar posse, tem como atividade principal a construção civil e não apresentava histórico em prestação de serviços de manutenção de máquinas e automóveis.

ESQUEMA

A operação prendeu, temporariamente, cinco pessoas: o secretário de Transporte e Serviços Urbanos, Aílson Abreu Ramos; o dono da empresa Santos & Coutinho Manutenção e Serviços, Castelo Branco dos Santos Coutinho; o gerente de máquinas e serviços Paulo Alves Bezerra; o gerente de gestão de frota municipal, Marcelo Correia; e a coordenadora da unidade administrativa regional de Praia Grande, Jociana Miranda Ambrosino.

Operação Bate-Estaca investiga superfaturamento em contratos em Fundão. (Divulgação)

De acordo com a medida cautelar, Castelo Branco, o empresário, frequentava a prefeitura e a secretaria para verificar se havia serviços a serem feitos. Em seguida, o gerente de máquinas e serviços, responsável por cuidar da manutenção do maquinário, indicava as peças que precisavam ser compradas e os consertos que eram necessários. O gerente de gestão de frota e a coordenadora da unidade eram responsáveis por solicitar o pedido no sistema de contratação da prefeitura, que precisava ser aprovado pelo secretário.

O Ministério Público, por meio da Promotoria de Fundão, acredita que os serviços, contratados a partir de dezembro de 2018, não foram executados em sua totalidade pela empresa contratada. A prefeitura foi notificada para que o secretário e os servidores sejam afastados do exercício dos cargos. Os quatros homens presos foram encaminhados para o Centro de Detenção Provisória de Aracruz (CDPA) e a mulher para o Centro Prisional Feminino de Colatina.

Operação Bate-Estaca: máquinas continuavam quebradas mesmo após pagamentos superfaturados pela prefeitura. (Divulgação)

OUTRO LADO

Em nota, a administração diz que o prefeito Pretinho Nunes (PDT) está aguardando as apurações e reitera que não tem conhecimento algum acerca das supostas irregularidades. Os quatro servidores investigados foram exonerados, conforme notificação do MPES ao município. O município também foi questionado sobre a apuração das irregularidades após as notas canceladas em março, mas não se manifestou sobre este tema.

A defesa do empresário Castelo Branco dos Santos Coutinho diz que irá se manifestar em um momento mais oportuno, já que o caso ainda tramita em segredo de Justiça. A reportagem tenta contato com o advogado do secretário Aílson Abreu Ramos, mas não obteve retorno. Ainda não foi possível localizar a defesa dos servidores presos na operação.

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